Taxonomia Sustentável Brasileira: como as empresas devem se preparar?

Em meio à necessidade de avançar em direção a uma economia de baixo carbono, o Brasil está dando um passo importante ao desenvolver sua taxonomia sustentável.

Trata-se de uma ação fundamental para o avanço da agenda das finanças sustentáveis, capaz de trazer benefícios para as empresas e para os investidores que se alinharem aos seus critérios e indicadores. 

A Taxonomia Sustentável Brasileira passou por consulta pública entre novembro de 2024 e março de 2025 após um período de discussões técnicas das quais o CTE participou, por meio de sua Diretora Técnica de Sustentabilidade, Adriana Hansen. Dessa forma, a expectativa é de que a versão final dos cadernos técnicos seja publicada muito em breve.

O que é a Taxonomia Sustentável Brasileira?

A Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB) é uma ferramenta financeira que fixa, de maneira nítida, objetiva e com base científica, atividades, ativos e/ou categorias de projetos que contribuem para objetivos climáticos, ambientais e/ou sociais, por meio de critérios específicos.

“Taxonomia” é um termo emprestado da biologia, originalmente utilizado para classificar e organizar os seres vivos em categorias, de acordo com suas características. China (2015) e União Europeia (2020) já têm publicadas suas taxonomias verdes. Outros países como África do Sul, México e Colômbia também já desenvolveram suas taxonomias, inspiradas, principalmente, no modelo europeu. 

Quais são os objetivos da taxonomia sustentável brasileira?

A taxonomia brasileira foi desenvolvida por um grupo de trabalho interinstitucional liderado pelo Ministério da Fazenda. Para sua governança, foi criado o Comitê Interinstitucional da Taxonomia Sustentável Brasileira, órgão de natureza consultiva e deliberativa, responsável pela coordenação do desenvolvimento e da implementação da taxonomia.

A Taxonomia Sustentável Brasileira tem como principais objetivos:

  • Orientar os investimentos públicos e privados para atividades com impactos positivos ambientais, sociais e econômicos;
  • Evitar o greenwashing, garantindo que o que é rotulado como “sustentável” cumpra critérios técnicos e científicos;
  • Apoiar políticas públicas alinhadas com os compromissos climáticos e sociais do Brasil;
  • Facilitar a transição para uma economia verde, promovendo transparência e credibilidade no mercado financeiro;
  • Harmonizar critérios com outras taxonomias internacionais, fortalecendo a posição do Brasil em acordos globais e evitando barreiras ambientais para exportações.

Além disso, a taxonomia brasileira aborda 11 objetivos climáticos, ambientais e econômico-sociais. São eles:

1. Mitigação da mudança do clima

2. Adaptação às mudanças climáticas

3. Proteção e restauração da biodiversidade e ecossistemas

4. Uso sustentável do solo e conservação, manejo e uso sustentável das florestas

5. Uso sustentável e proteção de recursos hídricos e marinhos

6. Transição para economia circular

7. Prevenção e controle de contaminação

8. Geração de trabalho decente e elevação da renda

9. Redução de desigualdades socioeconômicas, considerando aspectos raciais e de gênero

10. Redução de desigualdades regionais e territoriais do país

11. Promoção da qualidade de vida, com ampliação do acesso a serviços sociais básicos. 

Diferentemente de outras taxonomias exclusivamente focadas em aspectos ambientais, o documento brasileiro também incorpora objetivos sociais, em um esforço para reduzir desigualdades. 

Quais são os princípios da Taxonomia Sustentável Brasileira?

A Taxonomia Sustentável Brasileira está organizada em sete eixos, que abrangem os principais setores da economia nacional, inclusive a indústria de construção. 

Cada eixo possui critérios e indicadores específicos que permitem avaliar se uma atividade é sustentável ou não, conforme os três princípios:

  1. Contribuir substancialmente com um ou mais dos onze objetivos climáticos, ambientais e econômico-sociais estratégicos já citados.
  2. Não prejudicar significativamente nenhum dos outros objetivos. Isso significa que uma atividade que reduz suas emissões de gases de efeito estufa não pode impactar negativamente a biodiversidade, por exemplo.
  3. Cumprir com as salvaguardas mínimas, que são os padrões éticos e legais mínimos aplicáveis às companhias, conforme políticas, processos e práticas adotadas internamente.

Como as empresas devem se preparar para a Taxonomia Sustentável Brasileira?

Como forma de avaliação corporativa, a taxonomia brasileira sugere que as companhias abertas listadas e as empresas de grande porte possuam políticas, processos e práticas internas que evidenciem o atendimento aos seus critérios. Para tanto, está sendo criado um sistema de Monitoramento, Reporte e Verificação (MRV). 

Mas a tendência é a de que as empresas, de modo geral, sejam cada vez mais impactadas por regulamentações que versam sobre a sustentabilidade e a redução de emissões de carbono, a exemplo da criação recente do Mercado Regulado de Carbono

Para aquelas que desejam se manter competitivas e alinhadas com as novas exigências, ter as atividades em linha com a Taxonomia Sustentável Brasileira pode ser um fator importante de competitividade. Afinal, isso pode significar: 

  • Acesso facilitado a crédito verde e a incentivos fiscais;
  • Preferência em licitações públicas;
  • Maior valorização de mercado e confiança de consumidores e investidores;
  • Contribuição para o desenvolvimento sustentável.

Para essas organizações, é altamente recomendável preparar-se desde já por meio de ações que incluem:

  • Mapeamento de atividades;
  • Revisão de políticas internas para garantir conformidade com os critérios técnicos e salvaguardas;
  • Implementação de sistemas de gestão de riscos socioambientais. O objetivo deve ser identificar, prevenir, mitigar e remediar riscos e impactos adversos nos aspectos ambientais e sociais abrangidos pela taxonomia, englobando tanto as operações diretas quanto a cadeia de valor;
  • Preparação para reportar dados ao sistema de Monitoramento, Reporte e Verificação.
  • Investimento em governança e transparência, estabelecendo metas e indicadores claros para diversidade, equidade e impacto ambiental.

Impulsionando transformações positivas no mercado há mais de trinta anos, o CTE desenvolveu uma ampla gama de serviços integrados para apoiar seus clientes em suas jornadas visando a sustentabilidade e a neutralidade das emissões de carbono. 

As soluções se aplicam para as atividades empresariais, para os edifícios e para os projetos de escala urbana, com foco na redução de impactos ambientais adversos, na redução de custos operacionais e no aumento do valor dos ativos. 

Entre em contato para saber como o CTE pode te ajudar a estar mais alinhado com as novas exigências e transformações em curso.

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