As cidades inteligentes são aquelas ocupações urbanas que fazem uso estratégico de infraestrutura, serviços, informação e comunicação visando responder às necessidades sociais e econômicas da comunidade, não só das gerações atuais, como também das futuras.
“O objetivo de uma smart city é promover qualidade de vida para os seus moradores, diminuir o consumo de recursos naturais minimizando impactos ambientais, e garantir eficiência operacional”, definiu Patrícia Eiko, analista sênior na unidade de Smart Cities do CTE.
A engenheira foi uma das palestrantes do webinar “Smart Cities, CIM e Sustentabilidade”, promovido pelo WIB — Women in BIM em setembro. Na oportunidade, ela lembrou que uma cidade inteligente se consolida por meio da combinação de estratégias low-techs e high-techs. “A tecnologia não é o fim, mas um meio. Ela funciona como uma ferramenta que auxilia a promoção da qualidade de vida, a preservação ambiental e a inovação”, salientou.
Base de dados 3D
Ainda que uma cidade inteligente não se faça apenas de tecnologia, um dos primeiros passos para a criação de uma smart city é a coleta de dados a partir dos quais o gestor pode embasar suas decisões. Neste ponto, soluções como o CIM (City Information Modeling), são bastante eficazes, segundo Alexander Justi, especialista CIM e diretor-executivo do Grupo AJ.
Já utilizado em locais como Singapura, no Sudeste Asiático, e em Helsinque, na Finlândia, o CIM trabalha com dados vinculados a uma base 3D e camadas de informações. Com recursos similares ao BIM (Building Information Modeling), ele permite reunir todos os elementos que compõem uma cidade em composição com dados georreferenciados.
O CIM funciona da mesma maneira que o BIM: todos os elementos são centralizados em um modelo 3D, com associação de dados. A partir daí, torna-se possível realizar a simulação completa e fidedigna de uma localidade, favorecendo o gerenciamento de instalações, transporte, segurança pública, gestão de terras e da água, etc.
As built das cidades
Enquanto o BIM trabalha com famílias de objetos paramétricos para escala das edificações, o CIM utiliza bibliotecas de padrões urbanos, como avenidas, ruas, calçadas, lotes, blocos, bairros, topografia, tráfego de veículos e pessoas, densidade demográfica, etc.
Uma das aplicações do CIM é a realização de simulações. Em algumas cidades, a tecnologia tem sido utilizada por serviços de emergência para definir rotas de fuga em caso de incêndio ou de ataque terrorista. Há, também usos com foco em desempenho energético e hídrico, permitindo à administração ajustar a oferta de serviço à demanda da população.
Segundo Justi, uma cidade inteligente que realiza a modelagem em 3D com banco de dados associado, permite um melhor planejamento urbano e pode contar, por exemplo, com:
- Mobilidade urbana mais eficiente, com melhor controle de tráfego;
- Maior controle de emissões de gases;
- Iluminação pública que se ajusta às necessidades e clima;
- Monitoramento de câmeras nas vias urbanas;
- Melhor a oferta de vagas de estacionamento;
- Soluções para as áreas de saúde e educação;
- Limpeza pública e processos de reciclagem mais eficientes
CIM: desafios de implantação
Além do BIM, o ambiente CIM é formado por uma união de tecnologias, incluindo Internet das Coisas, Big Data, Cloud Computing e Realidade Artificial. Para captação de dados de tubulações enterradas, também é possível integrar soluções de escaneamento baseadas em sonar. O objetivo, ao final do processo, é ter um as built da cidade.
Como não poderia ser diferente, implantar um sistema tão complexo e amplo requer a superação de desafios, a começar pela padronização do formato de dados.
Além disso, assim como a figura do BIM Manager é importante nas implantações BIM, também deve haver um CIM Manager para coordenar os diversos participantes do projeto, garantir a qualidade dos dados e a harmonização dos processos.
“O CIM ainda parece uma utopia para muita gente, mas vale lembrar que o BIM também começou assim”, salientou Justi. Um indicador de que o desenvolvimento tecnológico deve caminhar nesta direção é os principais fornecedores de softwares BIM (Autodesk e Bentley) já disponibilizarem tecnologia para CIM.
A Unidade de Smart Cities do CTE atua em projetos de escala urbana e de infraestrutura — comunidades planejadas, bairros, cidades, obras de infraestrutura e políticas públicas — com consultoria técnica nas áreas de sustentabilidade, tecnologia, inteligência e inovação. Entre em contato para falarmos mais a respeito!