Com inovação e capacitação, empresas da construção podem superar os desafios de 2025

Roberto de Souza*, CEO do CTE  

O ano de 2025 reserva uma série de desafios para as empresas incorporadoras e construtoras, assim como para as demais empresas da cadeia produtiva. Além de dificuldades de planejamento, gestão, qualidade, desempenho e atingimento de prazos e custos, é preciso superar obstáculos significativos no campo da inovação e da capacitação.

Para auxiliar essas empresas, faço recomendações para cinco questões mais urgentes em 2025. Confira a seguir: 

1. Como avançar com o processo de industrialização da construção para aumentar a produtividade?

Com a atual escassez de mão de obra, as condições estão mais maduras para o uso dos pré-fabricados de concreto, do sistema em estrutura metálica e steel deck, de sistemas e fachadas em steel frame, wood frame e madeira engenheirada, assim como para o uso de outros componentes industrializados.

Recomendo começar pela jornada de industrialização aberta por componentes, de acordo com as dores de sua empresa e da oferta de sistemas industrializados na sua região de atuação.

Comece pelo simples e focalize em kits elétricos e hidráulicos, vedações em drywall, fachadas pré-fabricadas e em steel frame, shafts, escadas e sacadas prontas.

Faça estudos de viabilidade técnica e financeira, visando a adoção desses componentes e de sistemas industrializados para estruturas e estabeleça relacionamento com fabricantes e provedores dessas soluções.

Faça testes piloto em parceria com esses fornecedores e meça resultados técnicos e financeiros para depois escalar.

Envolva os projetistas de arquitetura, estruturas e sistemas prediais nos testes piloto.

2. Como evoluir com a transformação digital, em especial com a implantação do BIM em obras e com a integração da inteligência artificial em processos de trabalho básicos?

Depois dos avanços do BIM na área de projetos, é hora de implementar a modelagem da informação da construção em orçamentos e acompanhamento de obras (BIM 5D e 4D) para fortalecer o pilar central da transformação digital na construção.

Em paralelo, fique atento aos avanços da inteligência artificial e incorpore ferramentas de IA e automação em processos operacionais, estudos de viabilidade, orçamentos, suprimentos, planejamento, projetos e obras. 

3. Como desenvolver parcerias e processos que viabilizem a descarbonização e atendam às demandas ESG (Environmental, Social and Governance)?

A descarbonização da construção é a agenda prioritária para minimizar os efeitos das mudanças climáticas e promover alinhamento com o pilar ambiental do ESG.

Nesse sentido, minha dica é buscar parceiros especialistas para desenvolver e implementar estratégias claras para a jornada de descarbonização da empresa e de suas obras, assim como na fase de uso e operação dos seus empreendimentos. 

4. Como promover a cultura e a gestão da inovação em toda a empresa para criar um processo contínuo, permitindo o desenvolvimento de novos produtos e processos?

Além de ser um atributo que precisa ser gerenciado, a inovação deve ter sua cultura amplamente difundida em toda a organização.

A recomendação é simples: promova a cultura de inovação dentro da sua empresa e adote metodologias ágeis de gestão da inovação. 

Inove em processos, explore novos mercados e desenvolva produtos imobiliários inovadores como, por exemplo, empreendimentos para renda, edifícios de grande altura e retrofits.

 5. Como atrair mão de obra operacional e técnica qualificada? Como capacitar e reter esses profissionais?

A escassez de mão de obra e a baixa qualificação talvez sejam, hoje, as principais dores das empresas da cadeia da construção. 

Por isso, atue em parceria com outras empresas do setor, incluindo fabricantes e empreiteiros de obras, organizações não governamentais e com o Sistema S. O foco deve ser na criação de programas de atração e capacitação de operários.

Ao mesmo tempo, promova a cultura de aprendizagem e crie academias corporativas, visando o desenvolvimento de programas de capacitação técnica e comportamental dos profissionais da empresa, em especial, engenheiros e arquitetos.

* Engenheiro civil, mestre e doutor em engenharia pela Escola Politécnica da USP, Roberto de Souza é CEO do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações), empresa de consultoria e gerenciamento especializada em qualidade, tecnologia, gestão, sustentabilidade e inovação para o setor da construção.

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