A racionalização do uso da água potável adquiriu protagonismo nos últimos anos em
resposta às frequentes crises de abastecimento e à
necessidade de reduzir a pressão sobre os mananciais. Ações com foco na redução
de desperdícios e no aproveitamento de fontes alternativas passaram a ser
adotadas para atenuar a vulnerabilidade dos
edifícios e reduzir custos de operação.
Mas
a eficiência dessas ações depende de um plano de gestão hídrica consistente,
que compatibilize a redução da demanda, o controle de perdas e a utilização bem
sucedida das diferentes fontes de água. Este é o tema do post de hoje. Continue conosco para saber mais:
Como reduzir a demanda por água nos edifícios?
Independente
da tipologia do empreendimento, um programa de gestão hídrica deve buscar, em
primeiro lugar, diminuir a demanda de água, sem comprometer o conforto dos usuários e a manutenção das
atividades cotidianas. Uma ação bastante difundida, nesse sentido, é a
instalação de equipamentos eficientes, como torneiras de fechamento automático
e bacias de duplo acionamento.
Mas há mais a ser
feito nesse campo. Muitas vezes negligenciado, o sistema de irrigação
automatizado, quando bem configurado, pode oferecer boas oportunidades para
reduzir a demanda de água. Wagner Oliveira, diretor da Unidade Operação
Sustentável do CTE, explica que é bastante comum jardins com irrigação
automatizada apresentarem consumo real superior ao projetado. Por isso, pode
ser interessante investir na reconfiguração do
sistema de acordo com as necessidades do paisagismo ao longo do ano.
Outra dica é observar os sistemas de ar condicionado, especialmente aqueles com
torres de resfriamento. Este é um item com índices
de consumo de água elevados, em torno de 30%,
chegando a até 60% do consumo total do edifício. Daí a importância de ações de
controle desde o momento da escolha da
tecnologia, dando preferência às soluções que disponham de sistemas mais eficientes.
Para os edifícios já em
operação, uma saída é trabalhar
com controle de purga automatizado. Um sistema de automação com base em
condutivímetro, por exemplo, pode reduzir substancialmente o consumo de água ao
avaliar a qualidade da água e a quantidade de sais dissolvidos para liberar
somente o volume necessário para a operação do equipamento.
Uma prática recomendada aos
gestores é avaliar periodicamente o consumo de água da torre em relação ao
ciclo de circulação. O objetivo, nesse caso, deve ser certificar-se de que os índices estão de acordo com o especificado
em projeto.
Controle de perdas e redução de desperdícios
Quando
falamosem reduzir a demanda de água
em uma edificação, inevitavelmente devemos abordar
a redução de desperdícios. Esse trabalho começa com o controle de vazamentos
desde os mais simples, como os que ocorrem em dispositivos sanitários, até os
mais complexos, como os localizados em tubulações enterradas.
Uma gestão focada na racionalização da água
não pode prescindir de um programa de manutenção consistente e contínuo, capaz
de garantir que vazamentos não existam ou sejam minimizados.
Um método simples e bastante útil é o de
avaliação do nível do reservatório. Em um horário sem consumo (à noite, por
exemplo), suspende-se o abastecimento do reservatório. Na manhã seguinte,
avalia-se com uma régua o quanto a lâmina de água desceu. Tomando como base a
dimensão do reservatório e a eventual diferença de altura da lâmina de água é
possível não apenas detectar se há perdas, como ter uma ideia do seu tamanho.
Assim como a manutenção dos equipamentos, o comportamento dos usuários tem enorme impacto no consumo de água dos edifícios. Por isso, a administração dos recursos hídricos deve incluir um programa de comunicação e conscientização para que boas práticas sejam adotadas. “É importante que esse programa contemple os diferentes grupos de usuários, incluindo as equipes de manutenção e limpeza”, salienta o diretor do CTE.
