Como calcular a pegada de carbono dos edifícios?

O termo pegada de carbono está cada vez mais presente no vocabulário corporativo, sobretudo com a maior disseminação dos princípios ESG (Environmental, Social and Governance).

Na construção civil, assim como em outros setores da economia, é crescente o número de empresas que medem, reportam e atuam para reduzir o impacto ambiental de suas atividades no planeta. 

Quer entender como esse tema vem evoluindo e, principalmente, como agir em um contexto no qual as atenções estão voltadas para o controle das emissões de carbono?  Então, siga conosco:

O que significa a pegada de carbono?

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A pegada de carbono (carbon footprint) existe para mensurar a quantidade de gases do efeito estufa (GEE) liberados na atmosfera.  

Por meio do seu cálculo, as empresas, pessoas físicas e nações podem identificar os impactos que geram na natureza e, consequentemente, criar planos de ação para reduzir e compensar o efeito negativo dessas atividades.

Como a pegada de carbono se relaciona com as mudanças climáticas?

A emissão de gases de efeito estufa está diretamente associada às mudanças climáticas, responsáveis por eventos extremos, como ondas de calor, chuvas torrenciais e aumento do nível do mar.

Os GEE sempre existiram. Porém, eles se tornaram um problema quando passaram a ser emitidos em quantidade excessiva, especialmente a partir da Revolução Industrial, no século XIX.

Entre os gases de efeito estufa mais relevantes, destaca-se o dióxido de carbono (CO₂), resultante do uso de combustíveis fósseis, queimadas e desmatamentos. Esse gás, sozinho, é responsável por cerca de 60% do efeito estufa.

Além de seu grave impacto no meio ambiente e na vida das pessoas, as mudanças climáticas também representam uma das maiores ameaças para a estabilidade econômica no planeta. Um estudo de referência sobre o tema é o Relatório Stern, financiado pelo Banco Mundial. 

De acordo com o trabalho, baseado em modelos econômicos formais, se ações preventivas e corretivas ao aquecimento global não forem implementadas, os custos totais e os riscos proporcionados pelas mudanças climáticas serão equivalentes à perda de, no mínimo, 5% do PIB global em cada ano até 2050.

Como é calculada a pegada de carbono?

A pegada de carbono é expressa por um indicador chamado de CO₂-eq (dióxido de carbono equivalente). 

Ele refere-se à quantidade, em quilogramas (kg) ou toneladas (t), de emissões (e remoções) de diferentes gases de efeito estufa no ciclo de vida de um produto, processo ou serviço. Quando o objetivo é conhecer a pegada de carbono, há principalmente duas ferramentas que podem ser utilizadas.

  • Inventário de carbono — Processo de avaliação e quantificação das emissões, associadas a uma determinada atividade, setor econômico, organização ou região geográfica. 

A ideia é identificar e quantificar as fontes de emissões de carbono, permitindo que medidas sejam tomadas para reduzi-las.  Atualmente, a metodologia de inventário mais utilizada é a do GHG Protocol.

  • Análise de Ciclo de Vida (ACV) — Dedica-se a quantificar impactos em geral, não apenas carbono. A ACV transforma o aspecto ambiental de uma ação humana em impacto mensurável, quantificando consumo de energia e emissões atmosféricas, por exemplo. 

Ela analisa aspectos ambientais e impactos potenciais positivos e negativos ao longo da vida de um produto ou serviço.  

O estudo de ACV é definido por normas que delimitam seu alcance e suas etapas. A principal referência é a ABNT NBR ISO 14.040: Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida. 

Importante dizer que a ACV é o instrumento mais adequado para compreender o impacto total de objetos ou serviços, como empreendimentos e obras.

Como reduzir a pegada de carbono dos edifícios?

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As etapas de construção e operação de edificações têm um impacto enorme nas emissões de gases do efeito estufa. 

Em todo o mundo, os edifícios são responsáveis por 38% das emissões de GEE, segundo dados da IEA (International Energy Agency). Esse valor contempla tanto as emissões operacionais, quanto as oriundas do consumo de materiais. 

Do total, 28% das emissões globais são exclusivamente relacionadas à operação das edificações. No decorrer do ciclo de vida de um edifício, é possível implementar diversas iniciativas para diminuir sua pegada de carbono. Confira a seguir alguns exemplos:

  • Eficiência energética — Durante a operação dos edifícios, grande parte da redução de emissões de gases de efeito estufa é resultante de ações para aumentar a eficiência energética. Uma vez que o consumo de energia atinja os níveis adequados, é possível avançar para a busca da condição Net Zero.

Estamos nos referindo a prédios que conseguem suprir o saldo da energia necessária para sua operação por meio de fontes renováveis (energia solar, eólica, biomassa, etc.).

  • Gestão de água — Reduzir o consumo de água é outra forma de diminuir a pegada ambiental de uma edificação. 

Estima-se que o setor da construção civil seja responsável pelo consumo de 21% da água potável do planeta. Estratégias válidas, nesse sentido, são a instalação de louças e metais sanitários mais eficientes e a captação de água de chuva para fins não potáveis.

  • Equipamentos eficientes — A descarbonização da operação dos edifícios exige a utilização de máquinas e equipamentos de alta eficiência. Estamos nos referindo a sistemas de resfriamento e de aquecimento, iluminação, elevadores, bombas, etc. 

Mas é preciso ir além. Ao escolher um sistema de automação, por exemplo, é necessário considerar se a solução garantirá integração eficiente dos sistemas, melhor desempenho operacional e maior vida útil. 

“Isso porque há tecnologias embarcadas que não resultam em alta durabilidade e qualidade, induzindo ao aumento de emissões”, alerta Wagner Oliveira, diretor de Operação Sustentável no CTE. 

Ele conta que as edificações podem consumir de 7% a 70% além do previsto em projeto. Tudo isso em função de mudanças de uso e da ineficiência dos sistemas embarcados no prédio. 

“Daí a importância de se pensar a sustentabilidade com uma visão sistêmica, e não somente na eficiência energética isoladamente”, continua Oliveira.

  • Localização do edifício — Durante o ciclo de vida de um edifício, muitas emissões de carbono estão associadas à circulação dos usuários. 

Por isso, a localização do empreendimento, incluindo sua proximidade com a rede de transporte público e com ciclovias, é um fator-chave para reduzir a pegada de carbono na operação.

Avance na descarbonização

O CTE Operação Sustentável atua para transformar positivamente a operação e a manutenção das edificações, trazendo sustentabilidade, inovação e tecnologia como pilares para melhorar o desempenho e reduzir o impacto ambiental durante todo o ciclo de vida. 

Nossa equipe vem auxiliando fundos e gestores imobiliários em suas jornadas de descarbonização, mapeando oportunidades para neutralização. Entre em contato para saber mais!

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