NDC: o que o compromisso climático brasileiro significa para a construção civil?

Desde que o Acordo de Paris foi firmado, em 2015, as nações têm se mobilizado, em maior ou em menor grau, para a definição de metas de descarbonização.

O agravamento das mudanças no clima, aliado à crescente frequência de eventos climáticos extremos, tem intensificado a pressão sobre esse movimento global, levando os países a se comprometerem publicamente com metas de redução de emissões e de adaptação a impactos climáticos. É nesse contexto que surgiu a NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), tema do nosso artigo de hoje.

O que é uma NDC?

Uma NDC consiste em um compromisso climático que cada país apresenta voluntariamente como parte do Acordo de Paris. Ela representa a contribuição individual de cada nação para enfrentar a crise climática, estabelecendo metas para reduzir emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento global a níveis seguros.

Essas metas nacionais são essenciais para consolidar os esforços globais e evitar os impactos mais severos das mudanças climáticas, como elevação do nível do mar, perda de biodiversidade e insegurança alimentar. 

Uma vez apresentadas, as NDCs precisam ser revisadas a cada cinco anos, acompanhando o avanço da ciência.

Qual é a NDC do Brasil?

A mais recente NDC brasileira, apresentada em 2024, estabelece uma meta de redução de 59% a 67% das emissões de gases de efeito estufa até 2035, em relação aos níveis de 2005. Isso representa um teto de emissões entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente.

Essa meta está integrada à estratégia nacional de longo prazo, alinhada com a ambição de atingir a neutralidade climática até 2050, quando o país será capaz de emitir apenas o que é capaz de compensar. Ela também busca fortalecer o combate ao desmatamento, promover o desenvolvimento sustentável e incentivar práticas econômicas de baixo carbono.

Trata-se de uma meta razoavelmente ambiciosa. Para se ter uma ideia, a Suíça propõe reduzir suas emissões em 65% até 2035, tomando como ano-base 1990. Já o Reino Unido, país que possui uma das metas mais arrojadas, pretende reduzir 81% de suas emissões, mas também tomando como referência os indicadores de 1990.

A NDC brasileira está estruturada sobre dois pilares principais:

  • Mitigação — Além da redução das emissões líquidas, este pilar foca na promoção de uma transição energética com redução gradual dos combustíveis fósseis, no combate ao desmatamento e na restauração de vegetação nativa em larga escala.
  • Adaptação — Trata da preparação e resposta aos impactos das mudanças climáticas, com ações voltadas para o fortalecimento da resiliência dos sistemas naturais e humanos, bem como a integração da justiça climática.

De que forma a NDC impacta a construção civil?

A construção civil e o mercado imobiliário têm muito a contribuir para que a NDC brasileira seja atingida. Para se ter uma ideia, a demanda de energia e as emissões do setor de construção e de edificações representaram mais de um quinto das emissões globais de gases de efeito estufa em 2022, segundo relatório publicado em 2024 pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA) e pela Aliança Global para Edifícios e Construção (GlobalABC).

“Não há caminho credível para enfrentar as alterações climáticas sem uma mudança fundamental no setor da construção civil”, disse Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA. Segundo ela, “metade dos edifícios que existirão até 2050 ainda não foram construídos. Esta é uma grande oportunidade para o setor reimaginar os prédios do futuro, ou seja, edifícios que priorizam a resiliência, renovação e reutilização, geração de energia renovável e construção de baixo carbono, ao mesmo tempo em que abordam as desigualdades sociais”.

No Brasil, a construção civil trabalha com o compromisso global de neutralizar as emissões das novas edificações até 2030 e de se tornar um setor com emissões zero de carbono até 2050.

Para atingir essas metas distantes, é necessário um esforço conjunto entre governo, empresas e sociedade civil, com reduções profundas e sustentadas de emissões de gases de efeito estufa.

O caminho para isso passa, necessariamente, por reduzir a intensidade energética nesses setores e por aumentar a utilização de energia renovável.

Em um plano de redução de emissões, também é imperativo reduzir o carbono incorporado às edificações, aquele associado ao consumo de materiais, incluindo todos os impactos do seu ciclo de vida, desde a extração da matéria-prima até o descarte. 

“Em um horizonte de dez anos, estima-se que as emissões de carbono incorporadas representem 72% do total de emissões das edificações. Portanto, é urgente aumentar os esforços para combater essas emissões em escala global”, destaca Adriana Hansen, diretora técnica de Sustentabilidade no CTE.

O que fazer para descarbonizar empresas e edificações?

Em um contexto de metas nacionais, negócios promotores de grande impacto ambiental, como é o caso da construção civil, tendem a ser cada vez mais impactados por regulamentações que versam sobre sustentabilidade e redução de emissões de carbono. 

Podemos citar como exemplo a criação recente do Mercado Regulado de Carbono e da Taxonomia Sustentável Brasileira. Esta última, define critérios para que construções sejam consideradas “verdes” pelo mercado financeiro.

Com a expertise de quem impulsiona transformações positivas no mercado há mais de trinta anos, o CTE desenvolveu uma ampla gama de serviços integrados para apoiar seus clientes em suas jornadas visando a neutralidade das emissões de carbono. 

Esses serviços abrangem desde o diagnóstico de emissões, por meio da elaboração de inventários de carbono, até o monitoramento e reporte contínuo, passando pela definição de metas corporativas e pela implantação de estratégias eficazes de descarbonização.Quer saber como o CTE pode te ajudar a avançar na agenda da descarbonização? Entre em contato conosco!

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