Presente em 150 países, a certificação EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiencies) é o sistema de certificação para atestar a sustentabilidade de edifícios que mais cresce no Brasil.
Criado para facilitar o acesso aos selos de sustentabilidade, o processo vem sendo impulsionado principalmente pelo setor financeiro, que oferece taxas mais competitivas para os empreendimentos comerciais ou residenciais que detém o selo.
O Banco Itaú, por exemplo, já disponibiliza condições diferenciadas de financiamento aos empreendimentos certificados com o EDGE, tanto para o investidor, como para o comprador pelo programa Repasse Verde.
O que é a Certificação EDGE?
O EDGE é um processo de certificação para green buildings (edifícios verdes) lançado em 2015 pela Internacional Finance Corporation (IFC), órgão do Banco Mundial.
A iniciativa é resultado da constatação de que não há como atuar para reduzir as mudanças climáticas sem melhorar o desempenho dos edifícios. Com o EDGE, a IFC pretende democratizar o movimento de construção verde.
Isso porque, seja pela complexidade dos processos de certificação, seja em função dos custos envolvidos, ainda há muitos novos empreendimentos à margem das certificações ambientais.
Quais são as categorias avaliadas na Certificação EDGE?
O EDGE se concentra em três categorias — energia, água e carbono incorporado.
Na visão do Banco Mundial, essas áreas são as prioritárias para gerar um choque de eficiência rápido na operação dos edifícios.
Quais são as tipologias da Certificação EDGE?
O sistema EDGE é aplicável a todas as tipologias de projeto, incluindo residenciais, hospitais, edifícios de escritório e educacionais, comércio e hotéis.
De armazéns na África do Sul a edifícios de apartamentos na Colômbia, o EDGE vem gerando impactos positivos em todo o mundo.
No Brasil, uma série de empreendimentos com diferentes perfis já receberam o selo EDGE. Entre eles, o edifício Conselheiro Crispiniano, retrofit no centro da capital paulista, o Rooftop Canuto 1000, em Fortaleza, CE, e o YOU Harmonia, em São Paulo.
Outro case interessante é o da Leroy Merlin em Salvador, BA. A loja na capital baiana foi certificada com o EDGE Advanced, com reduções da ordem de 48% (energia), 30% (água) e 49% (materiais).
A certificação EDGE também se viabiliza em empreendimentos de padrão econômico. Um exemplo é o Bosque da Serra, em Taboão da Serra, na Grande São Paulo.
O condomínio composto por cinco torres da Paladin Realty Partners e do Grupo Kallas alcançou redução de 21% no consumo de energia, 26% no consumo de água e 71% de energia incorporada nos materiais.
“O EDGE veio para amplificar a construção sustentável no Brasil e no mundo, desmistificando a retórica de que prédios verdes são apenas para o alto padrão”, afirma Adriana Hansen, diretora técnica de Sustentabilidade do CTE.
Como funciona o processo de certificação?
O EDGE se dedica à análise do projeto e da construção entregue ao usuário.
Após a inserção dos dados em uma plataforma on-line, o projeto é submetido a uma primeira auditoria para a concessão de uma certificação preliminar.
Quando a obra chega ao fim, há uma nova auditoria documental e presencial para verificar se o que foi planejado foi executado dentro dos parâmetros do selo. Só então é emitida a certificação final.
Quais são as etapas da Certificação EDGE?
Ágil, o processo de certificação criado pela IFC envolve as seguintes etapas:
Projeto
- Entrada de dados do projeto na plataforma eletrônica
- Registro do projeto
- Submissão da documentação do projeto
- Avaliação de auditor
- Avaliação de entidade certificadora
- Obtenção da certificação preliminar
Construção
- Inserção dos dados as-built na plataforma
- Registro da documentação as-built do projeto
- Avaliação do auditor
- Verificação da entidade certificadora
- Conquista da certificação.
Quais são os diferenciais do EDGE?
A simplicidade e a agilidade são algumas características que diferenciam o selo EDGE de outras certificações para edifícios verdes.
Outras particularidades do processo criado pela IFC são o uso de uma plataforma on-line e de benchmarks regionais:
Plataforma on-line
Trata-se de uma plataforma web gratuita, com enfoque quantitativo, que funciona de modo semelhante a um software de simulação para mensurar as ações de sustentabilidade dos projetos.
Com interface intuitiva, a ferramenta pode, inclusive, ser acessada por projetistas para comparar o desempenho de diferentes estratégias.
Isso significa que, “mesmo que a empresa não tenha interesse em buscar a certificação do empreendimento, ela pode usar a plataforma para identificar o nível em que se encontra e ver como melhorar”, comenta Camila Orlando, consultora de sustentabilidade do CTE.
É possível inserir na plataforma dados diversos, da orientação solar, aos materiais de cobertura e fachada, passando pela especificação de luminárias, torneiras e sistemas de ar condicionado.
Em poucos segundos, o software faz os cálculos de consumo, compara os dados com o baseline e indica o percentual de economia.
Benchmarks regionais
A certificação EDGE adota benchmarks regionais como referência. Isso significa que o empreendimento certificado é comparado com outros edifícios da sua região e não com aqueles construídos sob uma realidade distinta.
