Princípios para o Investimento Responsável (PRI): o que são, como funcionam e por que adotá-los?

O agravamento das mudanças climáticas e das desigualdades sociais tem impactado investidores em todo o mundo. Em vez do lucro a qualquer custo, ganhou força a ideia de que questões relacionadas ao ESG (Environmental, Social and Governance) afetam, direta ou indiretamente, o retorno e a segurança dos investimentos. Foi esse contexto que levou à criação dos Princípios para o Investimento Responsável (PRI) em 2006. Passados quase vinte anos, a iniciativa conta com mais de 3 mil instituições financeiras signatárias em todo o mundo.

O CTE faz parte deste grupo como um Service Provider. Embora não sejam administradoras de ativos diretamente, as empresas provedoras de serviços atuam junto a proprietários de ativos e/ou gestores de investimentos, influenciando como seus clientes lidam com as questões ESG.

Princípios para o Investimento Responsável: o que são?

De adesão voluntária, os Princípios para o Investimento Responsável formam um conjunto de diretrizes que oferecem uma gama de ações para incorporar fatores ambientais, sociais e de governança à prática de investimentos.

Eles foram criados por um grupo composto pelos maiores investidores institucionais globais, em conjunto com a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP FI).

Quais são os Princípios para o Investimento Responsável?

Ao aderirem ao PRI, os investidores devem levar em consideração seis princípios para investir com responsabilidade:

1- Incorporar temas ESG às análises de investimento e aos processos de tomada de decisão

Para atender a esse objetivo, as empresas devem abordar questões ESG nas declarações de política de investimento e apoiar o desenvolvimento de ferramentas, métricas e análises relacionadas ao ESG. Outras ações recomendadas são:

  • Avaliar a capacidade dos gestores de investimentos externos de incorporar questões ESG.
  • Solicitar aos prestadores de serviços de investimento que integrem fatores ESG em pesquisas e análises.

2- Ser pró-ativo e incorporar temas ESG às políticas e práticas de propriedade de ativos

Isso significa que os investidores aderentes ao PRI precisam estar engajados ativamente com as empresas nas quais investem, incentivando práticas empresariais sustentáveis e responsáveis, exercendo seus direitos de voto de forma estratégica e fundamentada.

3- Fazer com que as entidades investidas divulguem suas ações relacionadas aos temas ESG

Aos investidores do PRI, recomenda-se solicitar às empresas relatórios padronizados por meio de ferramentas como a Global Reporting Initiative (GRI).

4- Promover a aceitação e a implementação dos princípios no setor de investimento

Os signatários do PRI são incentivados a trabalhar com outras partes interessadas do setor financeiro para promover a adoção dos Princípios, ampliando seu impacto e influência. Outras práticas sugeridas pelo PRI para atender a esse item são:

  • Incluir requisitos relacionados aos Princípios em solicitações de propostas.
  • Reavaliar relacionamentos com prestadores de serviços que não atendem às expectativas ESG.
  • Apoiar o desenvolvimento de ferramentas para benchmarking da integração ESG.

5- Trabalhar unido para ampliar a eficácia na implementação dos Princípios

A colaboração entre investidores é fundamental para compartilhar melhores práticas e desenvolver novas abordagens para integrar fatores ESG nos processos de investimento.

6- Divulgar relatórios sobre atividades e progresso da implementação dos Princípios

Os signatários devem ser transparentes sobre como estão implementando os Princípios, relatando suas atividades e progresso regularmente.

Por que as empresas devem se comprometer com investimentos de impacto?

Ao se engajar voluntariamente com os Princípios para o Investimento Responsável, as organizações assumem publicamente um compromisso com a incorporação de fatores ESG nas decisões e no exercício da propriedade ativa.

Mas por que fazer isso?

Primeiro porque incluir aspectos ESG na análise e nas decisões de investimento implica em melhor gerenciamento de riscos e na ampliação de retornos. 

Além disso, os clientes demandam cada vez mais transparência sobre como seu dinheiro é aplicado, seja por uma conscientização de que os fatores ESG influenciam o valor e a reputação da empresa, seja pela preocupação com os impactos ambientais e sociais de seus investimentos. 

Há, ainda, uma questão de regulamentação, que aumentou significativamente após a crise financeira de 2008 e com a percepção dos órgãos reguladores de que o setor financeiro pode desempenhar um papel importante no enfrentamento de desafios globais, das mudanças climáticas à evasão fiscal.

Várias empresas e gestoras de ativos imobiliários e fundos de investimentos imobiliários que atuam no Brasil já são signatárias do PRI. Entre elas, podemos citar: Kinea, Brookfield, Bresco, Tellus, BTG e Pátria.

Como implementar os Princípios para o Investimento Responsável?

Mais do que assinar um documento, tornar-se signatário dos Princípios para o Investimento Responsável exige a implementação de estratégias, processos e práticas de gestão ESG, bem como com o relato de informações ao PRI.

Esse compromisso envolve, inclusive, um calendário anual:

  • Janeiro a março — Período de reporte das atividades de investimento responsável;
  • Abril a junho — Análise dos dados reportados pelo PRI e elaboração de relatórios de assessment como feedback para cada um dos signatários;
  • Julho — Publicação dos relatórios de assessment;
  • Julho a novembro — Desenvolvimento, pelo PRI, de melhorias no framework para o ano seguinte, baseado nas respostas dos reports e no desenvolvimento do mercado;
  • Dezembro — Divulgação do framework do relatório do ano seguinte.

Ao longo do processo, as organizações podem se deparar com uma série de desafios, como a falta de dados de alta qualidade, de análise especializada e de uma abordagem robusta de engajamento.

Outra dificuldade comum é mensurar o impacto das práticas ESG nos resultados financeiros e sociais. De acordo com estudo da Ernst & Young, 99% dos investidores utilizam relatórios ESG para tomar suas decisões de investimento. No entanto, 76% deles avaliam que as empresas não oferecem insights baseados em dados para justificar sua avaliação sobre o crescimento e o perfil de risco.

Além disso, à medida que a demanda por investimentos responsáveis cresce, as normas regulatórias seguem evoluindo. Com isso, é necessário estar atento às mudanças regulatórias para garantir conformidade e aproveitar novas oportunidades.

Com um vasto portfólio de soluções para fundos de investimento e gestores de recursos, o CTE oferece apoio às companhias interessadas em aderir aos Princípios para o Investimento Responsável. Também realizamos a gestão sustentável de portfólios imobiliários e desenvolvemos programas completos com estratégias ambientais, sociais e de governança. O foco é em maximizar o desempenho ambiental de todo o portfólio, permitindo a redução de custos operacionais, a melhoria da qualidade de vida das pessoas e a valorização dos ativos. Entre em contato para falarmos mais a respeito!

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