Nos últimos dez anos, a utilização da madeira na estrutura de edificações vem adquirindo um novo status graças ao desenvolvimento da madeira engenheirada. Estamos nos referindo a um conjunto de produtos extraídos de florestas plantadas e submetidos a tratamentos e processos químicos e físicos industriais para agregar qualidade e homogeneidade.
Pré-fabricados, esses materiais, viabilizam a produção de edifícios com racionalidade, precisão e produtividade. Além disso, trata de uma matéria-prima renovável, que captura carbono da atmosfera, contribuindo para a redução do efeito estufa. Um metro cúbico de madeira engenheirada retira uma tonelada de gás carbônico da atmosfera.
“A construção e a manutenção de empreendimentos imobiliários representam cerca de 39% das transferências globais de CO₂. Calcula-se, ainda, que a substituição do aço por madeira laminada cruzada (CLT) possa reduzir a pegada de carbono de uma construção em até 20%”, informa Cíntia Valente, diretora de marketing na Noah.
Produzida em escala fabril, longe do canteiro, a madeira engenheirada também viabiliza a construção off-site. “Com esse processo mais rápido e menos intensivo de mão de obra, a obra transforma-se em uma linha montagem e é possível chegar em taxas de desperdício próximas a zero”, continua a executiva da Noah.
No hemisfério norte, onde a ênfase por sustentabilidade é maior, a construção com madeira engenheirada acontece, inclusive em edifícios residenciais e altos. Já no Brasil, esse material acompanha certa dose de desconhecimento. Questionamentos sobre resistência a intempéries e comportamento ao fogo constantemente são feitos e merecem esclarecimento para a promoção mais consistente dessa alternativa estrutural. O post de hoje joga luz sobre essas dúvidas. Continue conosco:
Mito 1: Comportamento em situação de incêndio
No caso das estruturas de madeira, a obtenção do TRRF (Tempo Requerido de Resistência a Fogo) exigido pelo Corpo de Bombeiros está relacionado ao desempenho mecânico do material. A conquista desse índice depende de um dimensionamento que considere a seção extra de madeira que pode, eventualmente, carbonizar, e a seção estrutural que precisa ser mantida para suportar as cargas.
Com relação à propagação de chamas, a madeira engenheirada pode atender as exigências mais rigorosas após receber a aplicação superficial de verniz retardante de chamas. Com relação ao controle da propagação de fumaça, um bom projeto é fundamental para proporcionar a compartimentação adequada.
Mito 2: A durabilidade das estruturas de madeira
Em várias regiões do mundo há exemplos de construções de madeira centenárias. Apesar disso, ainda há dúvidas sobre a durabilidade das estruturas de madeira engenheirada em países tropicais. Afinal, a umidade e as variações climáticas são inimigos importantes desse material.
Com relação à durabilidade, a normatização brasileira orienta que toda madeira macia para uso estrutural passe por tratamento em autoclave com conservantes. Associado a esse tratamento, é recomendável que a estrutura de madeira seja projetada com algum sistema de proteção, como beirais, rufos e revestimentos. Quando inserida em projeto alguma proteção física, construções em madeira engenheirada podem atingir mais de 60 anos de durabilidade com baixo custo de manutenção.
Mito 3: Proteção ao ataque de xilófagos
A vida útil de uma edificação erguida com madeira deve ser análoga à esperada para os demais sistemas construtivos, como o aço e o concreto.
Para evitar comprometimento em função do ataque de insetos xilófagos, durante o processo de produção, a madeira engenheirada é submetida a um tratamento em autoclave, que permite impregnar profundamente o material com produtos inseticidas e fungicidas. Há, também, um processo rigoroso de secagem das toras em estufas para atingir um teor de umidade ideal para proteção contra parasitas e fungos.
Mito 4: Design limitado
Diferentes modelos estruturais podem ser explorados com a combinação de painéis e perfis de madeira engenheirada. Há, inclusive, sistemas híbridos, que combinam a madeira com aço e concreto. Em função da facilidade de trabalhar a madeira, é possível explorar linguagens arquitetônicas das mais diversas, inclusive formas curvas.
É importante frisar que quando uma obra começa a ser fabricada com madeira engenheirada tudo deve ser decidido e predeterminado na fábrica. Não há margens para ajustes e mudanças no local. O ideal, inclusive, é que as estruturas sejam modeladas e compatibilizadas em BIM (Building Information Modeling) para só então serem produzidas em máquinas CNC (controle numérico computadorizado) com precisão milimétrica.
A Unidade de Inovação e Tecnologia do CTE apoia diversos agentes da cadeia da construção no uso de inovações. Nossa equipe vem acompanhando todo o processo de disseminação da madeira engenheirada no Brasil. Ficou curioso para saber mais? Então entre em contato conosco!