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Relatórios de sustentabilidade como estratégia de comunicação e gestão

21 de outubro de 2021

Os relatórios de sustentabilidade são documentos que, a partir de indicadores econômicos, ambientais e sociais, qualificam, quantificam e disseminam o desempenho da organização com relação à sustentabilidade. Essas publicações também comunicam a cultura organizacional e são uma das principais ferramentas de iniciativa voluntária que uma empresa pode adotar para relatar suas práticas ao mercado e à sociedade.

Em um momento no qual o ESG (Environmental, Social and Governance) tem tanta evidência, a elaboração dos relatórios de sustentabilidade adquire ainda mais relevância. Em companhias de capital aberto, a disponibilização dos relatos anuais é imperativa. O mesmo ocorre com empresas que recebem recursos internacionais ou são exportadoras. Em alguns segmentos, como o setor financeiro, a evolução chegou a um ponto no qual não basta a publicação de um relatório de sustentabilidade. É preciso produzí-lo de acordo com padrões internacionais e submeter as informações à auditoria de terceira parte.

Relatórios como ferramenta estratégica

Muito mais do que uma publicação para divulgar as ações das empresas no campo da sustentabilidade, os relatórios são, potencialmente, excelentes ferramentas de gestão. Eles podem, por exemplo, auxiliar as corporações a desenvolver uma estratégia de gestão voltada para o futuro e a fazer autodiagnósticos e comparações com outras empresas do setor. 

Os documentos também melhoram o diálogo entre os acionistas, visto que funcionam como uma ferramenta de comunicação transparente. Além disso, bons relatórios auxiliam as empresas a identificar riscos e oportunidades ligados à sustentabilidade.

Para atingir esses objetivos, contudo, é necessário um bom processo de construção, que contemple a captação e o monitoramento de informações consistentes e relevantes para os stakeholders.

Definir o formato ideal, os indicadores e os dados inseridos no relatório é um desafio para muitas empresas. Segundo Rafael Tello, CEO da Watu e coordenador da Rede Desafio 2030, muitas dessas tomadas de decisão dependem das expectativas da companhia com relação ao documento. “Para uma empresa de capital fechado, por exemplo, o objetivo pode ser uma estratégia de marketing. Nesse caso, é possível escolher formatos e indicadores que serão diferentes dos utilizados por uma organização de capital aberto, cujo interesse é atrair fundos de investimento responsável”, comentou Tello, em palestra aos participantes do Programa de Capacitação de Empresas do Setor da Construção em ESG, realizado pelo CTE.

Há diversos modelos, ferramentas e metodologias para apoiar as empresas na avaliação, elaboração e implementação de práticas sustentáveis. Entre eles, destacam-se a GRI (Global Reporting Initiative), muito utilizada no Brasil, e o SASB (Sustainability Accounting Standards Board), que tem um foco maior nos investidores.

Materialidade estratégica

Entre múltiplos dados que podem ser adicionados em um relatório de sustentabilidade, as empresas devem buscar aqueles que são os mais  expressivos por refletirem os impactos econômicos, ambientais e sociais da organização ou por influenciarem as decisões dos stakeholders.

Segundo Rafael Tello, para identificar esses pontos mais relevantes as empresas devem ouvir seus stakeholders de forma estruturada através de pesquisas de materialidade. A partir daí a liderança é capaz de:

1) Construir estratégias para suas equipes a partir da visão das partes interessadas com as quais se relacionam (ex: suprimentos e fornecedores) 

2) Desdobrar essas estratégias em planos de ação direcionados a promover o engajamento e aumentar o valor decorrente desses relacionamentos, como preconiza a filosofia do Capitalismo de Stakeholders. 

“Outra dica é fazer benchmarking, consultando os relatórios realizados por empresas concorrentes e/ou que são referências no setor”, continuou Tello. 

6 princípios para assegurar a qualidade de um relatório de sustentabilidade

  1. Precisão —  As informações devem ser suficientemente precisas e detalhadas para que os stakeholders possam avaliar o desempenho da organização.
  2. Equilíbrio — O relatório deve refletir aspectos positivos e negativos do desempenho da organização para permitir uma avaliação equilibrada do seu desempenho geral.
  3. Clareza — A organização deve disponibilizar as informações de uma forma compreensível e acessível aos stakeholders que usam o relatório.
  4. Comparabilidade —  A organização deve selecionar, compilar e relatar as informações de forma consistente. As informações relatadas devem ser apresentadas de modo que permita aos stakeholders analisar mudanças no desempenho da organização ao longo do tempo e subsidiar análises relacionadas a outras organizações.
  5. Confiabilidade — A organização também deve coletar, registrar, compilar, analisar e divulgar dados e processos usados na elaboração do relatório de forma a permitir sua revisão e estabelecer a qualidade e a materialidade das informações.
  6. Tempestividade — A empresa deve publicar o relatório regularmente e disponibilizar as informações a tempo para que os stakeholders tomem decisões fundamentadas.

Fonte: GRI 101: Fundamentos.

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