Uso de fontes alternativas
Uma vez ajustada a
demanda, as atenções podem se voltar para as fontes alternativas de água. Diversas
tecnologias são exploradas em edifícios comerciais. As mais usuais são a
captação de água pluvial e o tratamento de águas cinzas e negras.
Há também fontes menos
conhecidas, como as águas que são condensadas do sistema de refrigeração do ar.
Esse é um volume de água que pode ser significativo, às vezes até superior ao
obtido pela coleta de água das chuvas, com a vantagem extra de oferecer um
líquido relativamente limpo, que dispensa tratamentos complexos para ser
colocado em circulação. Sobretudo para irrigação, o aproveitamento da água
condensada pode ser interessante por não exigir muitos investimentos para a
construção de tubulações. Ainda assim, são necessários cuidados. Por ser
praticamente destilada, essa água que provém do sistema de ar condicionado é
pobre em sais. Sua aplicação no paisagismo, portanto, deve prever a combinação
com outras fontes de água ou estratégias para compensar a baixa oferta de sais.
Todo e qualquer
projeto de reaproveitamento de água precisa estar em consonância com as normas
e legislações vigentes, lembrando que o uso de fontes alternativas transforma o
empreendimento em um produtor de água.
Duas referências
importantes são a ABNT NBR 16.782:2019 e a ABNT NBR 16.783:2019. A primeira
trata da conservação de água em edificações, estabelece orientações,
diretrizes, requisitos e procedimentos para a realização da conservação em
edifícios, novos e existentes. Já a NBR 16.783 aborda o uso de fontes
alternativas não potáveis em edificações, estabelecendo parâmetros que contemplam
variáveis físicas, químicas e microbiológicas da água.
Gestão e controle dos recursos hídricos
Tão importante quanto
investir em ações para reduzir a demanda e o desperdício de água é dispor de um
sistema de gestão eficaz, que ofereça uma visão geral do uso dos recursos
hídricos e permita acompanhar os principais grupos consumidores.
Há uma série de soluções para apoiar um
controle confiável e preciso. Alguns exemplos são a telemetria para coleta dos
dados de água na entrada principal da concessionária e os sistemas inteligentes
que identificam vazamentos assim que eles acontecem.
A telemetria também é extremamente
importante para viabilizar a segmentação do consumo por locatário e,
consequentemente, reduzir custos. Vale lembrar que, na maioria das vezes, os
condomínios possuem um único hidrômetro e o rateio é feito por fração ideal, ou
seja, divide-se o consumo global de água do edifício pelo total de área ocupada
pelo condômino. Isso, obviamente, não estimula a racionalização.
Qualidade da água
A gestão dos recursos
hídricos não pode se dedicar apenas a controlar a quantidade, mas também deve
cuidar da qualidade da água.
Entre as diversas
normas e regulamentações sanitárias a serem atendidas nesse processo destaca-se
a recém-publicada ABNT NBR 16.824: Sistemas de distribuição de água em
edificações – Prevenção de legionelose. Esse texto apresenta uma série de
orientações, métodos e práticas de gerenciamento de riscos para a prevenção da
legionella, bactéria que se espalha por meio de vapores como os produzidos por
unidades de ar condicionado.
A qualidade da água
também desperta preocupações em função da recente pandemia de Covid-19. Com a
desocupação dos edifícios comerciais por um longo período, é possível que a potabilidade
da água armazenada nos reservatórios não atinja o padrão exigido por norma. Isso por causa do
menor teor de cloro, elemento que tende a volatilizar na água que permanece
parada por muito tempo.
Por isso, a retomada
do funcionamento pleno dessas estruturas deve ser acompanhada da realização de
testes para garantir a segurança dos usuários. Da mesma forma é importante
eliminar a água que ficou retida dentro da tubulação, ainda mais nos edifícios
que ainda utiliza condutores de ferro.
A Unidade
CTE Operação Sustentável implementa soluções integradas para
otimizar a operação dos edifícios e desenvolve estratégias de gestão hídrica.
Para saber mais, entre em contato conosco!
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