Sustentabilidade em data centers: como alinhar a operação aos critérios do GRESB?

A crescente demanda por armazenamento e processamento de dados, impulsionada pela digitalização em todas as esferas da sociedade, tem impulsionado o setor de data centers em todo o mundo. Só na América Latina, esse mercado deve ultrapassar os US$ 7,8 bilhões até 2026. Desse total, o Brasil é responsável por cerca de 40%.

Com o avanço das aplicações da inteligência artificial, a expectativa é a de que a demanda global por serviços de data centers triplique até o final da década, conforme análises da McKinsey.

Se por um lado essas instalações são fundamentais para viabilizar as atividades da vida contemporânea, por outro, elas também são grandes consumidoras de energia e água, além de gerarem impactos significativos no uso do solo e na comunidade em seu entorno. 

Tal pegada coloca em ênfase a necessidade de um comprometimento verdadeiro de desenvolvedores e gestores quanto à sustentabilidade em data centers.

Sustentabilidade em data centers: por que isso é essencial?

Consumo energético elevado — Data centers são instalações com robusto poder de armazenamento e processamento de dados, que operam sem interrupção, 24 horas por dia. Não é surpresa, portanto, que essas edificações demandem grandes quantidades de energia. 

Uso intensivo de água — Por trabalharem sem parar, os computadores precisam ser resfriados e mantidos em uma temperatura razoavelmente baixa. Daí o alto consumo de água dessas instalações.

Impacto da construção — Data centers ocupam um espaço físico grande para abrigar uma série de máquinas que, por sua vez, são produzidas a partir de derivados de minério de diferentes naturezas.

Pegada de carbono — Segundo relatório do Morgan Stanley, o setor global de data centers emitirá 2,5 bilhões de toneladas de CO₂ até 2030, principalmente em função do intenso consumo de energia e de materiais. 

Pressão regulatória e de mercado — Em todas as indústrias, a pressão por responsabilidade ambiental, social e governança (ESG) se intensifica. No setor de data centers isso não é diferente. As empresas proprietárias dessas grandes instalações têm sido cada vez mais cobradas por redução de emissões, sobretudo por parte de órgãos regulamentadores e governos, preocupados com o cumprimento de metas ambientais, e por investidores, para emissão de green bounds (debêntures verdes).

Redução de custos operacionais — Fatores ambientais, como eficiência energética e gestão de recursos levam à redução dos custos operacionais e ao aumento do valor da propriedade a longo prazo.

O que é o GRESB e como ele se aplica aos data centers?

Esse contexto tem feito o setor de data center se conectar, cada vez mais, com o GRESB (Global Real Estate Sustainability Benchmark), referencial dedicado a comparar o desempenho de veículos de investimento do mercado de real estate e de infraestrutura com relação às suas práticas ESG.

Em 2024, 41 entidades reportaram data centers às avaliações do GRESB, representando 842 ativos em todo o mundo. No geral, a participação de data centers aumentou 28% em 2024 em comparação com o ano anterior.

A mais recente avaliação do GRESB permitiu comparar o consumo médio de energia entre data centers e edifícios comerciais. O trabalho mostrou que a Intensidade do Uso de Energia (IUE), indicador que mede o consumo de energia por metro quadrado, ficou entre 1184 e 3095 kWh/m² nos data centers que reportaram dados à plataforma. Em escritórios, os mesmos índices variaram de 137 a 159 kWh/m². 

Para piorar, constatou-se que o consumo de energia dos data centers, em geral, está aumentando, refletindo o crescimento do setor. O uso médio de energia por ativo saltou de 59,6 milhões de kWh em 2020 para 76 milhões de kWh em 2024.

Impactos tão expressivos motivou o GRESB a criar um Grupo de Trabalho de Data Centers em parceria com a iMasons. O objetivo é desenvolver uma solução de avaliação personalizada para o setor.

“Em 2026, a GRESB e a iMasons devem incluir novas opções de avaliação que complementarão as normas existentes e fornecerão um conjunto de indicadores, métricas e ponderações mais específico para o setor”, explica Wagner Oliveira, diretor de Operação Sustentável no CTE.

As ferramentas GRESB ajudam a avaliar o desempenho ESG de companhias e fundos de forma padronizada e reconhecida globalmente. “Por ser muito objetiva, a avaliação tem sido valiosa para a implantação dos programas ESG, permitindo às empresas construir uma estratégia com metas claras visando resultados operacionais efetivos”, afirma o diretor do CTE.

Boas práticas para atender aos critérios do GRESB e elevar a sustentabilidade em data centers

Além da necessidade urgente de maximizar a eficiência energética, um dos caminhos para reduzir o impacto ambiental dos data centers é equipá-los com infraestrutura para produção de energia renovável, como a instalação de painéis solares ou turbinas eólicas.  Um desafio, porém, é o caráter intermitente dessas instalações, o que exige o uso de dispositivos de armazenamento de energia, como baterias, que também têm um custo ambiental a ser contabilizado.

Outra estratégia fundamental é implementar sistemas de monitoramento contínuo avançados para a gestão de recursos, permitindo que a equipe de TI identifique desperdícios e oportunidades de melhoria de eficiência.

Além disso, é altamente recomendável a busca por certificações ambientais reconhecidas como LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) ou a ISO 14001 (para Gestão Ambiental) e a ISO 50001 (para Gestão de Energia). Elas não apenas ajudam a estruturar melhores práticas operacionais, como funcionam como uma vantagem competitiva, demonstrando o compromisso com a responsabilidade ambiental aos clientes.

Como preparar um data center para ter uma boa avaliação no GRESB?

Para obter uma pontuação elevada no GRESB, é necessário alinhar a operação do data center aos critérios ESG da plataforma. Isso inclui:

  • Implementar uma governança ESG robusta, com políticas claras de sustentabilidade, diversidade, ética e compliance;
  • Contar com uma equipe dedicada à governança ESG e à coleta de dados e evidências para o reporte;
  • Monitorar e reportar o desempenho ambiental, por meio de indicadores como consumo de energia, emissões de GEE, uso de água e gestão de resíduos;
  • Obter certificações ambientais para adicionar uma camada de credibilidade às ações de sustentabilidade;
  • Realizar auditorias externas periódicas;
  • Manter um relacionamento transparente e ético com comunidades locais, fornecedores e clientes;
  • Incluir práticas de inclusão social e proteção de dados em suas operações;
  • Estabelecer metas claras de redução de carbono;
  • Incluir investimentos em energia renovável e tecnologias de resfriamento avançadas.

Única consultoria na América do Sul com o status GRESB Partner, o CTE oferece suporte completo para empresas que desejam otimizar seus processos de reporte e alcançar os melhores resultados na avaliação. 

Quer tornar seu data center mais sustentável e competitivo no GRESB? Entre em contato e fale com os especialistas do CTE.

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