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Mudanças climáticas: confira estratégias para tornar as cidades mais resilientes

29 de janeiro de 2024

Com o agravamento dos efeitos das mudanças climáticas, o termo resiliência urbana passou a ser mais debatido. Ele se refere às cidades capazes de resistir, absorver, adaptar-se e recuperar-se dos efeitos de desastres de maneira eficiente, preservando suas estruturas básicas e funções essenciais para evitar perdas humanas e minimizar prejuízos patrimoniais.

Alguns números ajudam a dimensionar o agravamento das mudanças no clima. Segundo dados da Confederação Nacional de Municípios, mais de 25% das mortes decorrentes das chuvas intensas nos últimos dez anos ocorreram em 2022. Além disso, os prejuízos causados pelas chuvas no Brasil entre 2017 e 2022 passaram de R$ 55,5 bilhões.

Myriam Tschiptschin, gerente da Unidade Smart Cities do CTE, explica que embora a resiliência urbana esteja bastante associada às crises climáticas, ela envolve um conceito muito mais amplo. As cidades resilientes são aquelas que estão mais preparadas para lidar com as transformações de modo geral, sejam elas de ordem ambiental, social ou tecnológica.

Como diminuir a vulnerabilidade das cidades diante das mudanças climáticas?

múltiplas medidas que podem ser tomadas para tornar as áreas urbanas mais preparadas para lidar com os desafios impostos. 

A primeira delas é mapear os impactos relacionados ao bioma no qual a cidade se insere, com uma visão de médio e longo prazo. “Os impactos mudam de bioma para bioma. Isso significa que enquanto algumas cidades precisam se preparar para o aumento das chuvas, em outros lugares o problema pode ser a estiagem”, comenta Tschiptschin. 

Em São Paulo, por exemplo, o plano de ação climática do município (PlanClima SP) busca prevenir e reduzir danos provocados por chuvas intensas e ondas de calor. Por isso, as ações mitigatórias visam minimizar o efeito Ilha de Calor e melhorar o microclima, assim como prover uma infraestrutura de drenagem eficiente e sustentável.

Outras estratégias importantes, na visão de Tschiptschin, são a construção de fazendas urbanas, para minimizar eventuais falhas no abastecimento de alimentos, e a geração de energia renovável, que além de reduzir emissões de CO₂, diminui a dependência das concessionárias.

 

Árvores e distribuição de energia

A questão energética, aliás, é bastante crítica nas grandes cidades não apenas pela alta demanda por geração, mas também pela desorganização da infraestrutura existente, que eleva a suscetibilidade a apagões como o ocorrido na região metropolitana de São Paulo, no final de 2023. Na ocasião, ao menos 2,1 milhões de pessoas ficaram sem luz.

Também é imperativo um olhar mais cuidadoso para a gestão das árvores, uma vez que elas são essenciais para garantir melhores condições de microclima e drenagem. 

Mais do que oferecer sombra, as árvores contribuem para a qualidade do ar, colaboram para a umidificação e melhoram a sensação térmica em seu entorno, graças aos processos naturais de evapotranspiração e fotossíntese.

 

Estratégias low-tech e high tech

As estratégias para tornar as cidades mais resilientes são, em grande parte, do tipo low-tech, ou seja, não demandam alta tecnologia. Destacam-se, nesse grupo, o desenvolvimento de espaços públicos multifuncionais, flexíveis e adaptáveis, bem como as ações para recuperação e manutenção de ecossistemas.

A essas medidas podem ser incorporadas estratégias high-tech, por meio da inserção de tecnologias como a Internet das Coisas. 

Há inúmeros exemplos de aplicação de IoT para tornar as cidades mais resilientes, eficientes e seguras. Entre elas, os sensores para monitoramento das condições climáticas, alerta e alarme, para agilizar a tomada de decisões em situações de emergência, protegendo a população em áreas de risco.

 

A contribuição dos empreendimentos privados

Além dos gestores públicos, os empreendedores também têm um papel importante para tornar as cidades menos suscetíveis às crises climáticas. 

Condomínios e loteamentos, por exemplo, podem ajudar a minimizar o efeito das Ilhas de Calor, muito comum em áreas densamente urbanizadas. Para isso, uma recomendação é adotar, sempre que possível, superfícies claras em coberturas e pavimentos, favorecendo a reflexão do calor, em vez de retê-lo. As certificações ambientais, inclusive, dão atenção a esse item, conferindo pontuação para projetos com coberturas brancas ou vias com pavimentos mais claros.

Outra boa prática ainda mais significativa na escala do empreendimento é incrementar a vegetação, buscando gerar benefícios ecossistêmicos e ir além de questões estéticas. “Quando falamos em serviços ecossistêmicos, não nos referimos ao paisagismo puramente decorativo, mas à vegetação nativa, biodiversa e densa, com alto fator de biomassa”, esclarece Tschiptschin.

O empreendimento mixed-use O Parque (Gamaro), em São Paulo, adotou esse tipo de abordagem. Nesse caso, o paisagismo concebido por Ricardo Cardim é denso, biodiverso e integralmente composto por espécies nativas dos biomas presentes na cidade – Mata Atlântica e Cerrado, oferecendo uma ampla gama de serviços ambientais. Essa estratégia, inclusive está contribuindo para que o empreendimento alcance a certificação Sustainable Sites do GBCI (Mesmo certificador que o LEED).

Além da Sustainable Sites, outras certificações ambientais aplicáveis a empreendimentos de impacto urbano têm o aumento da resiliência como um dos objetivos, como a LEED ND (Neighborhood Development) e a LEED for Cities & Communities. Há, também, o selo Fitwel Community, que além de priorizar o cuidado com a saúde e o bem-estar das pessoas, estimula a capacidade da comunidade lidar com as transformações e crises.

O CTE Smart Cities presta consultoria técnica em projetos de impacto urbano e de infraestrutura nas áreas de sustentabilidade, tecnologia, inteligência e inovação. A Unidade também vem assessorando empreendedores privados na conquista de certificações ambientais. Entre em contato para falarmos mais a respeito e clique aqui para conhecer o nosso portfólio.

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