Desastres naturais, a exemplo de terremotos, erupções vulcânicas, enchentes e secas afetam milhões de pessoas em todo o mundo e exigem que o planejamento urbano seja capaz de minimizar perdas humanas e materiais. O agravamento das mudanças climáticas elevou ainda mais a urgência de as cidades serem resilientes, para resistir e responder com agilidade a esses eventos extremos.
A necessidade de promover uma cultura global de conscientização sobre riscos e redução de desastres levou a Organização das Nações Unidas a criar, em 1989, o Dia Internacional para a Redução do Risco de Desastres, celebrado todo 13 de outubro.
Além de mortes diretas, as catástrofes naturais geram uma série de consequências em cadeia, de falhas no abastecimento de água e de energia a danos à produção agrícola e ao aumento da desigualdade social. Para se ter uma ideia, apenas as tragédias provocadas por chuvas custaram ao Brasil mais de R$ 149 bilhões entre 2014 e 2023, segundo dados do Atlas Digital de Desastres no Brasil, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
Como reduzir a exposição das cidades aos desastres naturais?
Ainda que seja impossível eliminar completamente o risco de catástrofes, a prevenção e a preparação podem melhorar significativamente a resiliência das comunidades locais. É fundamental, nesse sentido, dar ênfase para a uma ação pré-desastre, em vez de reações pós-desastres, como normalmente ocorre.
Há múltiplas ações, com resultados comprovados, para tornar as áreas urbanas mais preparadas para lidar com os desafios impostos e melhorar a vida de seus cidadãos. “Todas elas nascem de um bom projeto urbano, preocupado em garantir às cidades condições para atravessar momentos de crise com o mínimo de danos”, explica Myriam Tschiptschin, gerente de Smart Cities e Infraestrutura Sustentável no CTE.
A seguir listamos algumas medidas que podem ser tomadas para tornar as áreas urbanas preparadas para lidar com catástrofes e desastres naturais. Confira:
1) Mapeamento de riscos com visão de médio e longo prazo — Cada região possui suas características e fragilidades. Daí a necessidade de que sejam realizados estudos locais para subsidiar as ações visando aumentar a resiliência urbana. “Os impactos mudam de bioma para bioma. Isso significa que enquanto algumas cidades precisam se preparar para o aumento das chuvas, em outros lugares, o problema pode ser a estiagem”, comenta Myriam Tschiptschin. Ela conta que em São Paulo, por exemplo, o plano de ação climática do município (PlanClima SP) busca prevenir e reduzir danos provocados por chuvas intensas e ondas de calor. Por isso, na capital paulista, as ações mitigatórias visam minimizar o efeito Ilha de Calor e melhorar o microclima, assim como prover uma infraestrutura de drenagem eficiente e sustentável.
2) Cidades de baixo carbono — Fundamental para frear a velocidade das mudanças climáticas, a descarbonização deve ser um objetivo a ser alcançado por todos. No caso das cidades, isso pode ser obtido por meio de estratégias como a promoção da mobilidade ativa e a valorização do pedestrianismo, a geração de energia renovável e a utilização de paisagismo nativo, biodiverso e com alto índice de biomassa.
3) Geração de energia renovável — Além de reduzir as emissões de CO₂, a produção de energia limpa é uma estratégia que diminui a dependência das concessionárias.
4) Construção de fazendas urbanas — Ao promover a produção local de alimentos, esses locais ajudam a minimizar eventuais falhas no abastecimento de alimentos.
5) Priorização da infraestrutura sustentável — Estamos falando, principalmente, de elementos que promovem a infiltração da água da chuva e a recarga dos lençóis freáticos, reduzindo o escoamento superficial e o risco de enchentes. Alguns exemplos são os jardins de chuva, as biovaletas e os pavimentos permeáveis.
6) Revegetar as cidades — Mais do que oferecer sombra, as árvores contribuem para a qualidade do ar, colaboram para a umidificação e melhoram a sensação térmica em seu entorno graças aos processos naturais de evapotranspiração e fotossíntese. A maximização de áreas verdes das cidades, com a implantação de parques e praças, também contribui para mitigar o impacto das enchentes.
7) Incorporar tecnologias digitais na gestão — Alguns exemplos são os protocolos de comunicação em caso de emergências e os sensores de monitoramento (IoT) que alertam para a necessidade de evacuação de pessoas em áreas de risco.
8) Eliminar entraves à construção industrializada — Desastres naturais podem gerar uma necessidade de reposição urgente de edificações. Nesse momento, é importante poder contar com um amplo rol de técnicas construtivas ágeis, testadas e aprovadas, como wood frame, steel frame, madeira engenheirada, estrutura metálica, painéis de vedação industrializados e pré-fabricados de concreto.
O CTE atua em projetos de escala urbana e de infraestrutura com consultoria técnica nas áreas de sustentabilidade, tecnologia, inteligência e inovação. Abordamos o desenvolvimento urbano considerando conectividade, pedestrianismo, conforto ambiental, biodiversidade, eficiência energética, conservação hídrica, gestão de resíduos, materiais sustentáveis, governança e desenvolvimento local. Entre em contato para falarmos mais a respeito!