O isolamento acústico tem papel fundamental para a performance de um imóvel residencial. Os ruídos indesejados, sejam eles internos ou externos à edificação, compõem um dos principais motivos de reclamações e conflitos entre moradores. Para atender aos requisitos de desempenho acústico, é importante que o projeto possua soluções que isolem o ruído indesejado, como o tráfego de veículos, equipamentos mecânicos, conversas e músicas alheias.
Durante a pandemia de COVID-19, muitos profissionais aderiram ao home office e perceberam o quanto a acústica deficitária afeta a produtividade e a concentração, além de causar diversos problemas de saúde como perda auditiva, zumbidos, cefaleia e taquicardia. Fora do horário comercial, o ruído pode dificultar também atividades como leitura, assistir TV, dormir e se alimentar, afetando a rotina diária e praticamente todas as atividades exercidas dentro de casa.
A performance acústica adequada depende, majoritariamente, das soluções técnicas aplicadas durante o projeto da edificação e da qualidade de suas respectivas execuções no período de obras.
Por onde começar?
Existem dois tipos de transmissão sonora que devem ser abordados em residências multifamiliares: o som aéreo (como vozes e música) e o ruído estrutural (caminhar, arrastar de móveis). Todos os caminhos de transmissão sonora devem ser avaliados, tanto o caminho direto, quanto as transmissões laterais.
No Brasil existem duas normas que tratam do conforto acústico em edificações: a ABNT NBR 15.575 e a ABNT NBR 10.152, explicadas brevemente a seguir:
A NBR 15.575 – Edificações habitacionais – Desempenho aborda, entre outros temas, os requisitos para isolamento acústico de vedações externas (fachadas), coberturas, vedações internas e sistemas de piso. A norma delimita níveis mínimos, intermediários e superiores de desempenho acústico voltados à construção de edificações habitacionais.
Os valores recomendados pela norma para atendimento ao nível mínimo não garantem o conforto acústico, mas servem para equalizar a qualidade dos empreendimentos conforme os mesmos parâmetros.
Já a ABNT NBR 10.152 – Níveis de pressão sonora internos a edificações, revisada em 2020, apresenta valores de referência para ambientes internos de uma edificação conforme o uso. A norma também apresenta valores de referência como RLAeq (nível de pressão sonora equivalente), RLASmax (nível de pressão sonora máximo), e RLNC (curva NC – noise criteria) para 48 ambientes, distribuídos em dez categorias. Para ambientes residenciais, há requisitos para dormitórios, salas de cinema e estar, conforme a tabela abaixo.
| Finalidade de uso | RLAeq (dB) | RLAMax (dB) | RLNC |
| Dormitórios | 35 | 40 | 30 |
| Salas de estar | 40 | 45 | 35 |
| Salas de cinema/ Home Theater | 40 | 45 | 35 |
Tabela 01: Níveis de pressão sonora recomendados conforme a finalidade de uso. Fonte: ABNT NBR 10.152.
Consultoria e laudos de acústica
Para garantir a performance e a segurança dos construtores, os laudos acústicos são de extrema importância.
A consultoria em acústica é capaz de prever, ainda em projeto, o desempenho dos sistemas a serem adotados na edificação. Apesar disso, ainda se faz necessária a execução de medições após a construção dos novos empreendimentos, para garantir que a performance dos sistemas atingiu o que foi previsto em projeto e que realmente atende aos requisitos da Norma de Desempenho (ABNT NBR 15.575).
O CTE Sustentabilidade atua na avaliação e proposição de estratégias para melhoria do conforto ambiental das edificações. Entre os serviços realizados, destacam-se simulações para atendimento da ABNT NBR 15.575, consultoria em conforto térmico e lumínico, bem como consultoria em acústica. Entre em contato para falarmos mais a respeito!
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Andrea Destefani é arquiteta e urbanista formada pela Unicamp, com mestrado em Tecnologia de Edificações pelo IPT e MBA em gestão de negócios pela USP. Possui mais de dez anos de experiência profissional com foco em conforto ambiental para o ambiente construído.
