A necessidade de reduzir custos operacionais, o aumento de pressões regulatórias sobre as emissões de carbono e a maior conscientização da sociedade quanto às mudanças climáticas são alguns motivos que impulsionam a busca pela energia verde em substituição aos combustíveis fósseis.
Esse movimento faz muito sentido, ainda mais se considerarmos dados como o da International Energy Agency, indicando que os edifícios foram responsáveis por 33,4% das emissões de carbono globais em 2022.
Desse total, mais de 70% refere-se ao carbono operacional, aquele emitido ao longo da vida útil das edificações.
No Brasil, o percentual de energia consumida associada às edificações é de quase 50%, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
O que é a energia verde e quais são os seus benefícios?

Fundamental para a transição para uma economia neutra em carbono, a energia verde refere-se às fontes energéticas renováveis, ambientalmente mais sustentáveis.
Para ser considerada uma energia verde, porém, não basta a fonte de energia ser renovável ou emitir poucos poluentes durante seu uso.
É necessário que todo o processo de geração e de distribuição também seja acompanhado de preocupações com a sustentabilidade.
Adotar uma fonte de energia verde gera benefícios significativos, tanto para o meio ambiente, quanto para a sociedade.
Além da contribuição para a redução de emissões de gases de efeito estufa, fundamental para o controle das mudanças climáticas, a energia verde:
- Reduz a poluição do ar e da água, colaborando para a saúde pública.
- Eleva a segurança energética ao diversificar a matriz.
- Pode proporcionar economias financeiras no longo prazo às empresas.
- Fomenta a inovação e a tecnologia.
- Reduz custos operacionais.
- Diferencia empresas no mercado, associando-as à sustentabilidade.
- Está mais alinhada com as estratégias ESG (Environmental, Social and Governance).
- Em empreendimentos, pode contribuir para a valorização do metro quadrado e para a redução da taxa de vacância.
Quais são as principais fontes de energia verde utilizadas em edificações?
Confira a seguir as principais fontes de energia verde utilizadas em diferentes tipos de edificações:
Energia solar
O Brasil ostenta um dos maiores potenciais de geração de energia fotovoltaica do mundo, algo próximo a 28 mil gigawatts.
Não é sem motivo, portanto, que essa é a solução de energia renovável mais encontrada nos edifícios que são autogeradores. A exploração da energia solar, no entanto, depende de sua disponibilidade.
Em alguns edifícios, como os que têm a cobertura sombreada por outros prédios, o aproveitamento dos raios solares pode ser inviável.
Energia eólica
Parques eólicos precisam ser localizados em áreas com ventos constantes e fortes, o que é um limitador para sua instalação.
Tanto é que a energia dos ventos encontra mais aplicações em projetos rurais e industriais, onde há espaço e condições de produção mais favoráveis.
Biomassa
Utiliza materiais orgânicos (resíduos agrícolas, florestais, industriais e urbanos) para produzir energia. Essa fonte pode ser utilizada para geração contínua, independentemente das condições climáticas.
Mas apesar de ser uma fonte de energia renovável, a biomassa não está isenta de emitir poluentes e gases de efeito estufa, ainda que em níveis menores em comparação aos combustíveis fósseis.
Energia geotérmica
É extraída de reservatórios de calor localizados abaixo da superfície da Terra. No Brasil, a energia geotérmica superficial vem sendo estudada como uma alternativa para climatizar ambientes, aquecer água de piscinas, banheiros e cozinha, reduzindo o consumo de energia elétrica em edifícios residenciais e comerciais, hotéis, hospitais, entre outros.
Energia hidrelétrica
Utiliza a força da água para mover turbinas que acionam um gerador de eletricidade. No Brasil, 87,9% da eletricidade consumida provém de hidrelétricas, segundo o Balanço Energético Nacional realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgado em 2023.
Embora apresente baixas emissões de CO₂, a construção de grandes usinas hidrelétricas pode causar impactos ambientais significativos, como o alagamento de extensas áreas, a perda de biodiversidade e o deslocamento de comunidades.
As pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e as mini PCHs são alternativas mais sustentáveis.
As PCHs, com capacidade entre 5 e 30 MW, e as mini PCHs, com potência inferior a 5 MW, utilizam reservatórios reduzidos ou até mesmo o curso natural dos rios, minimizando alterações no ecossistema.
Como os edifícios podem aproveitar as fontes de energia verde?
Os edifícios não precisam, necessariamente, ter uma infraestrutura própria de geração para acessar os benefícios da energia limpa. Existem diversas alternativas para utilizar eletricidade proveniente de fontes renováveis, mesmo sem geração on-site.
Uma das opções é adquirir participação em usinas de energia renovável, seja de forma individual ou por meio de consórcios.
Outra alternativa é a criação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) para autoprodução, permitindo a troca de ações ordinárias e preferenciais entre os participantes, garantindo maior previsibilidade de custos e acesso à energia limpa.
Além disso, é possível comprovar o uso de energia renovável por meio dos Certificados de Energia Renovável (RECs). No Brasil, o principal mecanismo desse tipo é o REC Brasil, que atesta que determinada quantidade de energia consumida por um edifício tem origem em fontes renováveis, contribuindo para metas ESG e redução da pegada de carbono.
Também há os I-RECS (International Renewable Energy Certificates), reconhecidos internacionalmente, ampliando a rastreabilidade e credibilidade da matriz energética utilizada.
Energia verde e as certificações ambientais

Instrumentos como os I-RECS têm feito com que a energia verde esteja cada vez mais acessível a diferentes perfis de consumidores.
Esses certificados são especialmente indicados para empresas que buscam reduzir ou neutralizar suas emissões de Escopo 2, que, conforme definição do GHG Protocol, referem-se às emissões indiretas provenientes da geração de eletricidade, calor ou vapor adquiridos e consumidos pela organização.
Recentemente, surgiu no Brasil o GAS-REC, um certificado voltado para o biogás e o biometano, que visa auxiliar na redução das emissões de Escopo 1, aquelas emissões diretas resultantes da queima de combustíveis fósseis nas operações da empresa. Embora promissor, o GAS-REC ainda está em discussão internacional quanto ao seu reconhecimento para abatimento das emissões.
Processos de certificação como o LEED Zero exigem a comprovação do uso de energia renovável por meio de certificados específicos.
A aquisição de certificados de energia renovável também beneficia projetos que buscam a certificação LEED EB: O&M (Existing Buildings: Operations & Maintenance).
Em São Paulo, o edifício Pinheiros One é um exemplo de uso de certificados de energia renovável para alcançar a neutralidade de emissões de carbono relacionadas ao consumo de energia.
Como líder em consultoria para green buildings no Brasil, o CTE apoia seus clientes no desenvolvimento de estratégias para adoção de fontes renováveis de energia e no monitoramento de geração e consumo durante a operação dos edifícios.
Além disso, o CTE oferece serviços especializados em inventários de carbono, auxiliando na quantificação e na gestão das emissões de gases de efeito estufa das organizações.
A consultoria do CTE também tem sido essencial para a conquista de certificações que atestam o compromisso com a redução das emissões de carbono.
Entre em contato para discutirmos como podemos auxiliar sua organização na jornada rumo à sustentabilidade e à neutralidade de carbono.