A busca por certificações que atestem a sustentabilidade dos edifícios na fase de projeto e de operação é um movimento global crescente. Por isso, há vários impulsionadores por trás dessa tendência, a começar pela necessidade de minimizar os impactos ambientais das edificações nas cidades, que não são poucos. Para se ter uma ideia, somente a operação dos edifícios responde por 33% das emissões de gases do efeito estufa mundialmente. Entre elas está a certificação EDGE.
O interesse pelas certificações se deve, também, à necessidade de evitar o greenwashing e as auto-alegações, permitindo aos consumidores avaliar e comparar produtos, empresas e empreendimentos. Não se pode deixar de frisar, ainda, a maior sensibilização dos próprios usuários, que valorizam cada vez mais aspectos como eficiência, economia, sustentabilidade e conforto.
O que é a Certificação EDGE?
Embora a procura pelas construções sustentáveis seja crescente, há muito o que avançar rumo à maior democratização desses selos.A realidade é que, seja pela complexidade dos processos de certificação, seja em função dos custos envolvidos, ainda há um grande volume de novos empreendimentos à margem das certificações tradicionais.
Foi pensando em contornar esse problema que, em 2015, foi criada a certificação EDGE (Excellence in Design for Greater Efficiencies). A iniciativa do Internacional Finance Corporation (IFC), órgão do Banco Mundial, é resultado da constatação de que não há como atuar para reduzir as mudanças climáticas sem melhorar o desempenho dos edifícios.
Voltado para as nações em desenvolvimento, o sistema EDGE está presente em 150 países. Ele é aplicável a todas as tipologias de projeto, incluindo residenciais, hospitais, edifícios de escritório e educacionais, comércio e hotéis.
O EDGE não compete com as outras certificações existentes no mercado. “Trata-se de mais uma alternativa no rol de processos disponíveis e que se diferencia por ser mais simples e acessível”, explica Rafael Lazzarini, diretor de Sustentabilidade do CTE, reforçando que o EDGE é direcionado a projetos que não comportam uma certificação mais robusta e multiatributos, como o LEED(Leadership in Energy and Environmental Design) e o AQUA, por exemplo.
Como funciona?
Diferente de outras certificações mais amplas, o EDGE se concentra em três categorias — energia, água e materiais. Na visão do Banco Mundial, essas áreas são as prioritárias para gerar um choque de eficiência rápido na operação dos edifícios.
O EDGE trabalha com três níveis de certificação. O Nível Certificado, mais usual, exige a comprovação de 20% de economia em energia, água e na energia incorporada aos materiais de construção em comparação a um projeto-referência (baseline).
Há, também, o Nível Avançado, reservado para os projetos que obtém 40% de economia ou mais em energia e, finalmente, o Carbono Zero. Esse último é emitido para projetos em operação, certificados no Nível Avançado, e que utilizam 100% de energia renovável ou que fazem compra de compensações de carbono.
Conheça qual o processo completo de certificação Edge.
Plataforma on-line
Uma particularidade do processo EDGE é o uso de uma plataforma web gratuita, com enfoque quantitativo, que funciona de modo semelhante a um software de simulação para mensurar as ações de sustentabilidade dos projetos.
Com interface intuitiva, a ferramenta pode, inclusive, ser acessada por projetistas para comparar o desempenho de diferentes estratégias. “Mesmo que a empresa não tenha interesse em buscar a certificação do empreendimento, ela pode identificar o nível em que se encontra e o que pode melhorar com relação aos requisitos de sustentabilidade por meio da plataforma,”, comenta Camila Orlando, consultora de sustentabilidade do CTE. Ela explica que a condição para obter a certificação, contudo, é a comprovação da redução de 20% em cada um dos três requisitos (água, energia e materiais).
É possível inserir na plataforma dados dos mais diversos, da orientação solar, aos materiais de cobertura e fachada, passando pela especificação de luminárias, torneiras e sistemas de ar condicionado. Em poucos segundos, o software realiza os cálculos de consumo, compara os dados com o baseline e indica o percentual de economia.
Benchmarks regionais
Um ponto interessante do EDGE é adotar benchmarks regionais como referência. “Isso significa que o empreendimento certificado é comparado com outros edifícios da sua região e não com aqueles que são construídos sob uma realidade distinta”, analisa Orlando.
“Outro ponto positivo é que os referenciais vão mudando ao longo do tempo, absorvendo a evolução da tecnologia e fazendo com que a régua suba gradativamente, levando o mercado a se aprimorar”, acrescenta Lazzarini. No momento, o referencial EDGE está em sua terceira versão.
O EDGE se dedica à análise do projeto e da construção entregue ao usuário, não considerando o processo de obra. Após a inserção dos dados na plataforma, o projeto é submetido a uma primeira auditoria para a concessão de uma certificação preliminar. Quando a obra chega ao fim, há uma nova auditoria documental e presencial para verificar se o que foi planejado foi implementado de fato. Só então é emitida a certificação final.
