A 30ª edição da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30) tem atraído a atenção sobre soluções coletivas e concretas para o combate às mudanças climáticas. Ao reunir líderes de diferentes nações, cientistas, empresas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil, o evento realizado em Belém, PA, representa uma oportunidade para que os diferentes setores da economia se articulem na busca de práticas eficazes para atenuar os efeitos do aquecimento global.

A construção civil, seja por sua relevância econômica e social, seja pelos grandes impactos ambientais que gera, tem muito a contribuir com esse debate. Para se ter uma ideia, a demanda de energia e as emissões do setor de construção e de edificações representaram mais de um quinto das emissões globais de gases de efeito estufa em 2022, segundo relatório publicado em 2024 pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) e pela Aliança Global para Edifícios e Construção (GlobalABC). Se considerarmos que metade dos edifícios que existirão em 2050 ainda não foram construídos, fica evidente que não é possível enfrentar as alterações no clima sem o engajamento profundo da construção civil.
Contribuição setorial para a NDC brasileira
Na COP 30, as NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) estão no centro das negociações. Os países discutem se os compromissos atuais de redução das emissões de gases do efeito estufa são suficientes para limitar o aquecimento global e como aumentar a ambição e a transparência desses planos. Há consenso de que os compromissos atuais não bastam para manter a meta de limitar o aumento da temperatura média global a, no máximo, 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, considerado pela ciência como condição para evitar os piores impactos das mudanças climáticas.
Esta é uma grande oportunidade para o setor rever a sua forma de construir, visando edifícios e infraestruturas que priorizem resiliência, renovação e reutilização, geração de energia renovável e construção de baixo carbono, ao mesmo tempo, em que atenuam as desigualdades sociais. No Brasil, a construção civil trabalha com o compromisso de neutralizar as emissões das novas edificações até 2030 e de se tornar um setor com emissões zero de carbono até 2050.
Essa meta está alinhada à NDC brasileira, que prevê a redução das emissões nacionais líquidas de gases de efeito estufa entre 59% e 67% até 2035 em relação a 2005, com vistas à neutralidade climática até 2050. Para colaborar com esse objetivo, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) aderiram ao pacto Habitação Net‑Zero 2050, lançado oficialmente durante a COP 30 pela Caixa Econômica Federal. A iniciativa busca mobilizar governos, empresas, organizações da sociedade civil, investidores e cidadãos a unirem forças para colocar a habitação no centro da agenda climática. Ela vai ao encontro da Declaração de Chaillot, aderida pelo governo brasileiro durante o 1º Fórum Mundial sobre Edifícios e Clima, realizado em Paris em 2024. Esse compromisso internacional visa acelerar a descarbonização do setor de edificações e promover a resiliência climática.
Como avançar com a descarbonização da construção civil?
Entre os incentivos para a promoção da descarbonização da construção civil estão os novos mecanismos de financiamento climático, com destaque para a recente entrada em vigor da Taxonomia Sustentável Brasileira, por meio do Decreto n.º 12.705.
A taxonomia consiste em um sistema de classificação voluntário que define critérios técnicos e científicos para identificar atividades econômicas sustentáveis no país e orientar investimentos, políticas públicas e incentivos fiscais, além de combater o greenwashing. Trata‑se de um marco regulatório que permite identificar e incentivar atividades econômicas que contribuam para o desenvolvimento sustentável, fortalecendo transparência, integridade e visão de longo prazo das finanças verdes no Brasil. O CTE apoiou o desenvolvimento da taxonomia por meio da participação ativa de Adriana Hansen, diretora técnica de sustentabilidade, nas discussões para sua elaboração. Falamos mais sobre a importância da taxonomia sustentável brasileira neste artigo.
Processos de certificação ambiental de edifícios, como LEED, AQUA-HQE e EDGE, também são estratégicos para desenvolvedores que querem diferenciar seus empreendimentos pela responsabilidade ambiental e comprometimento com as metas de descarbonização. Essas certificações já são utilizadas para acessar condições de financiamento mais vantajosas, já oferecidas por alguns bancos para fomentar o desenvolvimento de projetos mais sustentáveis.
Roadmap Net Zero da indústria
Durante a COP 30, foi apresentado o plano de descarbonização da indústria brasileira de cimento. A meta, divulgada pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), é atingir a neutralidade de carbono até 2050 por meio de um roadmap que envolve estratégias como desenvolvimento de combustíveis e matérias‑primas alternativas, eficiência energética, captura, estocagem e uso de carbono, além de soluções baseadas na natureza (SbN). Segundo o estudo, o Brasil emite 580 kg de CO₂ por tonelada de cimento, valor abaixo da média global (610 kg/t). O país também está entre os que mais adicionam matérias‑primas alternativas ao clínquer no mundo.
Com a expertise de quem impulsiona transformações positivas no mercado há mais de trinta anos, o CTE desenvolveu uma gama ampla de serviços integrados para apoiar seus clientes nas jornadas rumo à neutralidade das emissões de carbono. Esses serviços abrangem diagnóstico de emissões por meio de inventários de carbono, monitoramento e reporte contínuos, definição de metas corporativas e implantação de estratégias eficazes de descarbonização.
O CTE também é líder no mercado de edifícios verdes, trabalhando com diferentes tipos de certificação. Quer saber como o CTE pode ajudar a sua empresa a avançar na agenda da descarbonização? Entre em contato conosco!
Autor
Juliana Nakamura
Jornalista formada pela PUC-SP, com pós-graduação em Mídias Digitais. Com mais de vinte anos de experiência, atuou em diversos veículos de comunicação, como O Estado de S. Paulo, UOL, Editora Pini e Casa Vogue. Especializada na cobertura de temas ligados à construção civil, mercado imobiliário, arquitetura e urbanismo, também desenvolve conteúdo para entidades setoriais e empresas. Desde 2020, colabora com CTE.


