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PERFIL | Giancarlo De Filippi

22 de janeiro de 2021

Diretor da Unidade de Gerenciamento no CTE, Giancarlo De Filippi é engenheiro civil, mestre e doutor pela Escola Politécnica da USP. Possui MBA em Administração de Projetos pela FIA e 25 anos de experiência no mercado da construção. Nessa conversa, ele nos conta sobre sua jornada profissional que inclui mais de duas décadas de atuação no CTE. Você saberá mais sobre alguém que nunca parou de estudar, que é apaixonado por obras e que tem muita aptidão para compartilhar conhecimento. Confira!

Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional. O que te levou à engenharia?

Meu pai também era engenheiro, mas eletricista! Aquela pessoa que não contrata ninguém para fazer qualquer reparo em casa. Eu cresci ajudando-o a consertar e reformar coisas, colocando a mão na massa. Também sempre fui fascinado por obras, sejam da antiguidade, desde as pirâmides maias e egípcias, das cidades incas e greco-romanas, até as atuais mega obras da China e do oriente médio, algumas delas que tive o prazer de visitar. Desde pequeno, quando ia para a praia, por exemplo, ficava admirado com a Rodovia dos Imigrantes, imaginando como era possível fazer aquilo? Obra extraordinária de uma época de ouro da engenharia brasileira! Na escola, eu era muito bom em matemática e física. Adorava enigmas, charadas, lia os livros do Malba Tahan. Acho que foi uma escolha natural. Nunca imaginei fazer outra coisa que não engenharia.

Você fez Poli-USP, certo?

Sim. Quando chegou a fase do vestibular, decidi que só iria prestar nas faculdades que eu queria fazer, custe o que custasse! A Poli era uma delas, e foi onde meu pai e meu padrinho haviam se formado, seria uma honra seguir estes passos. Estudei muito, mas muito mesmo! Uns dois anos que abdiquei de muita coisa da minha juventude. Quando entrei, procurei antecipar algumas matérias para ter tempo livre para trabalhar, pois a carga horária era grande. No segundo ano comecei uma bolsa de iniciação científica e no terceiro, comecei a estagiar em uma construtora. Finalmente estava trabalhando em uma obra!

Como foi essa experiência?

Comecei em uma construtora pequena, em Barueri, e eu adorava. Era obra real, de subir na laje, conferir armação, receber o concreto, programar as equipes. Mas uma das coisas que tenho mais saudades era de estar próximo do pessoal de campo. Apesar do canteiro parecer um ambiente duro de trabalho, o clima normalmente é ótimo, para não dizer divertido, cada história … E quando você conhece a realidade de cada um, percebe como é abençoado! Em uma ocasião, quando estávamos entregando uma obra, um encarregado me chamou e pediu para tirar uma foto comigo. Achei estranho, pois naquela época não havia tanta selfie como hoje!! Ele falou que um dia eu iria me formar, virar “doutor”, chefe, e talvez me esquecesse dele. Mas quando me encontrasse novamente em outro projeto no futuro, iria me mostrar aquela foto de quando eu ainda saía do trecho sujo de graxa e concreto! Aquilo me marcou.

Quais foram os seus passos seguintes?

Eu sempre gostei de obras mais complexas e consegui uma oportunidade em uma grande empreiteira, a Carioca Engenharia. Eles estavam entrando forte no mercado de São Paulo e fui trabalhar na construção de uma adutora em São Bernardo do Campo. Eu gostava tanto desse universo que, durante os períodos de férias, quando não tinha aula, conseguia uma autorização do meu diretor para ficar um tempo em uma obra diferente, estrada, túnel, o que for, no Rio de Janeiro ou no Nordeste. Eu precisava ter essa vivência e aprender. Ainda nessa construtora, fui deslocado para atuar na área de qualidade, garantindo as certificações da empresa. Foi quando descobri outra área que me identifiquei, administrando treinamentos e fazendo auditorias nas obras da empresa. Quando a empresa decidiu que não manteria mais canteiros em São Paulo, tive que decidir entre procurar uma colocação no escritório do Rio de Janeiro ou ser alocado em outra obra fora daqui. E conversando com o meu diretor, Claudio Castro, que tinha uma relação muito próxima com o Roberto de Souza, ele comentou que o CTE estava procurando consultores na área de qualidade. Poderia ser uma alternativa. Me interessei bastante.

Como foi sua entrada no CTE?

Levei meu currículo pessoalmente no escritório que ficava em uma casa no Brooklyn. Naquela época, não tinha essa de enviar por e-mail! Por coincidência, a diretoria estava em reunião naquele momento, exatamente discutindo a necessidade de se contratar um novo consultor. Vocês sabem como o Roberto é nestas questões místicas, energias, coincidências .. Então a secretária pediu para que eu aguardasse, queriam falar comigo. Meu plano era apenas entregar o currículo, mas eu fui entrevistado naquele mesmo dia. Eu estava iniciando um mestrado na Poli, o que também era um ponto importante para o CTE. Na semana seguinte, eu já estava trabalhando, fazendo auditorias com a Márcia Menezes (hoje, Diretora da Unidade Inovação e Tecnologia no CTE). Por cerca de dez anos atuei na implantação de programas de qualidade e certificação, viajando o país todo. O CTE estava crescendo e uma das estratégias adotadas foi a criação de Unidades de Negócio, uma delas, focada em atividades de planejamento e gestão de projetos e obras. Para aprender mais sobre a área e sobre este negócio, resolvi iniciar um MBA em Administração de Projetos e atuar fortemente em gerenciamento, até hoje.

