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Comunidade técnica debate uso de poliuretano e a segurança contra incêndios

18 de novembro de 2022

A necessidade de construir edificações mais eficientes sob os aspectos térmico e acústico tem se tornado uma regra. Esse movimento é impulsionado tanto pela valorização das questões relacionadas à responsabilidade ambiental e à redução de consumo energético, como por normas como a ABNT NBR 15.575: Edificações Habitacionais – Desempenho, que estabelece requisitos mínimos a serem atendidos em prol do conforto dos ocupantes. 

Por um lado, isso coloca em evidência produtos com boas propriedades isolantes, como as espumas de poliuretano (PUR) e de poliisocianurato (PIR). Por outro, o aproveitamento mais amplo desses materiais esbarra no desconhecimento da comunidade técnica sobre o comportamento dos polímeros perante o fogo. Tragédias de grande repercussão, como os incêndios da boate Kiss (2013) e do Centro de Treinamento do Flamengo (2019), contribuíram para gerar ainda mais desinformação.

Para disseminar conhecimento sobre o uso correto do PUR e do PIR na construção, a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) elaborou o guia “Poliuretano e a Reação do Fogo”. A publicação foi apresentada ao mercado em uma live no canal do Enredes, com a participação de projetistas, consultores e fabricantes de materiais, bem como de representantes da academia e do Corpo de Bombeiros. 

“A busca por sustentabilidade e eficiência vem induzindo a especificação de materiais de construção inovadores, com destaque para as espumas rígidas de poliuretano e de poliisocianurato”, explicou Carolina Ponce de León, coordenadora executiva da comissão de poliuretano da Abiquim. “Há um gap de conhecimento muito grande no setor. Por isso, nos mobilizamos para mostrar que o poliuretano, desde que utilizado de forma certa, é bastante seguro e pode trazer muitos benefícios”, acrescentou Edilson Machado, diretor de marketing da Dow Química para o segmento de poliuretano.

 

A especificação de materiais inovadores

Os debates foram conduzidos por Márcia Menezes, diretora da Unidade de Inovação e Tecnologia do CTE. Ela lembrou que a segurança ao fogo é um requisito básico de qualquer projeto de arquitetura e que requer não apenas a escolha apropriada dos materiais de construção. “A segurança em caso de incêndio exige uma abordagem ampla que passa, também, pela disponibilização de rotas de fuga, pelos estudos de compartimentação vertical e horizontal, por projetos que considerem o comportamento distinto das pessoas e, ainda, as questões de operação e manutenção”, disse ela.

“Para os arquitetos, um desafio extra é a falta de informação sobre o comportamento ao fogo dos materiais, algo imprescindível para uma especificação correta”, acrescentou Alexandre Kröner, sócio do Kröner & Zanutto Arquitetos. Outra dificuldade é a necessidade de compatibilizar a adoção de soluções inovadoras com as limitações impostas por instruções normativas e prefeituras.

No caso do Corpo de Bombeiros, uma das exigências é o tempo requerido de resistência ao fogo (TRRF). Há, ainda, requisitos a serem atendidos com relação a elementos corta-fogo e para-chamas, conforme explicou Denilson Ostroski, sócio proprietário da SPK Engenharia e tenente-coronel na reserva do Corpo de Bombeiros.

Os materiais tradicionais utilizados na construção civil são classificados em uma tabela em função do resultado de dois ensaios: índice de propagação de fogo e densidade ótica de fumaça. “Para materiais mais novos, que não constam na Instrução Técnica, há instrumentos que podem ser utilizados, a exemplo do parecer técnico do Corpo de Bombeiros”, comentou Ostroski. 

 

Materiais poliméricos

O poliuretano e o poliisocianurato são polímeros sintéticos usados, principalmente, em materiais com função de isolamento térmico e absorção sonora, como fibras, espumas, revestimento de superfície e selagens. 

Ambos têm como principal atributo o coeficiente mínimo de transmissão térmica. “Isso significa que um painel de PIR de 50 cm apresenta a mesma termicidade de uma peça de concreto de 2,5 m de espessura”, comparou Sérgio Bandeira de Mattos, diretor de desenvolvimento e relações com o mercado na Kingspan Isoeste. Ele contou que, diante do fogo, tanto o PUR, quanto o PIR, não apresentam gotejamento e têm coeficiente de transmissão de fumaça bastante baixo.

Ainda segundo Bandeira, quando o assunto são os painéis com miolo de PUR ou PIR, é fundamental exigir a certificação do material. Da mesma forma, para garantir segurança e desempenho, é imprescindível que a montagem seja feita por profissionais credenciados.

O guia “Poliuretano e a reação ao fogo” foi desenvolvido pela Abiquim em parceria com o ITT Performance, instituto tecnológico da Unisinos, em São Leopoldo, RS.

Henrique Kramer, engenheiro do ITT, explicou que a publicação foi dividida em duas partes. “A primeira apresenta conceitos relacionados à segurança contra incêndios e à classificação de materiais, bem como aborda regulamentações em diferentes regiões e os ensaios de reação ao fogo”, disse ele. A parte 2 foca as propriedades do PUR e do PIR, explicando como funciona a queima de materiais poliméricos.

Para assistir na íntegra a live de lançamento do Guia “Poliuretano e a Reação do Fogo”, acesse o canal do Enredes no YouTube. Já para baixar a publicação gratuitamente, basta clicar aqui.

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