Além de envolver um processo de certificação mais ágil, o EDGE requer investimentos mais baixos para o pagamento de taxas e consultoria. Segundo cálculos do CTE, é possível obter uma certificação EDGE com cerca de ¼ do valor investido nos selos multiatributos mais tradicionais.
Como adequar seu edifício à certificação EDGE?
O receio de que as certificações de sustentabilidade possam exigir alterações nos projetos e tecnologias que impactem o orçamento das obras afasta muitos empreendedores das certificações de sustentabilidade.
É sabido, contudo, que é possível obter ganhos significativos de eficiência com intervenções simples e de baixo custo, desde que elas sejam adotadas no momento certo do desenvolvimento dos projetos.
O processo de certificação EDGE também mostra o quão positivas podem ser soluções de baixa complexidade e de amplo domínio técnico. O processo valoriza práticas, como as listadas a seguir:
Energia
Revestimentos de fachada de cores claras, que absorvam menos calor, reduzindo o consumo de energia do edifício
Iluminação eficiente, com lâmpadas eficientes e leds
Instalação de sensores de presença nas áreas comuns
Adequada proporção de aberturas, de modo a favorecer a eficiência energética, sem perder o benefício da iluminação natural dos espaços
Aquecimento solar de água
Sombreamento externo
Água
Instalação de vasos sanitários com acionamento dual-flush e de torneiras economizadoras
Chuveiros de baixa vazão (quando entregues) ou inclusão no Manual do Proprietário da recomendação de uso de dispositivos de baixa vazão
Instalação de sistema de coleta de água da chuva para irrigação das áreas verdes
Materiais
Lajes de concreto para pisos e cobertura
Vedações com alvenaria com blocos vazados
Caixilhos de PVC
Sistema estrutural esbelto (concreto protendido, por exemplo)
Camila Orlando, consultora de sustentabilidade do CTE, explica que os métodos construtivos convencionalmente utilizados no Brasil favorecem o atendimento do quesito materiais da certificação EDGE. “O processo se baseia essencialmente na quantidade de energia embutida na produção de cada componente. No país temos tradição no uso de concreto armado e conseguimos construir estruturas seguras com menor quantidade de materiais”, explica a especialista.
Por que buscar a certificação Edge?
Em todo o mundo, foram certificados mais de 520 projetos pelo processo EDGE. No Brasil, a certificação começou a ser aplicada mais recentemente. Mesmo assim, são mais de 20 empreendimentos certificados. Desse total, 60% dos projetos são residenciais.
O EDGE está ganhando tração, sobretudo diante do aumento dos instrumentos de incentivo para a construção sustentável. O Banco Mundial, por meio do IFC, criou uma linha de crédito, que já pode ser acessada pelos bancos brasileiros para financiar a construção de edifícios. Trata-se de um estímulo do mercado financeiro à sustentabilidade e às metas ESG (Environmental, Social and Governance) das empresas da cadeia produtiva da construção. Grandes instituições, a exemplo do Banco Itaú, já ofertam planos empresariais com taxas especiais para financiar empreendimentos certificados EDGE.
O processo simplificado e acessível do EDGE traz uma série de benefícios para diferentes stakeholders.
Conheça os benefícios da Certificação Edge para diferentes stakeholders.
Como o CTE atua?
Através da Unidade de Sustentabilidade, o CTE apoia seus clientes na obtenção da certificação EDGE atuando como consultoria ou auditoria.
Em seu portfólio, alguns projetos residenciais certificados com o EDGE se destacam, como o Bosque da Serra e o YOU Harmonia.
Situado em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, o Bosque da Serra é um condomínio composto por cinco torres de padrão econômico realizado pela Paladin Realty Partners e pelo Grupo Kallas. “Nesse projeto, iniciamos o processo de consultoria quando a obra estava sendo finalizada. O maior desafio, portanto, foi implementar as mudanças necessárias para o atendimento da certificação, sem grandes impactos no cronograma, no projeto e no custo da obra”, comenta Camila Orlando.
Entre as estratégias que contribuíram para a conquista da certificação em 2019 destacam-se a inclusão de arejadores nas torneiras, a especificação de lâmpadas led nas áreas comuns e a adoção de cores claras nas fachadas. Com isso, foi possível alcançar uma redução de 21% no consumo de energia, 26% no consumo de água e 71% de energia incorporada nos materiais.
Com uma arquitetura marcante em meio à boêmia Vila Madalena, o YOU Harmonia é composto por studios e apartamentos de 1, 2 e 3 dormitórios distribuídos em duas torres.
Visando o bem-estar dos ocupantes, o projeto valorizou o aproveitamento da luz natural e a oferta de áreas verdes. Para a conquista do certificado EDGE, contaram pontos ações como a pintura da cobertura de branco, a instalação de torneiras com arejadores, a orientação no Manual do Proprietário sobre a vazão ideal dos chuveiros, assim como a instalação de sistema de aquecimento solar de água.
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