As cidades estão em plena
transformação e um dos atores desse processo é o meio de transporte utilizado
pelas pessoas em seus deslocamentos.
Como reflexo das mudanças
proporcionadas pelo novo coronavírus, a mobilidade individual está em forte
crescimento, por meio do uso de carros particulares, bicicletas, patinetes e scooters elétricos. O objetivo é evitar
a utilização do transporte coletivo, potencialmente mais suscetível a
contaminações.
Na Europa, em países como
Alemanha e Inglaterra, e nos Estados Unidos, as mudanças no estilo de vida
impulsionaram as vendas e o uso de bicicletas, agregando uma possibilidade de
realização de atividade física, ao mesmo tempo que reduz as emissões de
carbono. A priorização do deslocamento por bicicleta, inclusive, faz parte das
recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) durante a pandemia de
Covid-19.
Com mais pessoas aderindo a
esses meios de locomoção, verifica-se a importância de os edifícios estarem
preparados para proporcionar locais com infraestrutura adequada para estadia,
carregamento e manutenção desses veículos.
Edifícios bike friendly
As ações para incentivar o
uso das bicicletas vêm tanto do poder público, quanto da iniciativa privada. Em
cidades como São Paulo, a lei de zoneamento exige que haja uma quantidade
mínima de vagas para bicicletas em edificações residenciais e comerciais. O
número deve ser proporcional às unidades habitacionais ou à área construída.
Ao mesmo tempo, é possível
encontrar exemplos de projetos que já foram concebidos com instalações
adequadas para bicicletas, especialmente em edifícios comerciais que almejam
certificações de sustentabilidade.
Entre as boas práticas de um
edifício bike friendly, destaca-se a
instalação de vestiários com chuveiros, armários e bebedouros, bem como a
disponibilização de ferramentas para a realização de pequenos reparos. É
recomendável, também, a previsão de vagas cobertas para bicicletas com proteção
contra furtos, e a implementação de sinalização interna e externa para
direcionamento seguro à área de bicicletário, quando possível, por ciclovia
interna.
Outra prática importante é
separar os bicicletários de curta e de longa permanência. Os primeiros são
dedicados a visitantes e devem estar próximos à entrada principal do edifício.
Reservados para funcionários e moradores, os bicicletários de longa permanência
precisam estar em área coberta, próxima aos vestiários e às demais
infraestruturas para ciclistas.
Suporte e estacionamento
Para o estacionamento de
bicicletas, há diversas soluções de suporte. As mais recomendadas são aquelas
acessíveis a todos, como os modelos U invertido, circular piso e circular
haste.
Para empreendimentos com pouca área disponível e que necessitam de muitas vagas para bicicletas, uma alternativa são os racks de dois andares.
Entre as novidades, podemos destacar o bike box, que funciona como um armário para bicicletas e pode apresentar um carregador para modelos elétricos, e o bike parklet, instalado na rua, em uma vaga de automóvel.
Veículos elétricos
Outro meio de transporte que
tende a ganhar relevância no Brasil é o carro elétrico. Na capital paulista,
conforme Lei n°
17.336/20, a
partir de abril de 2021, novos edifícios residenciais e comerciais deverão
prever infraestrutura para carregamento de veículos elétricos.
Para o futuro próximo, a
tendência é a de que outros municípios adotem legislações semelhantes. Isso
significa que os empreendimentos precisarão disponibilizar vagas exclusivas
para carregamento dos automóveis elétricos, devidamente sinalizadas, com
estação de recarga.
O mercado brasileiro já
apresenta equipamentos classificados como nível 2 ou superior de capacidade de
carregamento, com conexão à Internet e possibilidade de cobrança de tarifa
diferenciada em horário de pico.
Visando a comodidade dos
usuários e a sustentabilidade, seria interessante se os empreendimentos também
previssem locais para carregamento de e-bikes,
patinetes e scooters elétricos,
preferencialmente combinados com geração de energia solar.
Uma tecnologia que pode ajudar, nesse sentido, é a estação de recarga com capacidade para até 10 bicicletas, patinetes e scooters simultaneamente, com cobrança individual.
Com as
alternativas tecnológicas disponíveis, verificam-se várias oportunidades para
ajustar os edifícios às demandas dos novos tempos. Impulsionar o uso de modais
de transporte sustentáveis e seguros pode ser a resposta para uma série de
desafios, tanto na esfera individual, quanto na escala urbana e coletiva.
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Pamela Kahn
Arquiteta Consultora na Unidade de Sustentabilidade CTE
Formada em Arquitetura e Urbanismo, atua como Arquiteta Consultora na Unidade de Sustentabilidade CTE. LEED AP BD+C, Profissional Acreditado GBC Brasil Casa e Condomínio, DGNB Consultant.
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