A necessidade urgente de controlar as mudanças climáticas tem impulsionado, em todo o mundo, ações para redução e mitigação de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Para apoiar essas iniciativas, uma ação elementar é inventariar as emissões de empresas, governos e organizações por meio de um padrão internacional consistente. Há diferentes metodologias para a realização desses estudos, entre as quais, a mais utilizada é a do GHG Protocol.
A descarbonização na construção civil é um tema de extrema relevância. Afinal, as etapas de construção e operação de edificações têm um impacto enorme nas emissões de gases do efeito estufa.
Para se ter uma ideia, globalmente, os edifícios são responsáveis por 38% das emissões, segundo dados da IEA (International Energy Agency). Esse valor contempla tanto as emissões operacionais, quanto as oriundas do consumo de materiais.
Há de se considerar, também, que as atividades da construção civil estão entre as que mais consomem recursos naturais, causam mudanças no solo e são intensas geradoras de resíduos. De acordo com o CBCS (Conselho Brasileiro de Construção Sustentável), o setor consome 75% dos recursos naturais, 20% da água nas cidades e gera 80 milhões de toneladas/ano de resíduos.
O que é o GHG Protocol?
O GHG Protocol consiste em uma iniciativa estabelecida em 1999 pelo World Resource Institute (WRI) e pelo World Business Council for Sustainable Development.
Os padrões do GHG Protocol cobrem todos os principais gases de efeito estufa e aplicam-se a diversos setores e tipos de emissões.
Eles foram formatados para serem utilizados por organizações de todos os tamanhos e setores, em qualquer lugar do mundo. O objetivo é proporcionar uma maneira consistente e comparável de medir as emissões de gases de efeito estufa e de criar relatórios sobre elas.
A metodologia do GHG Protocol é compatível com as normas da International Organization for Standardization (ISO) e com as metodologias de quantificação do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC).
No Brasil, o Programa Brasileiro GHG Protocol (PBGHG) foi desenvolvido pelo FGVces e pelo WRI em 2008, em parceria com outras instituições e 27 empresas fundadoras.
O Programa é responsável pela adaptação do método ao contexto nacional e por manter o Registro Público de Emissões, uma plataforma online que auxilia as organizações na publicação de seus inventários de emissões corporativas de GEE. Com mais de quatro mil inventários disponíveis, esta é a maior base de dados pública de inventários corporativos de gases do efeito estufa da América Latina.
Um aspecto interessante é que as informações geradas nos inventários GHG Protocol podem ser aplicadas em relatórios e questionários de iniciativas como Carbon Disclosure Project (CDP), Índice Bovespa de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e Global Reporting Initiative (GRI).
Quais são os escopos do GHG Protocol?
O GHG Protocol classifica as emissões de gases de efeito estufa em três grupos:
- Emissões de escopo 1 — São as emissões diretas, ou sejam liberação de GEE para a atmosfera como resultado direto das operações da própria empresa. Todos os combustíveis que produzem emissões de GEE devem ser incluídos nesse grupo.
- Emissões de escopo 2 — São as emissões indiretas, provenientes da energia elétrica adquirida para uso da própria companhia. Entram nessa categoria todas as emissões de GEE decorrentes do consumo de eletricidade, vapor, calor e refrigeração.
- Emissões de escopo 3 — São todas as emissões indiretas não incluídas no escopo 2 que ocorrem na cadeia de valor da empresa. As emissões de escopo 3 são, usualmente, as mais relevantes e significativas no setor da construção civil devido ao elevado consumo de materiais adquiridos para o desenvolvimento dos empreendimentos.
Princípios para contabilização e elaboração de inventários segundo o GHG Protocol
A contabilização, quantificação, elaboração e publicação de inventário de gases de efeito estufa no âmbito do GHG Protocol deve considerar cinco princípios: relevância, integralidade, consistência, transparência e exatidão.
No processo de elaboração de um inventário corporativo, o primeiro passo consiste em estabelecer as fronteiras para a contabilização das emissões de GEE. Isso envolve definir os limites organizacionais do estudo, incluindo operações e subsidiárias que compõem o negócio.
Também requer a definição dos limites operacionais do inventário, o que exige a identificação das emissões associadas às operações, classificando-as como emissões diretas ou indiretas. Há, ainda, a necessidade de definição do limite temporal e do ano-base.
Uma vez que os limites do inventário tenham sido estabelecidos, as organizações podem calcular suas emissões de gases de efeito estufa, de acordo com os seguintes passos:
- Identificação das fontes de emissão;
- Escolha da abordagem de cálculo;
- Coleta de dados e escolha de fatores de emissão;
- Aplicação de ferramentas de cálculo;
- Compilação de dados no nível corporativo;
- Elaboração do relato de emissões.
Por que é tão importante fazer um inventário de emissões?
A elaboração de um inventário de carbono é o primeiro passo para que uma organização possa contribuir para o combate às mudanças climáticas.
Trata-se de uma espécie de diagnóstico para identificar os pontos de melhoria, as maiores fontes emissoras de GEE nas atividades produtivas e a quantidade de emissões lançadas à atmosfera.
Conhecendo o perfil das emissões, é possível avançar, estabelecendo estratégias, planos e metas para redução e gestão das emissões de gases de efeito estufa.
Nesse sentido, o inventário de carbono, além de demonstrar a responsabilidade da empresa com a resolução de problemas que afligem a sociedade, confere transparência e possibilita atrair novos investimentos ou até mesmo planejar processos que garantam mais eficiência.
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