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Perfil | Mariana Watanabe

30 de março de 2022

Engenheira civil formada pela Purdue University (EUA), Mariana Watanabe é um dos talentos por trás do sucesso do enredes, unidade de negócio do CTE que atua como um ecossistema de inovação e de transformação. Nessa conversa, a jovem analista de Inovação e Tecnologia fala sobre sua jornada e compartilha conosco uma visão de mundo apoiada em valores como sustentabilidade e diversidade. Confira!

Você poderia contar sobre seu início de carreira? O que te levou à engenharia?

Fiz o Ensino Médio em uma escola focada em preparar alunos para o vestibular. Embora muito bem-sucedido em cumprir com esse objetivo, o colégio não atendia os meus anseios por uma formação mais global. Eu trazia interesses por temas, como artes, esportes e sustentabilidade, que não eram valorizados. Isso me fez buscar uma formação mais completa em uma universidade norte-americana.

Como isso aconteceu?

Ainda no colégio, assisti uma palestra sobre as faculdades norte-americanas. Logo me interessei porque, já no processo de seleção, eles avaliavam os alunos de forma ampla, considerando interesses diversos. Passei um ano e meio me preparando até que consegui passar em três faculdades. Acabei escolhendo a Purdue, em Indiana, onde fiz engenharia civil com especialização em Architectural Engineering, curso muito voltado para a sustentabilidade aplicada às edificações. 

Universidade Purdue, em Indiana, nos EUA.

O CTE entrou na sua vida quando você ainda estava na faculdade?

Nos dois primeiros anos da graduação, fiz pesquisa relacionada à climatização. Em 2017, eu estava em busca de um lugar para fazer um estágio de verão. Por indicação de uma professora brasileira, consegui uma vaga na Unidade de Sustentabilidade. Deu muito certo porque após essa experiência de três meses, fui convidada para voltar em um novo estágio de verão, no ano seguinte. Em 2019, terminada a graduação, retornei ao Brasil e apareceu a oportunidade de atuar na Unidade de Inovação e Tecnologia.

Depois você migrou para o enredes, certo?

O enredes começou a crescer e surgiu a necessidade de ter alguém com perfil mais técnico dedicado a essa unidade. Aqui trabalhamos com transformação digital, industrialização e sustentabilidade, exatamente os temas que me fizeram ingressar na engenharia.

O que mais te atrai nesse trabalho?

É ótimo poder trabalhar e estudar assuntos que eu naturalmente pesquisaria. Inovação, tecnologia e sustentabilidade são temas de conversa não só no trabalho, mas também nas minhas relações pessoais. Eles têm relação com meus valores, crenças, com minha vontade de melhorar o mundo. Sem contar que é um privilégio poder conhecer e interagir com pessoas que são influenciadoras e estão gerando mudanças reais no setor.

“Gosto muito de inovação, tecnologia e sustentabilidade. São temas sobre os quais eu converso, não só no trabalho, mas também nas minhas relações pessoais”.

E quais são as maiores dificuldades?

Quando trabalhamos com inovação, precisamos estar preparados para mudanças. Temos a ambição de fazer um planejamento anual, mas é difícil segui-lo porque surge sempre  uma tendência nova. O enredes tem uma dinâmica de startup. Então, se aparece algo importante, damos um jeito de incorporar. Isso pressiona o planejamento, os controles e os prazos.

Você participa de muitos fóruns de debates e acompanha o movimento setorial em busca por inovação e transformação digital. Com base em tudo o que você tem visto, o que podemos esperar? A construção civil vai dar o salto de produtividade tão necessário?

Ainda são poucas as empresas que estão implantando inovação e transformação digital e há muitos gargalos que precisam ser eliminados. Mas a engenharia brasileira é muito boa, assim como nossos fornecedores e desenvolvedores de tecnologia. Sou otimista e acredito que a iniciativa privada vai impulsionar o poder público para eliminar entraves e fazer a inovação acontecer com mais consistência e volume.

“Sou otimista e acredito que a iniciativa privada vai impulsionar o poder público para eliminar entraves e fazer a inovação acontecer com mais consistência e volume”.

Mudando de assunto, o que você gosta de fazer em seu tempo livre?

Eu me interesso muito por arte e ilustração. Gosto bastante de pintar com aquarela. Quando mais nova, joguei softball. Mas parei de treinar de forma competitiva quando torci o pé. No mais, eu adoro viajar. Todo ano eu acampo em algum lugar remoto, sem eletricidade ou telefone.

Ilustração feita pela Mari Watanabe.

Um tema muito caro a você é a diversidade. Você poderia falar mais sobre isso?

É muito importante trazer mais representatividade feminina para a engenharia. Para você ter uma ideia, na faculdade, eu era uma das seis mulheres que se formaram naquela turma. Isso não foi em um passado distante. Foi em 2019! Aqui no CTE tenho a sorte de conviver com muitas mulheres inspiradoras. Mas precisamos ir além e avançar em outras bandeiras, de representatividade de raça, de sexualidade, de pessoas com deficiências, de classes sociais. 

A diversidade é, inclusive, uma das pautas do movimento ESG (Environmental, Social and Governance).

Sim, e isso acontece não apenas porque a diversidade é benéfica para a sociedade, mas porque ela também contribui para os negócios. Aqui, com a minha equipe, tenho a sorte de poder ser quem eu sou. Mas será que isso acontece com todo mundo? É importante que as pessoas se sintam confortáveis para serem quem elas são.

Como  mudar essa realidade e trazer mais diversidade para as empresas?

Sou muito orgulhosa do que fiz e conquistei. Mas reconheço que sou privilegiada. Tenho uma família que sempre me apoiou e não tive que dividir minha energia com a preocupação de pagar contas, como ocorre com muitas pessoas. Dito isso, vejo profissionais que enfrentaram muitas dificuldades e têm muito mais motivação do que qualquer pessoa que venha de uma condição confortável. O problema é que o nível técnico que esperamos de recém-formados só é encontrado em pessoas que  estão nas melhores faculdades, justamente aquelas mais acessadas pela elite. Então, uma sugestão é ampliar o espectro e valorizar aspectos como vontade e persistência. O conteúdo técnico, muitas vezes, pode ser ensinado em programas de capacitação internos. Por que não olhar para os talentos nas periferias? Por que não investir mais em programas de jovens aprendizes?

“Uma sugestão é ampliar o espectro e valorizar aspectos como vontade e persistência. O conteúdo técnico, muitas vezes, pode ser ensinado em programas de capacitação internos. Por que não olhar para os talentos nas periferias?”

Você é uma mulher de 25 anos em um setor que ainda é predominantemente masculino. Você sente preconceito de algum tipo? 

As pessoas me dão credibilidade porque tenho um diploma americano e o aval do Bob de Souza, CEO do CTE. Mas sou mulher, jovem, bissexual. Além disso, tenho origem japonesa, o que adiciona uma série de estereótipos, como timidez e dificuldade para se impor. Em muitos eventos que conduzo, é provável que haja questionamentos à minha competência. Afinal, lido com profissionais que são referências em suas áreas, alguns com 35 anos de atuação no mercado. Tenho consciência de que sou jovem e estou iniciando uma jornada. Ao mesmo tempo, confio bastante em minhas competências e na minha capacidade de ir além.

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