1998 – Roberto e Gian, em seu primeiro ano no CTE

Paralelamente você foi desenvolvendo uma carreira acadêmica, certo?

Sim, sempre estive próximo da academia. Quando terminei o MBA, busquei uma vaga como professor. Comecei a dar aula no Cefet (hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia), em cursos técnicos e na graduação. A experiência foi incrível, foram anos de muito aprendizado. Mas minha vida pessoal ficou uma loucura. Eu dava aula à noite e trabalhava no CTE durante o dia. Minha filha tinha dois anos e começou a sentir minha falta. Precisei diminuir o ritmo. Deixei o Cefet, mas consegui uma oportunidade para dar aulas na pós-graduação da Poli, que tem uma carga-horária menor. Estou lá há 9 anos. Neste meio tempo consegui finalizar meu doutorado e, desde 2018, passei a ministrar também em um curso de pós graduação da Faap (Real Estate & Construction Management).

Como é estar no CTE há tanto tempo?

O CTE é muito dinâmico e está sempre se transformando, desenvolvendo outras atividades e focos de atuação. Isso é bastante estimulante. Além disso, estamos sempre à frente do que acontece no mercado e temos muita liberdade para inovar. Fazemos a diferença em um setor que talvez seja muito conservador, e precisa se modernizar, sempre com ética e competência. Muitas pessoas me perguntam isso, como é estar na mesma empresa há 20 anos. Eu respondo sempre que na verdade o CTE nunca foi o mesmo em todo este tempo, então no fundo, estou mudando de empresa a todo o momento!

“O CTE é muito dinâmico e está sempre se transformando, desenvolvendo outras atividades e focos de atuação.”

Quais são os maiores desafios nesse trabalho?

Esta diversidade de projetos e clientes gera a necessidade de um entendimento de mercado muito amplo. Saber as especificidades e o que agrega valor para cada tipo de cliente. Cada projeto no CTE é único. Outro ponto que nos desafia todos os dias é entender as demandas e ansiedades de uma equipe também bastante heterogênea. O alinhamento de propósito está claro para todos e não falta comprometimento. Mas, em um time muito grande (o CTE tem hoje cerca de 150 colaboradores, na sua maioria de nível superior, mais de 60 somente na Unidade de Gerenciamento) encontramos perfis bastante diversos. Há desde aqueles que precisam de uma rotina estruturada aos que não querem rotina nenhuma. Além disso, precisamos fazer a conexão entre uma liderança que é extremamente inovadora e ágil, com clientes que, muitas vezes, têm um viés mais conservador.

Você poderia dar alguma dica ou recomendação para os jovens profissionais que almejam sucesso nesse mercado?

O meu conselho é tentar conciliar estudo, trabalho e lazer. Para a geração dos meus pais, havia uma etapa para aprender, outra para trabalhar e uma última para desfrutar. Hoje o contexto é outro. Precisamos estar constantemente estudando. No meu caso, por exemplo, mesmo com todos os meus cursos e títulos, tenho muito o que aprender, senão não acompanho a evolução cada vez mais rápida do mercado, tecnologias e conceitos. A menos que você seja muito rico, também não há a segurança de um futuro tranquilo, mesmo após muito trabalho. Não temos mais a garantia de uma aposentadoria, como no passado. Então parece que vamos ter que trabalhar sempre. Então a saída é desfrutar a vida simultaneamente, enquanto estudamos e trabalhamos. Pode parecer difícil, mas se você trabalhar naquilo que ama, naturalmente terá muito mais empenho e entusiasmo. Assim fica mais fácil o sucesso aparecer.

O que você gosta de fazer quando não está trabalhando?

Tenho uma filha de 13 anos que é a minha paixão. Sempre que tenho oportunidade, quero estar com ela, passeando, andando de bike ou outros esportes junto à natureza. Ela também é minha companheira em museus e exposições, já que ambos adoramos história. Gosto muito de música, toco violão e gaita. Ajuda muito nos momentos de estresse. Sou muito caseiro, gosto de curtir minha casa, com minha esposa e minha filha, e degustar um bom vinho com os amigos, em especial os italianos de Bolgheri. Quando posso, mesmo  sozinho, dou um jeito de viajar para lugares históricos, de preferência onde possa visitar sítios arqueológicos, muitas vezes até aquelas grandes obras históricas que comentei antes. Um momento de contemplação, retiro e até mesmo para elevar a espiritualidade.

Gian em uma de suas viagens a lazer, conhecendo lugares históricos.

“Esta diversidade de projetos e clientes gera a necessidade de um entendimento de mercado muito amplo. Saber as especificidades e o que agrega valor para cada tipo de cliente.”

O que você espera para os próximos anos?

O CTE continuará se reinventando. E a Unidade de Gerenciamento deve acompanhar esta evolução da sua maneira. Estamos ampliando ainda mais nosso escopo de atendimento, diversificando ações junto aos clientes e nos aprofundando em temas como Lean Construction, Design Thinking e ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). Penso em avançar um pouco além de minhas funções executivas, me tornando um pouco mais empreendedor e cada vez mais empresário. Os próximos anos devem ser promissores para o setor, e precisamos estar muito atentos em como aproveitar as oportunidades e o círculo virtuoso que se imagina!

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