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Perfil | Renato Rocha Salgado

31 de agosto de 2022

Consultor em sustentabilidade no CTE, Renato Salgado nasceu no Pará, local onde a magnitude e a generosidade da natureza podem ser vistas e sentidas por toda parte. Crescendo em um lugar tão especial, é natural que a atenção com o meio ambiente se tornasse marcante em seu caráter e em sua história. Nesse bate-papo, o engenheiro ambiental, LEED AP, nos conta sobre sua jornada e sobre o trabalho pelo desenvolvimento de uma construção civil mais sustentável. Continue conosco para conhecer sobre mais esse talento do CTE:

Conte-nos um pouco sobre sua trajetória. O que o levou à engenharia ambiental?

Sempre tive o desejo de atuar em alguma área que tivesse compromisso com o meio ambiente. Isso me impactou muito na hora de escolher a graduação. Era início dos anos 2000. Havia uma demanda por profissionais na área de meio ambiente e os cursos de engenharia ambiental começavam a surgir. A Universidade do Estado do Pará, onde me formei, foi uma das primeiras instituições públicas a oferecer esse curso.

Renato no município de Santa Izabel – Pará (2004)

Como engenheiro ambiental você tinha muitos campos de atuação disponíveis. O que te levou à construção?

Meu pai tem uma pequena metalúrgica em Belém e, desde pequeno, frequentei esse ambiente. Houve um período em que trabalhei na empresa dele. Eu ficava incomodado com o desperdício de material, o que descobri ser algo muito comum nesse segmento. Hoje noto que foi ao acompanhar meu pai que meu olhar despertou para o quanto a construção poderia melhorar seus processos. Ao longo da minha graduação, voltei minha atenção para a construção civil. Meu trabalho de conclusão de curso, inclusive, foi sobre aproveitamento da água das chuvas em edifícios.

Como o CTE entra nessa história?

Logo que me formei, trabalhei em uma madeireira certificada FSC por alguns meses. Foi quando uma amiga que atuava no CTE comentou que a empresa estava abrindo um escritório no Rio de Janeiro. Fiz o processo seletivo e consegui a vaga. Desde então se passaram dez anos de muitos aprendizados. Entrei na equipe que faz acompanhamento de obras nos canteiros, na unidade de Sustentabilidade. Tive a oportunidade de me envolver com processos de comissionamento de sistemas prediais e com fabricantes de materiais interessados em aprimorar o desempenho ambiental de seus produtos. Também trabalhei com avaliação de ciclo de vida, uma área nova que tem muito a crescer. Enfim, tive o privilégio de atuar em várias frentes.

 

Como foi a conexão Belém, Rio de Janeiro e São Paulo?

Passei oito anos no Rio onde vivenciamos momentos prósperos antes das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Havia muita demanda por projetos e trabalho, de forma que o escritório no Rio de Janeiro chegou a ter mais de 10 pessoas atuando. Também vimos a crise e a dificuldade que o Rio passou com a queda do setor de petróleo e os casos de corrupção. O mercado de construção voltado ao segmento corporativo retraiu. À medida que a demanda foi diminuindo, a equipe do CTE foi realocada, até que em 2020 fui convidado para trabalhar em São Paulo, participando de mais projetos e assumindo mais responsabilidades. 

Como foram essas mudanças para você?

Ir para o Rio significou a saída da casa dos meus pais. Foi uma experiência incrível de amadurecimento. Cheguei em uma cidade nova em um domingo e, na segunda, já estava trabalhando no escritório. Profissionalmente, pude entender a dinâmica de uma consultoria do porte do CTE e trabalhar com grandes clientes. No início eu não usava barba, mas passei a adotá-la porque muitas pessoas me achavam novo demais e eu não queria, a todo o momento, explicar que eu era o consultor, e não o estagiário. Também estudávamos muito, contribuímos muito no desenvolvimento da metodologia de consultoria aplicada hoje em dia. Foram várias noites debruçado sobre os guias de certificação e os materiais de referência.

“No início eu não usava barba, mas passei a adotá-la porque muitas pessoas me achavam novo demais e eu não queria, a todo o momento, explicar que eu era o consultor, e não o estagiário”. 

Como tem sido morar em São Paulo?

