A acústica na arquitetura é uma área do conhecimento que estuda como o som se comporta em diferentes tipos de ambientes e como o design pode ser utilizado para controlar esse comportamento.
Ela é fundamental, por exemplo, em espaços comerciais, corporativos, culturais e educacionais, para garantir a produtividade das equipes, assegurar a inteligibilidade da fala e prevenir problemas de concentração e de sobrecarga mental.
Já em residências, a acústica na arquitetura é essencial para assegurar privacidade e tranquilidade aos moradores durante momentos de descanso, além de evitar conflitos com vizinhos.
Mas, embora a importância da acústica na arquitetura seja indiscutível, garantir boa performance aos ambientes ainda é um desafio. Tanto é que o excesso de ruídos é uma das grandes causas de reclamações de quem utiliza espaços edificados.
Vale lembrar que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS):
- Ruídos acima de 65 dB comprometem a comunicação e a concentração, afetando a produtividade.
- Níveis superiores a 85 dB são prejudiciais à saúde, podendo causar distúrbios do sono, redução do desempenho físico e mental, estresse, agressividade e desconforto geral.
Quais são os princípios básicos da acústica na arquitetura?

A acústica na arquitetura se baseia em alguns princípios, que precisam ser equilibrados quando o objetivo é oferecer experiências sonoras de qualidade aos usuários. Entre eles, podemos destacar:
Isolamento acústico
Consiste no controle da transmissão do som entre diferentes ambientes para evitar tanto a entrada de ruídos externos, quanto a transmissão entre áreas internas.
Para isolar acusticamente um ambiente, podem ser utilizadas paredes com sistemas mais densos como alvenarias, ou sistemas leves como o drywall.
É fundamental que esses elementos sejam especificados e executados adequadamente, visando atingir a performance desejada. O drywall, por exemplo, tem diversas configurações, de acordo com os montantes metálicos, a quantidade de placas e os preenchimentos em lãs minerais que podem ser aplicados.
Absorção sonora
Processo pelo qual materiais específicos capturam e reduzem a energia do som, em vez de refleti-la de volta para o ambiente.
A absorção é obtida com a especificação de materiais porosos e leves, como tecidos, espumas e painéis perfurados.
É importante que, durante o projeto, cada ambiente passe por avaliação e simulação, a fim de determinar o tipo de material, a quantidade e o posicionamento destes elementos no ambiente, conforme o uso e o volume interno de cada espaço ocupado.
Difusão sonora
Refere-se à dispersão das ondas sonoras, quebrando reflexões diretas. Com isso, cria-se um campo sonoro mais equilibrado, essencial em espaços como estúdios, auditórios, igrejas e salas de concerto.
A difusão sonora pode ser obtida por meio de soluções diversas, como os painéis com padrões irregulares que espalham o som em várias direções.
Reflexão sonora
Acontece quando as ondas sonoras são refletidas por superfícies. Em ambientes de escuta sensível, como salas de concerto, uma reflexão controlada pode enriquecer a experiência auditiva, oferecendo maior alcance e envolvimento da plateia.
Geralmente, materiais com superfícies rígidas, lisas e densas favorecem a reflexão sonora, a exemplo do vidro e do concreto.
Quais são os principais tipos de ruídos em uma edificação?
A busca pela melhor solução acústica na arquitetura precisa estar alinhada às causas geradoras de ruídos. De modo geral, em edificações, essas fontes podem estar relacionadas a:
- Ruídos aéreos externos — Mais comuns em edificações instaladas em áreas urbanas densamente ocupadas. Costumam ser contornados com alterações no layout nas edificações e com a construção de fachadas robustas, com vidros e esquadrias acústicos.
- Ruídos aéreos internos — Acontecem quando um vizinho ouve conversas em corredores e em cômodos contíguos. A saída para esse inconveniente passa pelo uso de divisórias internas acústicas entre ambientes, pelo layout, bem como pelo uso de materiais adequados em forros, pisos e paredes.
- Ruídos de equipamentos — São fruto da operação de máquinas como elevadores, geradores e exaustores. Sua mitigação requer ações múltiplas, desde a escolha de equipamentos mais eficientes, à inserção de isolamentos pontuais.
- Ruídos de impacto — São transmitidos entre pisos em edificações multipavimentos e podem ser atenuados com o uso de lajes mais espessas, contrapisos flutuantes e revestimentos capazes de atenuar o impacto.
- Ruídos hidrossanitários — Consistem no barulho causado pela movimentação de fluidos em tubulações de água e esgoto. A saída para minimizá-los é realizar um projeto que evite a passagem de condutores por cômodos mais silenciosos e preveja instalações com menos emendas, desvios abruptos e estrangulamentos, assim como tubulações especiais ou revestidas.
Acústica na arquitetura: principais referências técnicas

Além da especificação de materiais e equipamentos que colaborem no atendimento de níveis aceitáveis de ruído, uma condição elementar para garantir boa performance acústica na arquitetura é contar com projetos que atendam às normas técnicas.
Uma referência importante, nesse sentido, é a ABNT NBR 10.152 Acústica — Níveis de pressão sonora em ambientes internos em edificações. O texto estabelece níveis sonoros compatíveis com o conforto acústico para diferentes tipos de ambientes.
Também merece destaque a ABNT NBR 15.575 Edificações habitacionais — Desempenho, que determina parâmetros e critérios a serem atendidos pelas edificações habitacionais.
Essa norma traz requisitos térmicos, lumínicos e acústicos fundamentais para garantir o desempenho ambiental nas edificações.
A arquiteta e urbanista Andrea Destefani, consultora de acústica no CTE, ressalta que os requisitos de desempenho térmico, lumínico e acústico não são independentes, mas inter-relacionados. “O projeto precisa, portanto, considerar esses três aspectos de forma integrada, buscando soluções que otimizem o desempenho em todas as áreas”, diz a especialista.
Ao lado de Erica Martins, consultora de conforto ambiental e eficiência energética no CTE, Andrea Destefani elaborou o e-book “Norma de Desempenho: como atender aos requisitos de desempenho térmico, lumínico e acústico”. A publicação, com abordagem didática e objetiva, está disponível para download gratuito.
O CTE possui um portfólio de soluções completo que inclui a realização de simulações e de consultoria integrada para atendimento aos requisitos de desempenho térmico, lumínico e acústico, segundo a Norma de Desempenho.
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