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PERFIL: Adriana Hansen

3 de março de 2022

Seja por uma formação familiar, seja por uma questão de aptidão, a vida de Adriana Hansen sempre foi permeada pela preocupação com o social e com os impactos ambientais. Nessa conversa, a gerente da unidade de sustentabilidade do CTE conta como transformou propósito em uma carreira repleta de desafios e marcada pela contribuição para a melhoria das empresas, do setor de construção civil e do planeta. Engenheira ambiental com mestrado pela Universidade de São Paulo, Hansen é professora da pós-graduação no Mackenzie e do MBA em Construção Sustentável da Unip e possui uma série de certificações, entre elas, LEED Fellow BD+C, Fitwel Ambassador, GBC Casa e Condomínio e Cradle to Cradle Accredited Assessor.

Conte-nos sobre o início de sua carreira. O que te levou à engenharia?

Sou filha de uma mãe física e de um pai químico. Costumo brincar que, para não arranjar briga em casa, fiz engenharia ambiental. A verdade é que sempre fui preocupada com a temática ambiental. Quando estava na terceira série do fundamental, fiz meu primeiro curso de educação ambiental para entender a contaminação na represa de Guarapiranga, que ficava perto da minha casa. Ainda na escola, fiz vários trabalhos sociais e me envolvi com o núcleo eco estudantil. Fazíamos sanduíche natural para arrecadar dinheiro e comprar material para a construção de cisternas no Vale do Jequitinhonha. Ao mesmo tempo, eu tinha facilidade com números e com a matemática. 

Como foi a época da faculdade?

Eu me encontrei porque era um curso que integrava o lado ambiental e a parte de matemática da engenharia. Também tinha um conteúdo forte de química e direito ambiental. Mas eu sempre fui muito inquieta. Então, desde o primeiro ano busquei atividades para complementar minha formação. Por convite de uma professora, comecei a frequentar o FGVces para fazer pesquisa. No fim do primeiro ano iniciei estágio na consultoria do Fábio Feldmann, uma experiência muito rica. Passado um tempo, senti necessidade de ampliar o meu olhar para outro tipo de atuação. Foi quando abriu uma vaga no CTE.

Como foi o início dessa jornada?

Em 2006 ainda não havia a Unidade de Sustentabilidade. Éramos apenas três profissionais dedicados aos primeiros projetos LEED. Como a equipe era enxuta, precisamos assumir responsabilidades e fazer de tudo um pouco. Quando o CTE recebeu o projeto de certificação do Delboni Auriemo, fui escalada para assumi-lo. Eu cursava o terceiro ano da faculdade e este projeto acabou se tornando o primeiro empreendimento certificado do CTE e o segundo do Brasil.

Adriana Hansen brindando seu primeiro projeto certificado como líder no CTE: Delboni Auriemo de Santana.

Como foi para você atuar nesse segmento sendo jovem, mulher, ainda na faculdade?

Tive muita sorte. Primeiro por poder contar com um excelente tutor, o Saulo Rozendo. Além disso, fui muito acolhida pelos primeiros clientes e projetistas. Eu era uma menina falando para profissionais com vinte anos de mercado que eles tinham que fazer as coisas de outra maneira. A honestidade certamente ajudou. Afinal, aquilo era novo para todos, não só para mim. Também foi um ponto a favor a minha personalidade de nunca me deixar abater e ser comunicativa. 

Houve muita situação desafiadora?

Obviamente enfrentei questionamentos sobre minha competência. Mas eu sabia que quem se debruçou sobre o LEED e sobre a ASHRAE fui eu. Então, eu tinha segurança de ter domínio sobre aquilo. Ao mesmo tempo, sempre respeitei o conhecimento específico que cada projetista tinha em sua área. A proposta era desenvolver uma solução juntos para benefício do nosso cliente. É claro que isso fez com que eu desenvolvesse vários aspectos de conhecimento e até de postura. Muitas vezes precisei ser assertiva nas colocações para me posicionar. Afinal, eu era uma mulher de 19, 20 anos no setor da construção. Hoje tenho uma maneira mais suave de lidar com as coisas porque não preciso mais provar nada. 

“Obviamente enfrentei questionamentos sobre minha competência. Mas eu sabia que quem se debruçou sobre o LEED e sobre a Ashrae fui eu”.

Muita coisa mudou desde então, certo?

Com certeza. Desenvolvemos muita metodologia. Pelo fato de o CTE ter nascido da área de qualidade, sempre nos preocupamos em criar metodologias e em ter fundamento técnico para tudo o que fazíamos. Isso nos ajudou a ter o reconhecimento de qualidade técnica e a posição de liderança no mercado. Atualmente a nossa unidade conta com 54 profissionais com diferentes formações e perfis. Um driver importante é que nunca estamos satisfeitos com o que fazemos. Há sempre o que melhorar. Por isso, a equipe está a todo momento discutindo como atuar para manter o crescimento e a inovação.

O que te dá mais satisfação em seu trabalho?

Há um propósito ambiental e sustentável. É ótimo saber que o que fazemos causa diferença. Já mudamos a vida de muitas pessoas, seja implantando uma sementinha de consciência ambiental em canteiro de obras, seja melhorando a qualidade de espaços construídos ou sensibilizando o mercado. A cada dia são pequenas vitórias ambientais gerando impactos positivos. Além disso, o fato de trabalhar com pessoas é muito estimulante. Um dos meus papéis é fazer com que os profissionais especialistas do nosso time estejam estimulados a buscar continuamente soluções novas. Para isso há  todo um processo de conquista de espaço, de voz, de buscar conhecimentos para estimular o desenvolvimento da unidade e de seus talentos.

“Já mudamos a vida de muitas pessoas, seja implantando uma sementinha de consciência ambiental em canteiro de obras, seja melhorando a qualidade de espaços construídos ou sensibilizando o mercado”. 

Adriana recebendo o reconhecimento LEED FELLOW

De onde surgiu essa sua atenção com o social e com o ambiente?

O olhar para o desenvolvimento das pessoas é hereditário. Venho de uma família batalhadora que construiu tudo o que tem à base de muito esforço. Meu pai começou a trabalhar aos treze anos. Minha mãe era professora de escola pública. Eles sempre lutaram para que os filhos tivessem uma boa educação. Essa formação, de forma muito natural, sempre esteve carregada de preocupação com a responsabilidade socioambiental.

Que conselhos você pode dar para o profissional em início de carreira?

É importante estar sempre em busca de conhecimento, ser proativo e tomar as rédeas do próprio desenvolvimento profissional. Também é imprescindível estar feliz com o que se faz. O olho precisa brilhar.

O que você gosta de fazer em seus momentos de folga?

No momento, minha atenção é quase toda para a minha bebê, a Carol, que tem um aninho. Eu também gosto de assistir filmes e séries e de cozinhar. Antes da pandemia e de ter a minha filha, eu fazia muitos passeios ao ar livre e muito exercício físico em academia. Correr, por exemplo, é algo que me ajuda muito a aliviar o stress. Também adoro viajar para conhecer naturezas diferentes e sou apaixonada por animais.

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