Assim como em outras indústrias, a preocupação com a sustentabilidade é um movimento que vem ganhando força no setor de saúde. Um indicador disso é o maior engajamento dos gestores de instalações hospitalares com estratégias que promovam melhoria do desempenho ambiental, elevem a eficiência operacional e fortaleçam a resiliência das instituições diante de crises climáticas e econômicas. Essas ações também contribuem para aprimorar a reputação das organizações e o relacionamento com diferentes partes interessadas.
Por que a sustentabilidade em hospitais é essencial para o setor de saúde?

A adoção de estratégias de sustentabilidade em hospitais é algo muito bem-vindo, ainda mais quando considerados os impactos ambientais que essas instalações geram.
Para começar, há o intenso volume de geração de resíduos. Estima-se que os hospitais brasileiros gerem entre 1,5 a 3 kg de resíduos por leito por dia, dependendo do porte e da especialidade da unidade. Desse total, cerca de 20% dos materiais descartados são classificados como perigosos, exigindo tratamento especial para evitar contaminações. É possível citar, ainda, a operação 24 horas por dia, intensiva no consumo de energia e água. Tudo isso contribui para que o setor de saúde seja responsável por cerca de 4.4% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo dados da Health Care Without Harm.
Cientes dessa realidade, alguns hospitais já possuem planos de descarbonização ambiciosos e certificações que atestam a eficácia de suas ações ambientais. Em São Paulo, dois exemplos são o Hospital Albert Einstein e o Hospital Sírio Libanês. Ambos já se comprometeram publicamente com metas de neutralidade de carbono e certificaram suas instalações, ou parte delas, com o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design).
Sustentabilidade em hospitais: os benefícios das certificações
As certificações ambientais permitem às empresas se apoiarem em critérios objetivos para evitar o greenwashing (maquiagem verde) e as autoalegações. Por preverem a verificação por uma terceira parte, elas adicionam credibilidade e permitem avaliar e comparar produtos e empresas.
No segmento hospitalar, estes selos estão associados não apenas a benefícios ambientais, como também a vantagens econômicas e sociais. Entre elas, podemos destacar:
- Redução de custos operacionais como consequência de estratégias de eficiência energética e hídrica. Iniciativas como uso de energia solar, sistemas de condicionamento do ar eficientes e automação predial têm gerado economias significativas.
- Gestão adequada de resíduos. Além de ser uma exigência normativa, a implementação de práticas para descarte seguro e reciclagem de resíduos diminui a poluição e custos.
- Redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), contribuindo para o atingimento de metas climáticas corporativas e setoriais. Indústrias promotoras de grande impacto ambiental tendem a ser cada vez mais impactadas por regulamentações que versam sobre sustentabilidade e redução de emissões de carbono.
- Atração de investimentos. Certificações de sustentabilidade aumentam a confiança de investidores e parceiros, facilitando acesso a financiamentos verdes.
- Maior eficiência nos processos. A adoção de práticas sustentáveis melhora a gestão hospitalar e reduz desperdícios.
- Fortalecimento da reputação. Hospitais certificados são vistos como responsáveis e comprometidos com o bem-estar coletivo.
- Segurança e bem-estar de pacientes e colaboradores. Ambientes mais saudáveis e seguros, com melhor qualidade do ar, conforto acústico e iluminação natural, por exemplo, promovem recuperação mais rápida e menor incidência de doenças ocupacionais.
- Conformidade com exigências regulatórias. Estar alinhado com normas ambientais e sociais evita penalidades e melhora a governança institucional. Vale lembrar que uma gestão ambiental adequada é fundamental para hospitais e empresas de saúde que almejam a acreditação Joint Commission International (JCI). Desde 2024 a JCI incorpora exigências relacionadas à gestão ambiental hospitalar. Isso significa que, além de avaliar a segurança do paciente, a qualidade assistencial e a governança clínica, a JCI também considera aspectos como gestão de resíduos, eficiência energética e hídrica, uso de materiais sustentáveis e redução da pegada de carbono.
Certificações de sustentabilidade para instalações de saúde
- LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) — O LEED prevê o atendimento a itens mandatórios (pré-requisitos) e a obtenção de créditos opcionais. Trata-se do sistema de certificação de edificações mais utilizado em todo o mundo. A certificação pode ser aplicada para instalações novas, reformas ou hospitais já em operação. Ela avalia critérios como uso da água, energia, materiais, qualidade ambiental interna e inovação.
- EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiencies) — Consiste em um processo de certificação para green buildings (edifícios verdes) lançado em 2015 pela Internacional Finance Corporation (IFC), órgão do Banco Mundial. Acessível e ágil, o EDGE se concentra em três categorias: energia, água e carbono incorporado.
- WELL — Com foco na promoção de ambientes mais saudáveis e agradáveis a seus usuários, a certificação WELL é aplicável a edificações novas e existentes. O processo prevê submissão da documentação e verificação de performance pelo organismo certificador com testes laboratoriais in loco. A certificação é formada por itens mandatórios, que podem superar 50 critérios, e otimizações que concedem pontos conforme diferenciais do projeto e da operação. A auditoria presencial analisa uma série de testes, como parâmetros relacionados à qualidade da água e do ar.
- AQUA-HQE — De origem francesa, a certificação AQUA-HQE foi criada com foco no uso racional de água e energia, bem como na promoção de conforto aos usuários. No Brasil, o processo é conduzido pela Fundação Vanzolini. A certificação prevê auditorias presenciais ao longo do desenvolvimento do projeto e da obra para analisar o atendimento aos critérios de sustentabilidade.
- Fitwel — Um dos principais referenciais dedicados à saúde e ao bem-estar dos usuários de espaços construídos, o Fitwel se estrutura em mais de 70 estratégias que somam pontos quando implementadas. Embora seja amplamente utilizada em ambientes corporativos e residenciais, ela também pode ser aplicada a instalações hospitalares e de saúde, desde que atendam aos critérios definidos pela plataforma.
Como melhorar a sustentabilidade em hospitais?
O CTE presta consultoria para as mais diversas certificações ambientais e de sustentabilidade, trabalhando de forma integrada com as disciplinas de projeto, durante as etapas de concepção, obra e operação. Hoje, no Brasil, mais de 550 edifícios foram certificados por diferentes processos com o apoio da consultoria ou da auditoria do CTE.
Entre esses projetos, destaca-se o Centro de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein, certificado com o LEED BD+C nível Gold. Leia mais sobre esse projeto aqui.
Se quiser saber mais sobre a implementação de soluções sustentáveis em hospitais, entre em contato com os especialistas do CTE!
Autor
Juliana Nakamura
Jornalista formada pela PUC-SP, com pós-graduação em Mídias Digitais. Com mais de vinte anos de experiência, atuou em diversos veículos de comunicação, como O Estado de S. Paulo, UOL, Editora Pini e Casa Vogue. Especializada na cobertura de temas ligados à construção civil, mercado imobiliário, arquitetura e urbanismo, também desenvolve conteúdo para entidades setoriais e empresas. Desde 2020, colabora com CTE.


