Em todo o mundo, o interesse por soluções construtivas inovadoras baseadas em madeira é crescente. Destacam-se, nesse sentido, tecnologias como o woodframe e a madeira engenheirada, em especial na forma de produtos como a madeira laminada colada (MLC) e o cross laminated timber (CLT).
Esse movimento é explicado tanto por aspectos estéticos e estruturais da madeira, material natural associado a durabilidade e conforto, quanto pela sustentabilidade ambiental.
Afinal, em seu processo de crescimento, a madeira é capaz de estocar CO₂, impactando positivamente a pegada de carbono dos empreendimentos que a utilizam.
Além disso, tanto a madeira engenheirada, quanto o woodframe, são sistemas construtivos industrializados, cujos elementos chegam prontos para a montagem, garantindo precisão milimétrica, melhor qualidade, mais produtividade e menos desperdício.
No meio técnico brasileiro, a segurança em caso de incêndio sempre foi uma questão que gerou dúvidas sobre as possibilidades de aplicação estrutural da madeira.
A recente publicação da Instrução Técnica 08/2025 parte 2 acontece, justamente, para trazer clareza a esse contexto, eliminando uma lacuna normativa e adicionando segurança para as edificações com madeira em suas estruturas.
Segundo Keyla Moreira, analista no CTE especializada em proteção contra incêndios, ao estabelecer parâmetros claros para projetistas e construtores, a Instrução Técnica representa um avanço significativo para a construção em madeira no Brasil.
O que muda com a publicação da norma Instrução Técnica?
A IT 08/2025 – Parte 2: Segurança estrutural contra incêndio dos sistemas construtivos em madeira foi elaborada pelo Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo, tomando como referência o International Building Code (IBC) de 2021 e o Regulamento de Segurança Contra Incêndio em edificações e áreas de risco do Estado de São Paulo.
O documento estabelece que o dimensionamento das estruturas de madeira em situação de incêndio precisa seguir a metodologia recomendada pela norma brasileira ABNT NBR 7190 – Projetos de estruturas de madeira.
Além disso, a IT traz exigências para as construções em função das características da estrutura, classificadas em três tipos:
Tipo 1 – Estrutura de madeira massiva em edificação totalmente protegida por materiais de revestimento contra fogo
- Nesse caso, os elementos de madeira devem ser protegidos com material de revestimento contra fogo, incluindo shafts, telhados e espaços ocultos.
- A construção deve ser capaz de resistir à totalidade do TRRF (Tempo Requerido de Resistência ao Fogo) indicado.
- A edificação deve ter fachada totalmente revestida.
Tipo 2 – Estrutura de madeira massiva em edificação sem proteção de materiais de revestimento contra fogo
- Nesse caso, não há necessidade de revestir os elementos estruturais de madeira massiva, exceto nas áreas de shafts e nos espaços ocultos.
- A fachada, quando for composta por elementos estruturais de madeira, precisa ser totalmente revestida com materiais comprovadamente incombustíveis.
Tipo 3 – Estruturas de wood frame
- Nessas construções, todos os elementos estruturais de madeira devem ser protegidos com material de revestimento contra fogo, incluindo shafts e espaços ocultos.
- A composição construtiva deve ser capaz de resistir à totalidade do TRRF indicado.

Outras exigências trazidas pela IT para estruturas de madeira
Compartimentação vertical – A Instrução Técnica define que as edificações do tipo 1 ou com wood frame (tipo 3) devem possuir contrapiso incombustível de, no mínimo, 25 milímetros de espessura.
Além disso, os encontros entre elementos estruturais devem ser selados para garantir integridade e isolação térmica. O contrapiso incombustível aplicado sobre a estrutura pode substituir a selagem caso seja submetido ao ensaio citado com resultado positivo.
Pintura intumescente – Pode ser utilizada como alternativa ao revestimento contra fogo, desde que tenha seu desempenho confirmado por meio de ensaios laboratoriais.
Altura limite – A determinação é estabelecida com base no tipo de construção, grau de exposição da madeira ao fogo, instalação de chuveiros automáticos e detecção de incêndio, bem como grupo/divisão de uso da edificação.
Selantes – O documento do Corpo de Bombeiros esclarece, ainda, como devem ser os selantes utilizados na produção da madeira engenheirada, bem como os requisitos técnicos para as ligações metálicas entre elementos estruturais.
O CTE vem auxiliando projetistas, construtores e gestores de ativos no desenvolvimento de edificações mais seguras em caso de incêndios.
Em seu portfólio, destacam-se serviços como a auditoria de sistema de incêndio, ferramenta essencial para avaliar a conformidade técnica e identificar vulnerabilidades que possam gerar riscos legais, operacionais ou patrimoniais. Entre em contato para falarmos mais a respeito!