Como o setor de turismo pode colaborar para a produção de cidades de baixo carbono?

A necessidade de reduzir os efeitos severos das mudanças climáticas associada à valorização dos princípios ESG (responsabilidade ambiental, social e de governança) tem impulsionado o setor de turismo a olhar com mais atenção para a sustentabilidade.

Especialmente nos empreendimentos de grande porte, como resorts e parques temáticos, a atenção com os impactos ambientais é fundamental, até pelo fato de essas instalações, muitas vezes, ocuparem áreas ambientalmente sensíveis e serem intensas consumidoras de água e de energia, sobretudo nos espaços voltados ao entretenimento. Também em hotéis urbanos, sejam eles novos ou existentes, a busca por uma interação mais saudável com a cidade e a promoção de bem-estar para os usuários vêm se tornando prioridades.

A sustentabilidade na hotelaria também é impulsionada por um fator econômico. Afinal, o uso mais racional de insumos diminui custos operacionais, impactando positivamente a competitividade e as margens de lucro desses empreendimentos. 

Há, ainda, uma questão de mercado, uma vez que ela é um fator de influência para milhares de viajantes na hora de escolher sua hospedagem. De acordo com um levantamento realizado pela HRS e pela Global Business Travel Association (GBTA), quase dois terços dos respondentes de uma pesquisa com viajantes corporativos priorizam se hospedar em locais com alguma certificação de sustentabilidade. 

Estratégias de sustentabilidade para o setor de turismo

Diversas práticas vêm sendo adotadas, não apenas para melhorar a imagem de marcas e atrair um público mais consciente, como também como estratégia de alinhamento com o ESG, cada vez mais demandado por investidores. 

Entre elas, há medidas de conservação de água, de eficiência energética e de utilização de fontes de energia renovável. Além do aspecto ambiental e da redução de custos operacionais, tais estratégias contribuem para elevar a resiliência dos empreendimentos, mesmo em caso de falta de água e de energia.

Há, também, ações para recuperação de ecossistemas e de biodiversidade como, por exemplo, o plantio de vegetação nativa, biodiversa e densa.

Além dos aspectos ambientais, os empreendimentos turísticos podem adotar medidas de fomento às relações comunitárias e de desenvolvimento local, bem como introduzir critérios ESG na seleção de seus fornecedores, maximizando a conscientização e os impactos positivos do negócio. 

Para projetos em fase de implantação, um ponto de partida interessante é focar os desenvolvimentos em áreas já urbanizadas. “Esse tipo de ação é sustentável em sua essência, pois permite reaproveitar e otimizar a infraestrutura existente nas cidades”, explica a arquiteta urbanista Myriam Tschiptschin, Head de Smart Cities e Infraestrutura Sustentável no CTE. Em outubro, Myriam participou do Business Summit 2024, promovido pela Asociación Industrial Hotelera del Paraguay.

Na ocasião, ela apresentou uma série de empreendimentos turísticos sustentáveis. Entre eles, o JW Marriott, um exemplo de inserção na malha urbana consolidada e de promoção do desenvolvimento compacto. O hotel faz parte do complexo Parque da Cidade, primeiro empreendimento na América Latina a alcançar nível Silver na certificação de bairro LEED Neighborhood Development. A certificação LEED Building Design & Construction (LEED BD+C) do hotel foi inclusive determinante na obtenção do selo de bairro e demonstrou que é possível combinar economia de recursos com um alto nível de conforto para os hóspedes.  Contamos mais sobre esse projeto neste vídeo.

JW Marriott (LEED BD+C) / Parque da Cidade (LEED ND)

Há, também, diversas oportunidades de reduzir os impactos ambientais em empreendimentos turísticos já em operação, especialmente ao considerar a relação dessas estratégias com a economia operacional.

Pode-se destacar a instalação de sensores integrados a softwares de análise de dados para monitorar, em tempo real, o consumo de água e de energia, permitindo aos gestores antecipar perdas e agir rapidamente, minimizando desperdícios e melhorando o desempenho operacional. O monitoramento eficiente de consumos foi adotado nos hotéis da rede BHG, administradora de instalações em Recife (PE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). 

Certificações ambientais para o setor de turismo

A busca por certificações ambientais é outra prática recomendada para empreendimentos turísticos. “Além de fornecerem indicadores, métricas e metas, que permitem tangibilizar os ganhos de desempenho, os selos atuam como uma chancela de terceira parte, o que é essencial em um cenário ainda marcado pelo greenwashing”, afirma Myriam Tschiptschin, que também é coordenadora da Comissão ESG na Associação para o Desenvolvimento Imobiliário e Turístico do Brasil (ADIT). 

No caso de complexos hoteleiros de grande escala, parques e resorts, entre os selos que podem ser almejados, está o Fitwel Community, que estabelece estratégias com foco em saúde, bem-estar e resiliência. O Porto Belo Golf Resort, em Porto Belo, SC, é o primeiro empreendimento no Brasil a receber essa certificação. Outro processo aderente a essa tipologia é o LEED for Communities, certificação que reconhece comunidades de baixo carbono e que também promovem qualidade de vida para as pessoas. No setor de turismo, dois exemplos emblemáticos certificados LEED for Communities são o Shanghai Disney Resort e o Universal Beijing Resort. Estes dois selos se aplicam tanto a projetos em desenvolvimento, como em operação. 

Porto Belo Golf Resort (Fitwel Community)

Há, ainda, a certificação Sustainable Sites, que visa conciliar a implantação de novos projetos a um design ambientalmente sustentável e resiliente. O Complexo Turístico Maraey, em Maricá, RJ, foi o primeiro empreendimento de uso misto na América do Sul a obter essa pré-certificação nível Gold, além de ser o primeiro destino turístico de iniciativa privada no mundo a obter o selo Biosphere Sustainable, criado pelo Instituto de Turismo Responsável (RTI). O empreendimento, que abrigará o hotel Rock in Rio, se destaca pela preservação de áreas de restinga, com a criação de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), pela implementação de infraestrutura verde de drenagem, com jardins de chuva ao longo de todo o sistema viário, e pela especificação majoritária da biodiversidade nativa, que apresenta menor demanda hídrica e maiores benefícios ecossistêmicos.

Entre as certificações desenvolvidas para destinos turísticos, outra opção é a Green Key, que atesta a operação sustentável de equipamentos de hospedagem, parques temáticos, centros de eventos, restaurantes e outras atrações turísticas. No Brasil já há vinte destinos certificados com esse selo, reconhecido pelo Global Sustainable Tourism Council.

Com foco na promoção de práticas sustentáveis, transparentes e responsáveis, o CTE atua para integrar princípios ESG em toda a cadeia da construção, contribuindo para um futuro 

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