Quais caminhos a arquitetura e a engenharia devem seguir para enfrentar os desafios ambientais do presente e do futuro? Essa foi uma pergunta central que norteou os debates no Greenbuild International Conference and Expo, realizado em novembro, em Los Angeles.
Organizado pelo U.S. Green Building Council (USGBC), o evento é um dos mais importantes encontros globais sobre sustentabilidade na construção civil. Nesta edição, reuniu cerca de 20 mil participantes de 50 países, com uma programação intensa: mais de 300 palestrantes e 100 sessões educacionais que abordaram temas como resiliência urbana, descarbonização, financiamento sustentável e políticas climáticas. Além das discussões, o espaço também serviu como vitrine para apresentar tecnologias e materiais inovadores.
Assim como em anos anteriores, Adriana Hansen e Rafael Lazzarini, diretores de Sustentabilidade no CTE, participaram ativamente do Greenbuild, contribuindo com os debates técnicos nos quatro dias de evento. A seguir, eles citam os assuntos que consideraram mais relevantes, principalmente por revelarem movimentos que estão se consolidando como práticas efetivas. Confira:
LEED v5: novos padrões para edifícios resilientes
Um dos temas mais debatidos em Los Angeles foi a versão 5 do LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), lançada no início de 2025. O novo referencial da principal certificação para edifícios sustentáveis oferece etapas claras para diminuir as emissões de carbono, garantir o bem-estar dos ocupantes e construir edificações mais resilientes.
Em sua mais recente atualização, o LEED elevou a régua em relação à eficiência energética, um reflexo da preocupação da comunidade técnica em estimular o desenvolvimento de projetos capazes de responder melhor aos efeitos das mudanças climáticas.
Com o dobro de pré-requisitos em relação à versão anterior, o LEED v5 exigirá que a concepção do projeto discuta as premissas de sustentabilidade, resiliência climática, saúde humana e restauração ecológica, fortalecendo uma visão holística e resultados mais sólidos ao longo de todo o desenvolvimento e operação dos edifícios. Falamos mais sobre o LEED v5 neste artigo. Não deixe de ler.
Materiais sustentáveis sob cinco dimensões de impacto
Uma característica da construção civil é utilizar um portfólio extenso e diverso de materiais. Por isso mesmo, é tão importante entender o que deve ser observado na hora de realizar uma especificação com foco em sustentabilidade.
Com relação aos materiais, o processo de avaliação do LEED leva em conta cinco dimensões de impacto: saúde humana, resiliência climática, circularidade, equidade social e impacto nos ecossistemas. Esses critérios servem de referência não apenas pelos projetos que pleiteiam a certificação, como também por todos os que têm algum compromisso com a responsabilidade ambiental.
IA desponta como ferramenta estratégica na descarbonização
Outro tema muito presente nos debates do Greenbuild foi o uso da Inteligência Artificial para apoiar o desenvolvimento de estratégias de descarbonização, resiliência e análise de risco. A urgência climática impõe desafios na concepção de novos empreendimentos e na operação das edificações existentes. Eles tornam ainda mais necessários os estudos prospectivos sobre o comportamento das edificações subsidiados pelo tratamento de uma grande quantidade de dados.
A IA se destaca como ferramenta nesse cenário, oferecendo oportunidades para análise e modelagem de dados, gestão de projetos e operações de edifícios inteligentes. “Os debates mostraram muito claramente a importância de trabalharmos a inovação, a tecnologia e o uso inteligente de dados a partir de IA rumo à descarbonização e à garantia de mais resiliência aos nossos prédios”, afirma Adriana Hansen, que é LEED Fellow BD+C.
O CTE já utiliza amplamente a Inteligência Artificial e a Internet das Coisas para coletar e analisar dados da operação de edifícios visando a maximização de eficiência e a diminuição da pegada de carbono.
Sistemas prediais sob os holofotes do carbono
Outra tendência que vem se firmando é a atenção mais cuidadosa com os sistemas prediais, diante da constatação de que eles podem representar uma parcela significativa das emissões de carbono de uma edificação. Em uma das sessões do Greenbuild, foram apresentados estudos que destacam a necessidade de incluir os sistemas prediais nos cálculos de impacto ambiental e de pegada de carbono dos edifícios.
“Quando consideramos especialmente a questão dos gases refrigerantes do sistema de ar-condicionado, os sistemas prediais podem responder por até 64% da pegada de carbono de um prédio inteiro”, informa Hansen, ressaltando a importância de uma gestão mais rigorosa desses gases. Segundo a diretora técnica de Sustentabilidade do CTE, apenas um quilo de gás refrigerante pode gerar de 1.500 a 1.600 vezes mais impacto ambiental do que um quilo de CO₂.
A necessidade de considerar o carbono incorporado nas instalações prediais foi abordada neste texto, que repercute uma palestra de Ibrahim Kronfol, gerente de design da DAR e fundador da Green Leaders. Na ocasião, o especialista apresentou algumas estratégias para reduzir o impacto ambiental associado às instalações. Entre elas, a simplificação dos sistemas, com o objetivo de utilizar menos materiais; a preferência por fluidos refrigerantes com menor potencial de aquecimento global; e a adoção de medidas passivas de resfriamento e aquecimento.Líder no mercado de green buildings no Brasil, o CTE oferece consultoria para o desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis de alto desempenho, com proposição de soluções técnicas e a introdução de inovações tecnológicas em projetos de pequeno, médio e grande porte. Com mais de 500 projetos certificados com o apoio de sua consultoria de sustentabilidade, o CTE trabalha com um conjunto de serviços integrados para apoiar seus clientes a atingir suas metas de neutralidade das emissões de carbono. Entre em contato para saber mais!
Autor
Juliana Nakamura
Jornalista formada pela PUC-SP, com pós-graduação em Mídias Digitais. Com mais de vinte anos de experiência, atuou em diversos veículos de comunicação, como O Estado de S. Paulo, UOL, Editora Pini e Casa Vogue. Especializada na cobertura de temas ligados à construção civil, mercado imobiliário, arquitetura e urbanismo, também desenvolve conteúdo para entidades setoriais e empresas. Desde 2020, colabora com CTE.


