Por Andrea Destefani
As cidades brasileiras vêm enfrentando desafios significativos decorrentes do adensamento urbano, das mudanças climáticas e de eventos extremos.
As ilhas de calor, fenômeno cada vez mais presente em nossas metrópoles, são caracterizadas pelo aumento da temperatura do ar nas áreas urbanas em relação ao seu entorno, possuindo uma relação direta com a morfologia das cidades. Outro fator relevante é a concentração de calor devido a atividades urbanas, como o tráfego de veículos. O tema é tratado de forma aprofundada pelo CTE em um artigo sobre desempenho térmico e as exigências da norma ABNT NBR 15.575.
O aumento da temperatura e as ilhas de calor colocam em risco o desempenho energético das edificações, demandando significativamente mais energia para o sistema de refrigeração.
O adensamento urbano e o aumento do fluxo de trânsito também impactam a demanda por isolamento acústico das fachadas das edificações. Avenidas movimentadas podem atingir níveis de pressão sonora de 80 a 90 dB, extremamente nocivos ao ouvido humano. Portanto, a importância de projetar envoltórias eficientes para novas edificações se torna cada vez mais evidente.
Fachadas em pele de vidro, bastante comuns em edifícios corporativos, embora esteticamente atrativas, podem gerar desafios.
Em termos de consumo energético, principalmente devido à alta transmissividade térmica e lumínica dos vidros, os ambientes internos podem sofrer com o aumento da carga térmica, caso a fachada não seja projetada para oferecer uma proteção passiva mais eficaz. Uma abordagem eficiente da envoltória pode contribuir diretamente para a eficiência energética em edificações, como mostra este artigo do CTE.
Outro fator que impacta a carga térmica é a iluminação artificial. Para otimizar o sistema de iluminação, torna-se crucial considerar o aproveitamento da luz natural. O design da fachada deve ser planejado de modo a maximizar a entrada de luz solar durante o dia, reduzindo a necessidade de iluminação artificial.
O uso de vidros com controle solar, como os de baixa emissividade ou com películas especiais, pode minimizar o ganho de calor e evitar sobrecarga no sistema de iluminação.
Quanto ao ar-condicionado, é essencial escolher vidros que controlem a radiação térmica, evitando sobrecarga nos sistemas de climatização. Além disso, sistemas de ventilação natural ou híbrida, integrados a sensores de temperatura e umidade, ajudam a reduzir a dependência do ar-condicionado. Essas estratégias estão alinhadas às soluções recomendadas pelo CTE em sua consultoria de desempenho térmico, lumínico e acústico.
Em relação à acústica, sistemas envidraçados podem ter limitações de isolamento, especialmente em empreendimentos localizados em áreas com altos níveis de ruído.
Para garantir o conforto acústico, é imprescindível mapear e analisar as fontes de ruído no entorno da edificação, como casas de show, estádios, escolas, rotas de aviões e ferrovias.
Paralelamente, é necessário avaliar os sistemas construtivos da edificação, como alvenaria, esquadrias e vidros, para garantir que atendam às necessidades específicas do local.
Essa análise permite a proposição de soluções de projeto personalizadas, capazes de mitigar os impactos do entorno e garantir o desempenho esperado.
O planejamento eficiente e integrado do sistema de envoltória resulta em edificações mais sustentáveis, auxiliando na obtenção de créditos para certificações como a LEED, por exemplo.
Além disso, reduz os custos operacionais, melhora o conforto ambiental dos ocupantes, aumenta a produtividade nos ambientes de trabalho e reduz as chances de questões trabalhistas.