Outro ponto positivo é que os referenciais mudam ao longo do tempo, absorvendo a evolução da tecnologia e fazendo com que a régua suba gradativamente, levando o mercado a se aprimorar.
Quais são os níveis da Certificação EDGE?
O EDGE trabalha com três níveis de certificação:
Nível certificado — Exige a comprovação de 20% de economia em energia, água e na energia incorporada aos materiais de construção. Tudo isso em comparação a um projeto-referência (baseline).
Nível avançado (EDGE Advanced) — Reservado para os projetos que obtêm 40% de economia ou mais em energia. Os projetos neste nível de certificação também são reconhecidos como Zero Carbon Ready.
Carbono Zero — Dedicado a projetos em operação, certificados no nível Avançado, que utilizam 100% de energia renovável ou que compram compensações de carbono.
Como adequar seu edifício à certificação EDGE?
O processo de certificação EDGE evidencia o quão positivas podem ser soluções de baixa complexidade e de amplo domínio técnico para a sustentabilidade.
O processo valoriza práticas, como as listadas a seguir:
Energia
- Revestimentos de fachada de cores claras, que absorvam menos calor, reduzindo o consumo de energia do edifício
- Iluminação eficiente, com lâmpadas de baixo consumo energético e leds
- Instalação de sensores de presença nas áreas comuns
- Adequada proporção de aberturas, de modo a favorecer a eficiência energética, sem perder o benefício da iluminação natural dos espaços
- Aquecimento solar de água
- Sombreamento externo
Água
- Instalação de vasos sanitários com acionamento dual-flush e de torneiras economizadoras
- Chuveiros de baixa vazão (quando entregues) ou recomendação de uso de dispositivos de baixa vazão no Manual do Proprietário
- Instalação de sistema de coleta de água da chuva para irrigação das áreas verdes
Materiais
- Lajes de concreto para pisos e cobertura
- Vedações com alvenaria com blocos vazados
- Caixilhos de PVC
- Sistema estrutural esbelto (concreto protendido, por exemplo).
Quanto custa obter a Certificação EDGE?
Além de envolver um processo de certificação mais veloz e simplificado, o EDGE requer investimentos mais baixos para o pagamento de taxas, auditoria e consultoria.
De acordo com cálculos do CTE, é possível obter uma certificação EDGE com cerca de ¼ do valor investido nos selos multiatributos mais tradicionais.
Por que buscar a Certificação EDGE?
A busca por certificações que atestem a sustentabilidade dos edifícios na fase de projeto e de operação é um movimento global crescente.
Há vários impulsionadores por trás dessa tendência, a começar pela necessidade de minimizar os impactos ambientais das edificações nas cidades, que não são poucos.
Para se ter uma ideia, somente a operação dos edifícios responde por 26% das emissões de gases do efeito estufa mundialmente, de acordo com o levantamento do EIA de 2023.
O interesse pelas certificações se deve, também, à necessidade de evitar o greenwashing e as autoalegações, permitindo aos consumidores avaliar e comparar produtos, empresas e empreendimentos.
Não se pode deixar de frisar, ainda, a maior sensibilização dos próprios usuários, que valorizam cada vez mais aspectos como eficiência, economia, sustentabilidade e conforto.
Como o CTE atua?
Líder no mercado de consultoria para green buildings, com mais de 400 empreendimentos certificados em diferentes processos, o CTE vem participando ativamente da expansão da certificação EDGE, sendo reconhecido pela IFC como EDGE Champion.
Esse título é designado às empresas que se destacam por sua liderança na promoção da descarbonização do ambiente construído em suas regiões. O CTE foi a primeira empresa brasileira a receber tal reconhecimento.
Nos últimos anos, o CTE tem apoiado as empresas na obtenção da certificação EDGE por meio de consultoria e auditoria. Graças à sua equipe altamente capacitada, composta por profissionais credenciados EDGE Experts, o CTE também oferece o curso EDGE in Company.
O objetivo é permitir que construtoras e incorporadoras capacitem suas equipes internas, reduzindo custos com a contratação de consultorias para certificar os projetos.
Quer saber mais sobre o portfólio de soluções EDGE? Entre em contato com o CTE!
Conclusão
O EDGE não compete com as outras certificações existentes no mercado. “Trata-se de mais uma alternativa no rol de processos disponíveis e que se diferencia por ser mais acessível”, explica Rafael Lazzarini, diretor de Sustentabilidade do CTE.
Com um processo mais simplificado, a certificação EDGE traz uma série de benefícios para diferentes stakeholders.
As incorporadoras certificadas, por exemplo, costumam registrar vendas mais rápidas, podem praticar preços mais altos e têm acesso a financiamento verde.
Segundo Adriana Hansen, diretora técnica de Sustentabilidade do CTE, “os proprietários e usuários de empreendimentos certificados se beneficiam diretamente com os custos operacionais mais baixos e da taxa de financiamento dos bancos que pode ser até 3% inferior”.
Há, ainda, os benefícios coletivos para a sociedade que ganha com a redução das emissões de gases do efeito estufa dos edifícios e, consequentemente, dos efeitos das mudanças climáticas.
