Muito utilizado no meio acadêmico, o termo Peer Review (revisão aos pares) refere-se a uma metodologia para avaliação da qualidade de artigos científicos. Segundo a Wikipedia, consiste em submeter o trabalho ao escrutínio de um ou mais especialistas do mesmo escalão que o autor. Esses revisores, que na maioria das vezes se mantém anônimos, fazem comentários ou sugerem correções, contribuindo para a qualidade do trabalho a ser publicado.
Essa metodologia de análise também vem se tornando um serviço padrão na gestão de projetos da construção civil. Em função de sua grande contribuição para a melhoria da qualidade dos projetos, o Peer Review vem sendo demandado por grandes clientes, principalmente em projetos de empresas e incorporadoras multinacionais.
A aceitação pelo mercado se deve, principalmente, ao reconhecimento dos contratantes que esse serviço se paga integralmente por meio da redução e da eliminação de potenciais riscos e ônus decorrentes de erros e de incompatibilidades nos projetos.
Como funciona o serviço de Peer Review na construção?
O foco principal do Peer Review é verificar e analisar criticamente as interfaces entre os projetos das diversas disciplinas dos sistemas prediais, arquitetura, estrutura, entre outras, de acordo com a necessidade e o interesse do cliente.
Muitos dos problemas e patologias ocorridos na etapa de execução e entrega dos empreendimentos são oriundos dos sistemas prediais, devido à quantidade de interfaces entre as diversas disciplinas. Entre elas, podemos citar elétrica, hidráulica, ar condicionado, automação predial, detecção, alarme e combate a incêndio, controle de acesso, CFTV, comunicações, etc. Outro fator complicador é o volume de equipamentos e dispositivos, potencializando problemas de funcionalidade, integração e desempenho das instalações, caso os projetos não passem por uma avaliação técnica sistêmica.
Resultados práticos do Peer Review de projetos
Além de melhorar a interface entre as disciplinas, o Peer Review pode ter impacto positivo também na identificação de pontos de ajustes de projeto, quando associado a análises de atendimento normativo como, por exemplo, aos requisitos da ABNT NBR 15.575 e normas técnicas prescritivas aplicáveis.
O CTE tem realizado diversos trabalhos de Peer Review com resultados consistentes. Neles, foram identificados e detalhados itens de elevada gravidade, que podem gerar:
- Comprometimento da funcionalidade dos equipamentos;
- Problemas e falhas de integração dos equipamentos entre diversos sistemas;
- Gastos desnecessários na aquisição de equipamentos e dispositivos;
- Risco de reprovação de órgãos legais (prefeitura, corpo de bombeiros, concessionárias, etc.);
- Riscos de aumento de custos e aditivos contratuais na obra;
- Atraso de entrega das obras;
- Aumento de custo de assistência técnica;
- Risco à segurança dos ocupantes, entre outras consequências.
A seguir você pode conferir alguns dados levantados a partir de uma amostra de 10 projetos de empreendimentos de uso misto (corporativo, residencial e lojas). Eles mostram falhas graves que podem ser evitadas com um trabalho estruturado de revisão de projetos. Confira:
Gráfico 1 – Falhas graves em elétrica

Gráfico 2 – Falhas graves em hidráulica

Gráfico 3 – Falhas graves em sistema de ar condicionado

Gráfico 4 – Falhas graves em detecção e alarme de incêndio

Gráfico 5 – Falhas graves em automação predial

Conclusão
Cada vez mais essencial para a gestão de projetos da construção civil, o Peer Review vem se consolidando como um padrão de qualidade exigido pelo mercado, sobretudo em projetos de grande porte e complexidade.
Sua aplicação prática garante não apenas a compatibilidade entre disciplinas e sistemas prediais, mas também a redução significativa de riscos técnicos, financeiros e legais ao antecipar falhas e propor ajustes.
Quer saber mais sobre o Peer Review? Entre em contato com o CTE para saber como a revisão aos pares contribui para a entrega de empreendimentos mais seguros, eficientes e em conformidade com as normas vigentes.
Autor
Eduardo Yamada
Gerente de Sistemas Prediais do CTE, é formado em engenharia civil pela Poli-USP, com mestrado em sistemas prediais pela mesma instituição. Vice-presidente na Ashrae Brasil Chapter, também é professor em cursos de pós-graduação no PECE-USP, na FAAP e no MACKENZIE na área de eficiência energética e sustentabilidade em projetos.


