Por Melissa Cacciatori, consultora em Conforto Ambiental e Eficiência Energética de Edifícios do CTE
A avaliação de desempenho térmico da ABNT NBR 15.575-2013 – Edificações Habitacionais: Desempenho passou recentemente por uma importante revisão para aperfeiçoamento da metodologia. O objetivo é garantir uma análise mais efetiva do real desempenho térmico das edificações.
Para os projetos protocolados a partir de 30 de setembro de 2021, a avaliação de desempenho térmico deverá ser realizada conforme a metodologia prevista na emenda publicada em 30 de março de 2021.
O que muda?
A emenda define dois procedimentos para a avaliação de desempenho térmico:
- Simplificado — Apresentado na Parte 4: Requisitos para os sistemas de vedações internas e externas e na Parte 5: Requisitos para os sistemas de coberturas.
- Por simulação computacional — Apresentado na Parte 1: Requisitos Gerais.

O procedimento simplificado permite o atendimento de desempenho térmico apenas no nível mínimo. As principais alterações da emenda para este procedimento são:
- Elementos transparentes: é um novo critério que estabelece uma relação proporcional entre a área limite de elementos transparentes e a área de piso dos ambientes de permanência prolongada, como salas e dormitórios. A relação varia com o nível de sombreamento horizontal, o fator solar do vidro e classificação da esquadria (ABNT NBR 10.821);
- Degradação da absortância à radiação solar: é uma recomendação da emenda que apresenta, em caráter informativo, procedimentos para obtenção de valores relativos à degradação dos materiais ao longo do tempo.
Já o procedimento de simulação computacional permite o atendimento de desempenho térmico no nível mínimo, intermediário e superior. Trata-se de um método que viabiliza uma avaliação mais ampla, representando melhor o nível de desempenho térmico da edificação.
O novo texto contempla as seguintes alterações:
- Simulação anual, em substituição às avaliações limitadas aos dias típicos de verão e invernos;
- Cargas térmicas internas relativas à ocupação passam a ser modeladas, permitindo a avaliação em uso da edificação;
- A ventilação natural deve ser avaliada com base na simulação de duas condições de uso: com e sem ventilação. Associa-se a quantificação de carga térmica para manutenção das condições de desempenho quando a ventilação natural não for suficiente;
- Para a avaliação da ventilação natural, passam a ser modeladas janelas operáveis, que permitem simular o comportamento das trocas de ar com base nas características dos ventos do arquivo climático, em substituição à modelagem de janelas sem abertura para ventilação, com taxas fixas de renovação de ar;
- Cálculo da carga térmica para avaliar o desempenho da edificação com uso do sistema de ar condicionado, nos momentos em que a ventilação natural não for uma estratégia suficiente;
- Adoção de um modelo de referência, que se trata do edifício projetado com características referenciais definidas pela norma, com o qual o edifício em avaliação é comparado;
- Novos indicadores de desempenho térmico baseados em temperatura operativa — o que aproxima a avaliação de aspectos relacionados ao conforto dos ocupantes — e carga térmica, que aproxima a avaliação de aspectos de eficiência energética:
- PHFT — Percentual de horas de ocupação em uma faixa de temperatura operativa
- Tomáx e Tomín — Temperatura operativa anual máxima e mínima
- CgTT — Carga térmica total. Este indicador só é avaliado para obtenção dos níveis intermediário e superior.
- Modelagem do entorno da edificação, além da modelagem do entorno limitado ao empreendimento em avaliação;
- Modelagem de todas as unidades habitacionais para três pavimentos representativos do térreo, intermediário e cobertura, nos casos de edifícios multifamiliares.
Figura 1 — Modelagem do Edifício Projetado, a ser avaliado

Figura 2 — Resumo principais mudanças da Emenda — Método de Simulação

Figura 3: Procedimento de Avaliação por Simulação Computacional

As mudanças definidas na Norma de Desempenho para o processo de simulação computacional são muito positivas e permitirão uma avaliação mais efetiva do desempenho térmico.
No entanto, a complexidade da modelagem, das análises e dos critérios aumentou. Isso demanda adaptações importantes nas metodologias e no escopo de processos de consultoria, em relação ao processo antigo.
A equipe do CTE já está preparada para essa transição e pronta para auxiliar o mercado neste momento. Clique aqui para conhecer as nossas soluções.
Referências:
Site LABEEE. NBR 15.575-2020 — Desempenho térmico. Disponível em: < https://labeee.ufsc.br/NBR15575-2020>. Acesso em 30.08.2021.
ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575: Edificações habitacionais — Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.
ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575: Edificações habitacionais — Desempenho. Emenda 1. Rio de Janeiro, 2021.
Webinar LABEEE / IBPSA Brasil / ASHRAE Florianópolis Student Branch. NBR 15575: O novo procedimento de simulação para análise do desempenho térmico de residências. Disponível em:https://www.youtube.com/watch?v=BHxnhrIMbrA. Acesso em 30.08.2021