Está sendo ótimo. Tenho a possibilidade de estar mais próximo do dia a dia da empresa, conhecer mais pessoas, trocar experiências. Hoje estou envolvido, também, no comitê ESG do CTE, uma experiência muito bacana e uma oportunidade que só se abriu porque estou presencialmente no escritório.

Ao longo desses anos, você deve ter acompanhado muitas transformações, certo?

O tema sustentabilidade está sempre se renovando. O que antes era uma novidade, passa a se tornar senso comum e novas pautas vão surgindo, exigindo nossa atenção. Um exemplo é a gestão de carbono, tema que adquiriu novo senso de urgência após a COP 26. Esse dinamismo me motiva muito. 

No Museu de Arte do Rio (certificado LEED Silver com consultoria CTE) participando do evento sobre sustentabilidade e performance na construção civil – Março/2016

O setor da construção é conhecido por ser lento em processos de mudança. Como você lida com isso?

No início havia um conflito porque eu tinha muita urgência para fazer as coisas acontecerem e o setor respondia em outro ritmo. Com o passar do tempo, fui entendendo meu papel, que é ser um facilitador. Minha função é trazer conhecimentos e ferramentas para que as empresas possam projetar e construir melhor. Além disso, embora as transformações possam parecer lentas, elas estão acontecendo. As empresas amadureceram seu entendimento sobre os impactos ambientais relevantes em seus processos. As construtoras, em especial, criaram departamentos e contrataram profissionais para cuidar da gestão ambiental de seus projetos, o que é muito bom.

O que te dá mais satisfação no seu dia a dia?

A parte que mais me motiva é lidar com as pessoas e interagir com as equipes internas e com os clientes. Tenho uma satisfação enorme em atender, conversar, orientar, enfim, ajudar. Compartilhamos conhecimento e experiência, ao mesmo tempo em que escutamos e recebemos informações novas. Esses processos de troca são muito valiosos. Talvez por isso eu também me encante com a formação de pessoas, processo em que estamos constantemente aprendendo e ensinando.

De onde vem sua conexão com o meio ambiente?

Eu e meu irmão tivemos uma criação muito afetuosa. Meus pais sempre nos deram condições de estudar e de nos aprimorar como seres humanos. Mas penso que minha sensibilidade para as questões ambientais vem do local onde cresci. Belém é uma cidade com muitos problemas, mas por estar na Amazônia, nos oferece uma aproximação forte com a natureza, especialmente com a floresta e com o rio. Lembro de visitas a parques e museus que marcaram minha infância, de me encantar com os animais e com a magnitude das árvores. Isso me despertou para a necessidade de preservar, para que mais pessoas possam ter acesso a essa exuberância.

“Lembro de visitas a parques e museus que marcaram minha infância, de me encantar com os animais e com a magnitude das árvores. Isso me despertou para a necessidade de preservar, para que mais pessoas possam ter acesso a essa exuberância”.

Você sente falta desse contato próximo com a natureza?

Sim, e para compensar, sempre que posso, viajo para locais com natureza, seja praia, montanha ou floresta. Nas últimas férias, estive na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, onde pude ver o bioma do cerrado e entender melhor a dinâmica local.

Renato após a trilha da Pedra Bonita – Rio de Janeiro

O que mais você gosta de fazer em suas horas livres?

Estou fazendo pós-graduação em economia circular. Então, meu foco é concluir as disciplinas desse curso. Mas gosto de ver séries e de me atualizar com documentários. Recentemente, um filme que me tocou bastante foi Professor Polvo, que trata da relação entre um mergulhador e um polvo na África do Sul. Também toco violão. Para mim, o instrumento funciona como um passatempo e uma terapia para descansar a mente.

Você poderia compartilhar alguma dica para os jovens profissionais que estão ingressando no CTE?

O volume de informação que recebemos é muito grande. Então, uma dica que eu daria é focar no conteúdo que é realmente útil para o dia a dia do trabalho. Uma habilidade importante nos tempos atuais é saber filtrar o que é relevante e usar essa informação com sabedoria. Também não posso deixar de enfatizar a importância de estarmos sempre estudando e nos atualizando. Por fim, eu diria para as pessoas curtirem mais os momentos em que estão no escritório, aproveitando essa oportunidade para conversar, trocar e interagir. Isso é muito rico. O que faz o CTE ser o que é, é também a singularidade de seus funcionários. Conhecer essas pessoas de perto tem sido inspirador.

 

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