Smart Cities: O que é, aplicações e tendências 

As smart cities (cidades inteligentes) são ocupações urbanas que fazem uso estratégico de infraestrutura, serviços, informação e comunicação para responder às necessidades sociais e econômicas da comunidade, não só das gerações atuais, como também das futuras.

Apesar do nome, o termo não se limita às cidades. Ele refere-se, também, a bairros, comunidades planejadas, requalificações urbanas e empreendimentos de grande porte ou com interface significativa com a cidade.

O desenvolvimento de localidades que minimizem os impactos ambientais da urbanização torna-se ainda mais relevante no contexto atual. 

Afinal, além de uma série de transformações econômicas e tecnológicas em curso, estamos diante do agravamento do aquecimento global, evidenciado na maior frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos.

Quer saber tudo sobre as smart cities? Então, siga conosco:

O que é uma smart city? 

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Segundo definição da International Organization for Standardization (ISO), as smart cities são locais que respondem a desafios como mudança climática, rápido crescimento populacional e instabilidade política ou econômica, por meio do engajamento com a sociedade e da aplicação de métodos de liderança colaborativa. 

Mais do que tecnológica e conectada, uma cidade inteligente é eficiente na utilização do solo e de recursos naturais, é economicamente sustentável e garante saúde e bem-estar a seus usuários, sem prejudicar outras cidades ou degradar o meio ambiente.

Tecnologias usadas nas smart cities

Quando falamos em smart cities, a primeira imagem que vem à cabeça é a de locais altamente tecnológicos, autônomos, repletos de sensores integrados a ferramentas de inteligência artificial. 

É verdade que a cidade do futuro não pode prescindir de tecnologia. Mas é preciso muito mais para tornar um bairro ou uma cidade resiliente e saudável para seus ocupantes. 

“A tecnologia digital é uma ferramenta para a produção de cidades mais inteligentes e humanas. Mas não é a única”, explica Myriam Tschiptschin, gerente de Smart Cities e Infraestrutura Sustentável no CTE. 

“Temos visto algumas cidades experimentando o sensoriamento de bueiros, o que é muito interessante. Porém, sabemos que sem transformar a forma de construir e ocupar as cidades, restaurando o ciclo hidrológico natural, não vamos resolver o problema de drenagem urbana”, exemplifica a especialista, que defende a combinação de estratégias urbanas low-tech e high-tech para obter os resultados mais concretos e assertivos.

  • Estratégias urbanas de baixa tecnologia — São aquelas focadas na recuperação e manutenção de ecossistemas e no planejamento urbano.  

Na maior parte das vezes, têm baixo custo de implementação, a exemplo das Soluções Baseadas na Natureza para aumentar a permeabilidade das cidades e resgatar o ciclo hidrológico das águas.

  • Estratégias urbanas high tech — Destacam-se a Inteligência Artificial, a Internet das Coisas e o Big Data, que permitem a coleta de dados em tempo real e ajudam na tomada de decisões mais assertivas. 

A instalação de sensores de bueiros que alarmam indicando a necessidade de manutenção e limpeza é um exemplo de estratégia tecnológica.

Quais os impactos da tecnologia e da inovação nas cidades?

Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) estimam que, até 2025, as áreas urbanas devem concentrar 68% da população mundial. 

Por isso, o uso da tecnologia e da inovação nas cidades é essencial para que esses indivíduos tenham qualidade de vida enquanto diminuem sua pegada no planeta. Uma vida mais plena é um dos principais impactos das cidades inteligentes. 

A diminuição de tempo gasto no trânsito, um ambiente seguro, qualidade do ar satisfatória, espaços de lazer e contato com a natureza são apenas alguns exemplos de como o conceito de smart cities pode melhorar a rotina de seus usuários.

A sustentabilidade é outra marca que as smart cities deixam no mundo. O monitoramento de áreas nativas preservadas, o uso de tecnologias limpas, a economia de recursos naturais e a gestão eficiente de resíduos são formas de diminuir o impacto das grandes cidades no meio ambiente.

Outra consequência das estratégias smart cities é a economia financeira. Isso porque com o uso de sensores, automação e uma gestão mais inteligente, é possível usar de forma mais racional o orçamento municipal, economizar recursos e evitar desperdícios.

Quais são as tendências em Smart Cities?

Cidades de 15 minutos

Baseia-se na criação de pequenas centralidades de uso misto em diversas regiões da cidade, evitando longos deslocamentos. Com isso, o trânsito fica mais fluido e os modos ativos de transporte – a caminhada e o ciclismo – são favorecidos.

Requalificação de áreas urbanas degradadas

O foco é priorizar o reaproveitamento de áreas bem servidas de infraestrutura urbana, mas que estão subutilizadas, evitando novas obras e o desperdício de espaço público. 

Essa tendência também traz vantagens para a segurança pública e ganho de qualidade de vida para a população. Em São Paulo, o Parque Global utilizou esse tipo de abordagem. 

O megaempreendimento de uso misto está sendo construído em uma área submetida a processo de remediação de solo contaminado, depois de passar anos servindo como um bota-fora para os rejeitos do Rio Pinheiros.

Leia mais sobre esse case interessante aqui.

Comunidades planejadas sustentáveis e saudáveis

Os bairros planejados com essa abordagem vêm conquistando cada vez mais relevância por oferecerem mais equilíbrio com o ecossistema e qualidade de vida para as pessoas. 

São empreendimentos que, além de investir na máxima qualificação dos espaços abertos de lazer, favorecem a interação entre os usuários e a natureza e a promoção de saúde em bem-estar.

Um exemplo de comunidade concebida com foco em saúde, bem-estar e sustentabilidade é o Porto Belo Golf Resort, no litoral catarinense. 

