Mudanças climáticas impulsionam o desenvolvimento de infraestrutura sustentável

A infraestrutura sustentável tornou-se um tema cada vez mais debatido em função do aumento da intensidade e da frequência de eventos climáticos extremos. 

Em todo o mundo, a ocorrência desses fenômenos tem colocado a população e as economias globais diante de ameaças sem precedentes. 

Tornou-se imperativo e urgente, portanto, construir e operar as cidades de forma ambientalmente responsável, economicamente viável e socialmente inclusiva.

Segundo o relatório Princípios Internacionais de Boas Práticas para Infraestrutura Sustentável, a infraestrutura construída, desde edifícios públicos a rodovias, é responsável por 70% de todas as emissões de gases de efeito estufa.

 Para alinhar os países desenvolvidos à luta contra as mudanças climáticas, seria necessário o investimento de 90 bilhões de dólares em infraestruturas sustentáveis até 2030, segundo estimativas da The New Climate Economy.

O que é infraestrutura sustentável?

A infraestrutura sustentável refere-se ao planejamento, construção e operação de sistemas e estruturas que atendem às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades. 

Estamos falando de sistemas destinados a prestar serviços essenciais para a população, que contribuem para redução de emissões de carbono, são mais resilientes às mudanças no clima e têm impactos positivos na vida da população. 

O conceito refere-se, por exemplo, a transporte com baixo teor de carbono, a sistemas de saneamento e de abastecimento de água eficientes e inteligentes, a plantas de geração de energia renovável, a edifícios públicos certificados, entre outras instalações respeitosas com o meio ambiente e, também sustentáveis em termos econômicos e sociais.

Qual é a importância da infraestrutura sustentável?

A infraestrutura sustentável é chave para se alcançar o crescimento sustentável e inclusivo, cumprindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em especial, o ODS 9, que trata da construção de infraestruturas resilientes, da promoção da industrialização inclusiva e sustentável e do fomento à inovação. 

Ela permite que os governos e o setor privado forneçam serviços capazes de garantir meios de vida ambientalmente responsáveis, além de possibilitar crescimento econômico. 

Segundo o Banco Mundial, a infraestrutura sustentável é mais rentável, uma vez que proporciona serviços mais confiáveis, resistem melhor aos fenômenos climáticos extremos e atenuam o impacto das ameaças naturais nas pessoas e na economia. 

Além disso, a implementação de estratégias de sustentabilidade nas infraestruturas proporciona economia operacional, sobretudo quando o assunto é eficiência energética e conservação hídrica.

Em resumo, a infraestrutura sustentável:

  • Reduz a pegada ambiental e de carbono
  • Está mais bem preparada para as catástrofes climáticas
  • Reduz custos operacionais
  • Aumenta a atração de investidores
  • Democratiza e melhora a qualidade dos serviços prestados
  • Cria empregos e promove um crescimento econômico verde.

Alguns exemplos de infraestrutura sustentável

Seja no projeto, na construção ou na operação de infraestrutura urbana, há múltiplas estratégias que podem ser incorporadas para tornar as cidades mais sustentáveis. 

Entre os exemplos, podemos citar a preservação e a reinserção de espécies de vegetação nativa e os sistemas de drenagem baseados na natureza, como biovaletas, escadas hidráulicas e jardins de chuva.

Esse tipo de ação, além de trazer maior qualidade para a paisagem com os canteiros vegetados, permite aumentar a permeabilidade das cidades e resgatar o ciclo hidrológico das águas.

Certificado com o selo Fitwel Community e em processo de certificação Sustainable SITES, o Porto Belo Golf Resort, em Santa Catarina, é um exemplo de empreendimento horizontal que adotou essa estratégia em sua infraestrutura de drenagem. 

Há, também, neste empreendimento, sistemas de geração de energia renovável, de reaproveitamento de água das chuvas e de tratamento de esgoto com geração de água para reuso. Contamos mais sobre esse case de sucesso aqui

É preciso citar, ainda, as soluções para mobilidade urbana sustentável, a construção de rodovias sustentáveis, o incentivo aos modais de transportes ativos, sobretudo as bicicletas, e o redesenho urbano visando encurtar os deslocamentos entre residências, trabalho e serviços essenciais.

Um exemplo de estratégia sustentável que envolve tecnologia digital é a instalação de sensores e alarmes no saneamento. Além de fazerem a medição e o monitoramento do consumo de forma inteligente, esses dispositivos acionam em caso de vazamentos, emergências e desastres.

Esse tipo de solução se baseia em IoT (Internet of Things da sigla em inglês). Essa tecnologia, que permite aos próprios sistemas tomarem decisões de forma automatizada, pode ser aplicada, também, para:

  • Telegestão de iluminação pública
  • Gestão inteligente de tráfego
  • Medição de água e de energia
  • Alarmes em emergências e desastres
  • Monitoramento da qualidade do ar
  • Sistemas de estacionamento mais inteligentes, entre outras aplicações.

Qual é o papel dos empreendimentos privados para termos cidades mais sustentáveis?

Em vários países, é possível encontrar exemplos de iniciativas que visam desenvolver infraestruturas sustentáveis. 

No Equador, por exemplo, o foco tem sido no uso das soluções baseadas na natureza para restaurar bacias hidrográficas. Já em Singapura, o objetivo é ter 80% de seus edifícios certificados como verdes até 2030.

No Brasil, além de várias iniciativas municipais, um passo importante foi dado em julho de 2024, com a publicação de portaria instituindo o Comitê de Infraestrutura Sustentável em Transportes Terrestres, Portos e Aeroportos. 

O grupo interministerial foi criado para promover a implementação de ações de sustentabilidade em infraestruturas de transportes terrestres e no setor de trânsito, além de infraestrutura aquaviária, portuária e aeroportuária.

É fato que os gestores públicos têm um papel fundamental na promoção da infraestrutura sustentável, tornando as cidades menos suscetíveis às crises climáticas. “Mas a iniciativa privada também deve ser indutora de inovação, tecnologia e sustentabilidade em projetos, obras e operações, tanto de infraestrutura pesada, como em desenvolvimento urbanos”, explica Myriam Tschiptschin, gerente de Smart Cities e Infraestrutura Sustentável do CTE. 

Ela conta que com o incremento de vegetação e a adoção de coberturas e pavimentos mais claros — estratégias de simples implantação — os condomínios e loteamentos contribuem para minimizar o efeito das ilhas de calor, muito comum em áreas densamente urbanizadas, que tende a se intensificar com o aquecimento global. 

Estas e outras estratégias contribuem para a obtenção de certificações de comunidades e infraestrutura sustentáveis, tais como Sustainable Sites, LEED ND (Neighborhood Development), LEED for Cities & Communities e Fitwel Community. 

Introduzir infraestrutura sustentável nas cidades é uma necessidade para se ter um futuro mais resiliente, inclusivo e sustentável. 

O CTE tem auxiliado o desenvolvimento de projetos de escala urbana e de infraestrutura por meio de consultoria técnica nas áreas de sustentabilidade, tecnologia, inteligência e inovação. 

Abordamos o desenvolvimento urbano considerando conectividade, pedestrianismo, conforto ambiental, biodiversidade, eficiência energética, conservação hídrica, gestão de resíduos, materiais sustentáveis, governança e desenvolvimento local da conceituação à construção e operação. 

Entre em contato para falarmos mais a respeito!

Receba nossa newsletter