Há vinte anos no CTE, Maurício Hino é mestre em engenharia pela Poli-USP. Diretor da unidade Qualidade e Desempenho, ele compartilha um pouco de sua trajetória profissional na entrevista a seguir. Ele também revela algumas paixões, como o magistério e a família, formada com um empurrãozinho do CTE. Quer saber mais sobre essa história? Confira!
Havia um incentivo familiar para ingressar na engenharia ou
era mais uma questão vocacional?
O meu pai trabalhava com ventilação
industrial. A minha mãe era professora primária. Quando criança, eu sempre
dizia que queria ser professor quando crescesse. Inclusive, o meu primeiro
emprego formal foi como professor. Eu estava no primeiro ano do que hoje
equivale ao ensino médio, e a escola onde eu estudava abriu um curso de
informática, com linguagem de programação. Como eu tinha facilidade nessa área,
fui chamado para dar aula. Eu tinha 14 anos e era engraçado dar aula no mesmo
local onde eu também era aluno.
Você começou a trabalhar bastante jovem!
Até o terceiro ano da faculdade,
trabalhei nessa escola como professor. Mas começou a ficar difícil conciliar, ainda mais porque eu
morava em São Bernardo do Campo e era preciso estar todos os dias na Poli. Quando parei de dar
aula, iniciei um estágio no IPT (Instituto de
Pesquisas Tecnológicas). Por coincidência, fui trabalhar no agrupamento de
componentes e sistemas construtivos, que era a área que fazia avaliação de
desempenho. Eu me formei, emendei um mestrado também na USP e continuei no IPT
como pesquisador por mais um tempo.
Como o CTE entrou na sua vida?
No final dos anos 90, houve uma demanda muito forte por gestão da qualidade impulsionada pelo PBQP-h (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat). O CTE começou a ampliar sua estrutura e o “Bob” (Roberto de Souza, Fundador e CEO do CTE) me chamou para uma entrevista em 1999. Curiosamente, participei do processo seletivo, mas ao final, preferi permanecer no IPT porque gostava do ambiente de pesquisa. No ano seguinte, houve uma greve no IPT. Em meio a essa paralisação, participei de um curso de formação de instrutores no CTE. Ao final do curso, que durou alguns dias, fui convidado novamente para integrar a equipe do CTE. Dessa vez, não pude recusar. Isso aconteceu em setembro de 2000, há vinte anos!
Ao longo desses anos, muita coisa aconteceu…
Nós atendíamos as
construtoras para fazer o sistema de gestão da qualidade e, também, alguns
projetistas que buscavam a ISO 9001. Em 2005/2006 foi criada a área de
gerenciamento e, logo depois, começamos a trabalhar com sustentabilidade, com
foco no LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). Entre 2012 e 2013 assumi como diretor da unidade de Qualidade e
Desempenho, apesar do meu jeito de consultor e de ter
um perfil mais técnico.
““Eu realmente gosto de dar consultoria, fazer relacionamento, elaborar projeto e levar conhecimento”
Você não se via como diretor?
Eu desenvolvi essa habilidade de
chefia com o tempo e fui me adaptando. Um receio que eu tinha era de ficar dedicado apenas à parte
da gestão e ao planejamento e perder a
proximidade com os clientes, que é o que mais me motiva. Eu realmente gosto de
dar consultoria, fazer relacionamento, elaborar
projeto e levar conhecimento. O bom é que hoje
eu consigo conciliar essas duas atividades.
Você não quis seguir carreira acadêmica?
Esse gosto por ensinar sempre esteve comigo e
tenho exercido isso, de uma forma, ou de outra. Há dois anos dou uma aula sobre
qualidade em um curso de pós-graduação da Faap (Fundação Armando Alvares Penteado).
Além disso, tenho uma atividade muito parecida com a de um professor aqui no
CTE, seja realizando treinamento para as equipes, seja quando presto uma
consultoria para o cliente, explicando o
que tem que ser feito. Essas atividades não deixam de ser uma aula “disfarçada”.
Quais são os maiores desafios no dia a dia de um profissional como
você?
É importante ter disposição para se adaptar. Não
adianta fazer a mesma coisa sempre do mesmo jeito. É verdade que tenho que
manter um conhecimento tradicional, mas é preciso oferecê-lo de uma forma nova,
adaptada às mudanças. No mais, a gente tem que estar sempre a um passo à frente
da demanda do cliente. Isso requer atualização constante e muita atenção ao
mercado, que vai mudando de tempos em tempos.
” A gente tem que estar sempre a um passo à frente da demanda do cliente. Isso requer atualização constante e muita atenção ao mercado, que vai mudando de tempos em tempos”
O setor como um todo melhorou nesses últimos vinte anos com relação à
qualidade?
Notamos ciclos. Há momentos de melhora e, depois,
de estabilidade. No geral, a qualidade está melhorando. Uma obra realizada no
ano 2000 é muito diferente de uma obra atual. Ainda assim vemos que a
construção chegou a um limite e que para dar um salto, é necessária uma mudança
mais drástica rumo à industrialização.
Conte um pouco sobre sua família. É verdade que você conheceu sua
esposa no trabalho?
O CTE tinha uma parceria com uma consultoria alemã
para desenvolver uma metodologia de sistema de gestão da qualidade para o
Sebrae/Senai. Por esse convênio, ao CTE cabia treinar o pessoal de várias
cidades do país e realizar auditorias. Minha esposa era uma multiplicadora, uma
consultora local em João Pessoa (PB). Eu a conheci por conta desse projeto.
Depois disso, nós casamos, ela se mudou para São Paulo, e hoje temos dois
filhos, um menino de 11 anos e uma menina de seis.
O que você gosta de fazer em seu tempo livre?
Eu sempre gostei muito de cinema e de ler. Gosto
de filmes de guerra com uma pegada histórica, e de desenhos animados. Para ler,
eu também curto temas históricos e biografias.
É verdade que você tem coleção de camisas de futebol?
Não é exatamente uma coleção, mas gosto muito das
camisas e tenho alguns modelos de vários times, especialmente do Palmeiras.
Quais são seus objetivos profissionais para o
futuro?
É difícil responder essa pergunta. O que eu mais
quero é continuar me sentindo motivado para ensinar, orientar, e ter satisfação
ao ver resultado do meu trabalho aplicado nas empresas.
Que dicas você dá para o jovem profissional que está entrando nesse
mercado?
Essa moçada tem algo muito bom que é estar aberto
a novidades, ser inquieto, e não se prender a um padrão. Isso é muito positivo
e não deve ser perdido. Por outro lado, percebo que os mais jovens tendem a
julgar que as coisas são muito simples, fáceis e rápidas de aprender. Às vezes
o jovem faz um treinamento de oito horas e sai pensando que já sabe muito. É importante
tomar cuidado com isso e lembrar que nós também aprendemos todos os dias com os
nossos clientes.
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