Confira aqui mais informações sobre esse empreendimento que foi o primeiro na América Latina a ser certificado com selo Fitwel Community.

Uso de Internet das Coisas

A IoT (Internet of Things da sigla em inglês) cria oportunidades múltiplas para a integração direta do mundo físico com sistemas baseados em computador, resultando em ganhos de eficiência. 

A tecnologia também permite que os próprios sistemas tomem decisões de forma automatizada, reduzindo a intervenção humana.

Segundo dados da Zion Market Research, o mercado de internet das coisas para smart cities deve atingir mais de 330 bilhões de dólares em 2025. 

A internet das coisas pode ser aplicada, por exemplo, para:

  • Telegestão de iluminação pública
  • Gestão inteligente de tráfego
  • Medição de água e de energia
  • Alarmes em emergências e desastres
  • Monitoramento da qualidade do ar
  • Sistemas de estacionamento mais inteligentes, entre outras aplicações.

Economia compartilhada

Também conhecida como economia colaborativa, esse modelo permite que a população compartilhe recursos, serviços e espaços entre si. 

Segundo estudo da consultoria PwC, a economia compartilhada já movimenta cerca de 15 bilhões de dólares. 

Isso porque ela traz inúmeras vantagens: resulta em redução de custos, permite um uso mais eficiente de recursos, estimula o empreendedorismo, gera renda extra para a população e reduz o impacto ambiental. 

Em cidades e comunidades, a economia compartilhada está presente em sistemas de aluguel de objetos, hortas comunitárias, bibliotecas, organização de caronas, etc.

Quais são as Smart Cities no Brasil?

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Mesmo com os desafios de gestão urbana, o Brasil possui algumas boas iniciativas rumo a cidades mais sustentáveis. 

Para reconhecê-las, há o Connected Smart Cities, um ranking que usa 75 indicadores ligados à qualidade de vida para eleger as cidades mais inteligentes do país. Veja alguns destaques do último estudo divulgado (2023):

  • Florianópolis — A capital catarinense se destaca em mobilidade, saúde, segurança, tecnologia e empreendedorismo. Em seu último registro, a cidade possuía mais de 40 quilômetros de ciclovias para cada 100 mil habitantes, índice sete vezes maior do que São Paulo. 

Na categoria saúde, Florianópolis se orgulha por ter 100% de sua população coberta pela atenção primária à saúde e oferecer agendamento online para consultas de saúde na rede pública.

  • Curitiba — A capital paranaense é uma das seis cidades mais inteligentes do mundo, segundo o World Smart City Awards. 

Isso graças a políticas públicas, programas de planejamento urbano e ações que visam o desenvolvimento sustentável. A cidade, que foi pioneira em ônibus BRT e biarticulados, hoje foca na eletromobilidade, com ônibus elétricos em fases de teste.

  • Brasília — O Distrito Federal tem cobertura 4G para 96,9% dos moradores, além de parques tecnológicos e incubadoras de empresas. 
  • No último ranking, a capital registrou crescimento de 7,56% de empresas de tecnologia e 4,08% de empresas de economia criativa.
  • São Paulo — A maior cidade do Brasil possui 100% da população urbana com acesso à água, 97% com acesso a esgoto e 99,8% de cobertura de sinal 4G. Mas o grande destaque da capital paulista são as iniciativas de mobilidade. 

São Paulo foi um dos primeiros municípios a implantar bilhete eletrônico no transporte público e a instalar semáforos inteligentes.

  • Vitória — A capital capixaba oferece 17,08 vagas em universidades públicas para cada mil habitantes com mais de 18 anos. 

A média do ENEM entre alunos da rede pública é de 428,8 pontos e 100% dos professores que trabalham em escolas públicas têm ensino superior. O investimento municipal per capita em educação é superior a 1100 reais por habitante.

Desafios das smart cities no Brasil

Apesar de todos esses exemplos e dos avanços registrados nos últimos anos, o caminho até termos cidades verdadeiramente inteligentes é longo. 

Um dos entraves é a desigualdade social. Em muitos locais, ainda há questões elementares a serem solucionadas para o desenvolvimento humano, como a oferta de saneamento básico.

No Brasil, apenas 20% dos municípios fazem coleta seletiva de lixo. Além disso, grandes cidades exigem deslocamento médio de duas horas entre casa e trabalho, o que impacta a qualidade de vida e a produtividade dos moradores. 

É verdade que os gestores públicos têm responsabilidade sobre o desenvolvimento urbano. Mas o setor privado também pode exercer um papel importante para tornar as cidades, os bairros e as comunidades mais sustentáveis. Quer ver alguns exemplos?

Condomínios e loteamentos podem ajudar a minimizar o efeito das Ilhas de Calor, com a utilização de acabamentos claros e maximizando áreas vegetadas. 

Outra boa prática é a instalação de Jardins de Chuva, engenharia utilizada em áreas vegetadas para potencializar a infiltração e melhorar as condições urbanas de drenagem. 

A busca por certificações ambientais é outra ação recomendada para empreendedores comprometidos com práticas ESG (Environmental, Social and Governance)

Alguns selos aplicáveis a projetos de escala urbana ou empreendimentos de grande porte são o LEED for Cities & Communities, o LEED ND (Neighborhood Development), o Sustainable Sites e o Fitwel Community. 

O CTE Smart Cities e Infraestrutura Sustentável presta consultoria técnica em projetos de impacto urbano e de infraestrutura nas áreas de sustentabilidade, tecnologia, inteligência e inovação. 

O CTE também assessora empreendedores privados na conquista de certificações ambientais. Entre em contato para falarmos mais a respeito e clique aqui para conhecer o nosso portfólio.

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