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Carbono incorporado: como reduzir as emissões atreladas aos materiais de construção?

22 de junho de 2022

A necessidade de evitar os efeitos catastróficos do aquecimento global tem direcionado os holofotes para as estratégias de redução de emissões de carbono na atmosfera. No caso das edificações, essas ações devem envolver uma avaliação cuidadosa do projeto com relação à eficiência energética e ao carbono incorporado. Estamos nos referindo ao carbono associado ao consumo de materiais, incluindo todos os impactos do seu ciclo de vida, desde a extração da matéria-prima até o descarte. 

Carbono incorporado e operacional

Nas construções, além do carbono incorporado, há, também, o carbono operacional, que se refere ao dióxido de carbono emitido ao longo da vida útil do edifício, como o consumo de eletricidade, o aquecimento, resfriamento, entre outras atividades. 

Diante do movimento bem-vindo em prol da redução do consumo de combustíveis fósseis e da maximização da eficiência energética dos edifícios, o carbono incorporado tende a se tornar cada vez mais representativo na pegada de carbono da construção civil, explica Adriana Hansen, gerente de consultoria da Unidade de Sustentabilidade do CTE. 

“Em um horizonte de dez anos, estima-se que as emissões de carbono incorporado representem 72% do total de emissões das edificações. Portanto, é urgente aumentar os esforços para combater essas emissões em escala global”, destaca Hansen.

Vale lembrar que a construção civil tem um compromisso global de neutralizar todas as emissões de novas edificações até 2030. Para 2050 o objetivo  é ter um setor com emissões zero de carbono.

O carbono incorporado e a especificação de materiais

A única maneira de eliminar totalmente o carbono incorporado nas edificações é não construindo. Essa, definitivamente, não é uma opção, considerando o crescimento da população, a expansão das cidades e o aumento da demanda por infraestrutura.

Mas é possível reduzir bastante essas emissões através de ações como o prolongamento da vida útil dos edifícios via retrofits e a especificação inteligente de materiais de baixo carbono. A incorporação de resíduos na produção dos materiais, desde que eles sejam tecnicamente bons para a construção civil, é uma prática benéfica, assim como dar preferência a fornecedores que declarem seus impactos de forma transparente, por meio de documentos como as Declarações Ambientais de Produtos.

O relatório da McKinsey “Data to the rescue: Embodied carbon in buildings and the urgency of now” lembra que dois materiais podem parecer idênticos, custar o mesmo valor, mas apresentar características de carbono incorporado totalmente distintas. Como exemplo, o trabalho cita uma viga de aço 100% reciclada produzida com energia renovável e uma viga de aço virgem fabricada em forno a carvão. Ambos produtos são similares tecnicamente, mas têm níveis significativamente diferentes de carbono incorporado. 

Análise de ciclo de vida

As estratégias de descarbonização tendem a gerar mais impacto e exigir menos investimento quando previstas nas etapas de projeto e de planejamento. Nessas fases iniciais, com o apoio de ferramentas como análise de ciclo de vida (ACV), por exemplo, é possível considerar diferentes soluções construtivas em função de seus impactos.

Hansen conta que são múltiplos os motivos que justificam a aplicação da ACV. Eles começam pela possibilidade de comparar o projeto proposto com a prática atual do mercado. Outro benefício é permitir compreender e identificar quais são os maiores impactos ambientais de um projeto visando melhorias. “Há ainda fatores como eventuais benefícios regulatórios, a valorização do imóvel, a comunicação com a sociedade e a obtenção de certificações ambientais. No caso do LEED, apenas o fato de se calcular os impactos via ACV já adiciona um ponto no processo de obtenção do selo”, informa a especialista.

Na rota pela redução de emissões de carbono, além de especificações conscientes e de projetos bem elaborados, também é fundamental a adoção de práticas de construção eficiente, embarcando novas tecnologias e metodologias, como o lean construction

A última etapa do processo consiste em compensar o residual de carbono que não foi possível eliminar a partir da inteligência de projeto e da aquisição de materiais de baixo carbono. Sobre essas estratégias de compensação, falaremos com mais detalhes em um próximo artigo.

A Unidade Sustentabilidade do CTE atua em diferentes frentes, seja auxiliando os empreendedores no desenvolvimento de produtos com melhor desempenho ambiental, seja apoiando a indústria de materiais em suas jornadas para a redução de emissões. Entre os serviços prestados está a elaboração de inventários de Gases Efeito Estufa das atividades corporativas e de construção. Clique aqui para falarmos mais a respeito!

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